Figuração em clipe garantiu Cléston no Rockgol, tema de exposição no Museu do Futebol

Programa da extinta MTV Brasil marcou geração com campeonato de músicos

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São Paulo

Poucas pessoas devem se lembrar da participação de Cléston no clipe da música "2345meia78", do rapper Gabriel o Pensador, lançado em 1997. O músico aparece durante cerca de 30 segundos na fila de um orelhão —antigo telefone público—, fazendo caras e bocas enquanto o cantor tentar marcar um encontro.

"É a bola da vez, Elizabete. Dizem as más-línguas que ela é boa de...", canta Gabriel no trecho em que o DJ aparece fazendo um gesto que remete ao sexo oral.

Cléston diverte-se quando revê o clipe. "Deve fazer uns 15 anos que eu não via isso", diz à Folha. "Foi esse clipe que eles mandaram para a MTV para eu jogar."

Exposição Rockgol
O DJ Cléston na exposição sobre o Rockgol no Museu do Futebol; nome artístico mudou graças à fama do bordão criado no programa - João Victor/Divulgação

A cena não é tão lembrada hoje, mas foi por causa dela que o músico viu seu nome virar um dos bordões mais famosos do Rockgol, programa que marcou gerações na extinta MTV Brasil em duas fases, a primeira de 1995 a 2008 e, depois, de 2011 a 2013.

"Chegou uma época que todo mundo estava querendo tanto ganhar que desconfiavam se quem estava no time era músico mesmo", conta Paulo Bonfá. "Aí, quando era alguém que ninguém conhecia, perguntavam: quem é esse cara? 'ah, é o tecladista do Maurício Manieri' 'o cara toca pandeiro na banda do...', e aí jogava.'"

Bonfá fazia uma narração bem-humorada das partidas ao lado de Marco Bianchi. Os dois criaram bordões que ficaram famosos, entre eles o "Cléééston" a cada defesa do goleiro amador. Detalhe: o verdadeiro nome do músico é Cleyston, mas ele acabou adotando o bordão como nome artístico após a repercussão do programa.

"Se o critério [para jogar] fosse 'precisa saber jogar futebol', teria sido só mais um torneio", afirma Bianchi. "Mas o critério não era futebolístico. Isso foi um prato cheio para o Paulo e para mim", acrescenta sobre as brincadeiras e apelidos.

Os três conversaram com a reportagem no Museu no Futebol, no complexo esportivo do Pacaembu, local que abriga uma exposição para resgatar a memória do programa. Aberta ao público no último dia 4, ficará até o dia 28 de fevereiro de 2023.

A mostra ocupa um espaço de 300 metros quadrados e conta com 30 bandeiras de times do Rockgol. Uma área é dedicada para os patrocínios fictícios: Birigui Booster, Amendoim João Ponês, Caninha Curió e a Paulo Bonfá Ringling Brothers Capillar Consultants. Há, ainda, o boneco Marquinhos, que substituiu o ex-meia do São Paulo na bancada do programa.

"Eu acho que é uma grande retribuição pelo carinho que as pessoas demonstram até hoje por este projeto, como se ele tivesse terminado ontem", comenta Bianchi.

Nasi, vocalista do Ira!, também sente saudade do programa. "A MTV gravava todos os jogos durante uma semana inteira. Era bom para rever todo mundo, fazer um churrasco", diz o músico, que costumava jogar como goleiro.

O cantor, apelidado pelos apresentadores de Wolverine Valadão por suas costeletas parecidas com as do personagem da Marvel, diverte-se recordando dos apelidos. Tico Santa Cruz, do Detonautas, por exemplo, era o Koala por causa do cavanhaque e do cabelo vermelho. Supla era o Juninho Papito, e Samuel Rosa, do Skank, era Quentin Tarantino ou Playmobil.

"Mas o melhor de todos era Chiliquenta", diz Nasi, citando o apelido de Toni Garrido, do Cidade Negra, que costumava ficar irritado com facilidade nos jogos —e com o apelido. "Com isso ele passava o maior recibo [risos]", afirma o vocalista do Ira!.

A história que ele mais gosta, porém, é sobre quando ele conseguiu burlar a regra do programa para fazer um primo dele jogar. "Foi num jogo do Rockgol no CT do Flamengo, no Rio, entre Ira e Sepultura", conta. "O meu primo era superboleiro, carioca. Aí eu falei para ele: se alguém perguntar, você diz que toca percussão [risos]. E quem veio perguntar foi justamente o Igor [Cavalera, bateirista e ex-membro do Sepultura]", diz.

A malandragem deu certo. "Ele falou que tocava no Ira, o Igor achou estranho, mas ele jogou e fez até um gol. Foi daí que os caras começaram a pedir para provar, mostrar um clipe e tal", conta.

"Ainda bem que os caras resgataram meus clipes", brinca Cléston.


Exposição Rockgol 25 Anos no Museu do Futebol

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