Com time jovem, EUA tentam esquecer trauma da ausência na Copa de 2018

Seleção não se classificou há quatro anos e agora conta com processo de renovação

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São Paulo

Um dos vídeos mais famosos da história do futebol dos Estados Unidos não mostra um gol, um drible ou qualquer bela jogada. Escreva "Alexi Lalas rant" (Alexi Lalas desabafo, em inglês) na busca do YouTube para perceber isso.

Com a seleção à beira da inesperada eliminação nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, o histórico zagueiro do país criticou, sem dó, um a um, os principais jogadores da equipe. Nomes históricos como ele.

Sergiño Dest  (de azul) atua pelos Estados Unidos em amistoso contra a Arábia Saudita
Sergiño Dest (de azul) atua pelos Estados Unidos em amistoso contra a Arábia Saudita - Pablo Morano/Reuters

"Tim Howard: o jogo contra a Bélgica [pelas oitavas de final do Mundial de 2014] terminou há três anos. Precisamos que você faça defesas agora. Clint Dempsey: sim, você é uma lenda da seleção, agora precisamos que você seja um líder. Jozy Altidore: então é isso o melhor que você tem? Não é bom o bastante", disparou, ao vivo nos comentários da Fox Sports.

"E para todos os que não citei, é porque vocês não são relevantes o bastante para serem mencionados. Isso inclui você, menino maravilha", finalizou, em uma clara referência a Christian Pulisic, então com 20 anos, hoje no Chelsea (ING).

O alerta não funcionou. Dias depois, os Estados Unidos perderam para Trinidad & Tobago, último colocado, por 2 a 1 e acabaram eliminados. Era a primeira vez desde 1986 que a equipe não se classificava para o Mundial.

Quatro anos depois, a seleção norte-americana está garantida no Qatar para retomar o que deveria ser a ideia de crescimento do "soccer" no país, Processo iniciado pelo time que tinha Alexi Lalas na zaga e foi à Itália-1990 quando não se esperava e depois caiu em casa, nas oitavas de final em 1994 diante do Brasil.

No período, a seleção teve campanhas memoráveis. Chegou às quartas de final em 2002. Foi derrotada apenas pela Alemanha por 1 a 0. Em 2014, fez contra a Bélgica a melhor partida daquela Copa, nas oitavas. Perdeu por 2 a 1, na prorrogação. É a partida citada por Lalas, em que o goleiro Tim Howard fez 16 defesas, um recorde nos Mundiais, e depois recebeu um telefonema de congratulações do então presidente Barack Obama.

Apoiado em Pulisic, os Estados Unidos vivem fase de transição. Levantamento do site Statista mostra que é provável que a equipe seja a de menor média de idade entre as 32 classificadas. Com 24,5 anos, é bem menor que a Argentina, possivelmente a mais velha, com 27,7 anos.

A chance de classificação para as oitavas é real apesar disso. A estreia deverá ser a partida mais decisiva, contra País de Gales, em 21 de novembro. Além da favorita ao primeiro lugar, a Inglaterra, o grupo B também terá o Irã.

Apesar da juventude, há jogadores talentosos, como Tyler Adams (23, volante do Leeds United-ING), Weston McKennie (24, meia da Juventus-ITA), Gio Reyna (19, meia do Borussia Dortmund-ALE), Tim Weah (22, atacante do Lille-FRA e filho do ex-melhor do mundo George Weah) e Sergiño Dest (21, lateral e zagueiro do Milan-ITA).

A lista poderia deixar a torcida confiante, mas há desconfiança com o trabalho do técnico Gregg Berhalter. A reclamação contra ele é comum a outros treinadores, alguns deles que também vão à Copa do Mundo: é muito conservador e preocupado com o setor defensivo.

Nos dois amistosos disputados no mês passado, não só os resultados como o futebol foram decepcionantes: derrota para o Japão (2 a 0) e empate com a Arábia Saudita (0 a 0). Foram 180 minutos que reforçaram problemas já vistos no passado. Os zagueiros foram propensos a erros, o meio-campo teve dificuldade em levar a bola ao ataque com velocidade e os erros de cruzamentos foram comuns.

"Não me preocupa", disse Berhalter. "Trata-se de um processo, de um trabalho que estamos desenvolvendo. Não se pode comparar o nível de intensidade de dois amistosos com as partidas da Copa do Mundo. Apesar do empate, creio que jogamos bem contra a Arábia Saudita."

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