Descrição de chapéu tênis

Aos 19, Alcaraz acumula feitos, atrai celebridades e ainda pede dinheiro para os pais

Garoto é apontado como novo fenômeno no tênis após bater Nadal e Djokovic

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São Paulo

Carlos Alcaraz vive um momento mágico da sua vida. Aquele instante em que tudo é uma novidade, inclusive chegar ao topo.

Aos 19 anos, o espanhol nascido em Murcia saiu, no espaço de 12 meses, da posição 120 no ranking da ATP para ser o sexto do mundo. É uma evolução que não conta toda a história. As palavras dos seus colegas tenistas resumem melhor.

Carlos Alcaraz celebra com o troféu após ganhar o ATP Tour de Madrid
Carlos Alcaraz celebra com o troféu após ganhar o ATP Tour de Madrid - Oscar del Pozo-8.mai.22/AFP

"Agora você é o melhor jogador do mundo. É ótimo para o tênis ter um novo superastro, alguém que vai ganhar muitos Grand Slams e será o número um do mundo", disse-lhe o alemão Alexander Zverev, terceiro do ranking.

Poucos minutos antes, Zverev havia sido batido por Alcaraz na final do Masters 1000 de Madri por 2 sets a 0 (6/3 e 6/1). E a vitória no jogo do título nem foi o mais impressionante feito do espanhol.

Nas quartas de final, ele derrotou seu compatriota Rafael Nadal, quarto do ranking. Nas semifinais, passou por Novak Djokovic –nunca um tenista tão jovem tinha derrotado o número um do planeta. Ninguém jamais havia vencido, em partidas sucessivas no saibro, Nadal e Djokovic.

"Antes, as crianças [na Espanha] queriam ser parecidas com Nadal. Agora também querem se parecer com Alcaraz", definiu a japonesa Naomi Osaka.

Ele ameaça ser um fenômeno no esporte. Neste ano, já ficou com quatro títulos. Antes de ser campeão em Madri, fez o mesmo no Masters 1000 de Miami, no Aberto de Barcelona e no Aberto do Rio de Janeiro.

"Ele é um jogador de 360 graus e surge de todos os lugares. Os dados das partidas de Alcaraz mostram um jogador que é sólido como uma rocha e pode fazer qualquer coisa", analisa o site da ATP, a respeito da vitória sobre Zverev.

Um título no saibro tão próximo a Roland Garros já deixa claro qual é seu próximo objetivo. O Grand Slam francês começará na próxima segunda-feira (16).

"Estou apenas tentando assimilar tudo o que estou passando. Este ano... As pessoas vão pensar que eu serei um dos favoritos para vencer Roland Garros. Não vejo isso como uma pressão, tenho como uma motivação. Estou ansioso para ir a Paris, lutar pelo Grand Slam e quero mostrar meu nível em um Grand Slam também", explicou.

De uma hora para outra, Alcaraz aparece também como o sucessor de Rafael Nadal. Isso apesar de já ter dito gostar mais de pisos rápidos, o oposto do seu lendário compatriota, vencedor de 21 títulos de Grand Slam, um dos maiores tenistas de todos os tempos e especialista no saibro.

Toni Nadal, tio e ex-técnico de Rafael, escreveu para o jornal El País que Carlos não era apenas uma esperança do tênis espanhol, mas o substituto natural do seu sobrinho. Não é algo novo. Ele se acostumou a ouvir esse tipo de comparação com o passar dos anos, antes mesmo de se profissionalizar.

"Sua atitude, ambição, seu gene vencedor, isso é o que me inspira nele. Acho que é uma referência em todos os aspectos, tanto no esporte como na vida normal", explicou Carlos Alcaraz, em entrevista à Folha em 2021.

"[Comparações] não me incomodam porque, como ele [Toni] diz, são inevitáveis. Mas também não acho que me tragam coisas boas. Procuro não prestar muita atenção nelas e seguir em frente", completou.

Alcaraz diz que ainda tenta levar uma vida parecida com a de qualquer jovem de sua idade. Por mais que seja difícil ver como isso é possível. Afirma que quando vai a Murcia é apenas um rapaz como outro qualquer. Gosta de sair à noite e não tem problema em consumir álcool, mas em pequenas quantidades.

"Já me embebedei algumas vezes", confessa. "Quando estou com meus amigos, esqueço que sou jogador de tênis. Sou uma pessoa comum."

Mas nem todos os garotos de 19 anos são apontados como astros do tênis e já são milionários. Apenas o título do torneio em Madri vai lhe render R$ 5,5 milhões. A estimativa é que já tenha recebido mais de R$ 10 milhões em prêmios em uma carreira que mal começou.

Não que esteja preocupado com o que gastar. Em entrevista a um canal de TV de seu país na semana passada, confessou que seus pais cuidam de tudo o que ganha. Quando deseja comprar alguma coisa, pede dinheiro a eles. Diverte-se ao lembrar que ainda tenta convencê-los a lhe dar um carro. Toda vez que diz que quer equipamentos para jogar golfe, outra de suas paixões, a resposta é não.

O tempo pode mudar isso, mas, por enquanto, ele não vive com grandes luxos. Sua casa é um bangalô pré-fabricado de 90 metros quadrados no centro esportivo Academia Equelite de Villena. É um complexo com mais de 20 quadras de tênis de todas as superfícies, ginásios, piscinas e restaurantes.

Alcaraz reside no local desde 2019, quando passou a ser treinado pelo ex-tenista espanhol Juan Carlos Ferrero.

Na campanha do título que transformou seu nome conhecido em toda a Espanha, mesmo para aqueles que não acompanham de perto o esporte, Alcaraz colocou em prática suas superstições. Quando está vencendo, usa o mesmo chuveiro durante todo o torneio e repete a mesma roupa. Para que mudar o que tem dado certo?

Suas vitórias levaram à quadra celebridades da Espanha. Cantores, apresentadores de TV e atores foram vistos em seus jogos, principalmente a partir do confronto com Nadal. A imagem do ator Álvaro Morte, conhecido pelo papel do "professor" da série "A Casa de Papel", tentando vê-lo em ação apesar de ter a visão bloqueada por flores colocadas à beira da quadra, tornou-se viral na internet.

Mas, mesmo se não der certo em Paris, Alcaraz sabe o futuro que tem pela frente. Exatamente o mesmo caminho de Nadal, Federer e Djokovic, os espelhos para sua carreira.

"Olhe para eles. Todos melhoram e têm coisas a melhorar. Por isso que são tão bons. Por isso que estão há tanto tempo no topo, porque não param. É isso o que quero fazer."​

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