Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Fifa autoriza alguns gestos em favor de manifestantes do Irã na Copa do Qatar

Slogan 'Mulheres, Vida, Liberdade', o nome ou retrato de Mahsa Amini podem ser usados nos estádios do Mundial

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Doha (Qatar) | AFP

A Fifa autoriza certos gestos de apoio aos manifestantes no Irã nos estádios da Copa do Mundo de 2022, segundo um documento a que a AFP teve acesso nesta terça-feira (29), como o slogan "Mulheres, vida, liberdade", ou fotos de Mahsa Amini, cuja morte provocou esse movimento de protesto.

Em resposta padrão fornecida após as denúncias depositadas na plataforma de reclamações do organizador da Copa do Mundo de 2022, a que a AFP teve acesso, a Fifa detalhou as mensagens para as quais concede autorização nos estádios do Qatar.

"A Fifa autoriza mensagens que promovam os direitos humanos e a posição da Fifa é que 'Mulheres, Vida, Liberdade' ou o nome ou retrato de Mahsa Amini sejam autorizados nos estádios", diz o texto.

Mario Ferri, 35, invadiu o gramado do jogo entre Portugal e Uruguai, na segunda (28), com mensagem na camisa pedindo respeito às mulheres iranianas
Mario Ferri, 35, invadiu o gramado do jogo entre Portugal e Uruguai, na segunda (28), com mensagem na camisa pedindo respeito às mulheres iranianas - Pablo Porciuncula/AFP

"Por outro lado, de acordo com as regras da Fifa sobre objetos proibidos para espectadores, objetos que incluam mensagens políticas, ofensivas ou discriminatórias são proibidos. Isso também se aplica a bandeiras de países não oficiais, que podem ser consideradas uma mensagem política", escreve o corpo diretivo da Fifa em sua resposta.

A tensão é extrema no Irã, palco de um movimento de protesto após a morte, em 16 de setembro, da jovem Mahsa Amini (22 anos), detida pela polícia moral em Teerã por, segundo ela, não ter respeitado o rígido código de vestimenta imposta pelo regime.

Nesta terça-feira, as autoridades iranianas relataram a morte de mais de 300 pessoas durante as altercações que se seguiram à sua morte.

Esse movimento de protesto no Irã repercutiu até no vizinho Qatar, com vários incidentes nas arquibancadas da Copa.

Na sexta-feira, os serviços de segurança do estádio Ahmad bin Ali confiscaram de um homem a bandeira iraniana que continha as palavras emblemáticas da revolta "Mulheres, Vida, Liberdade", segundo um jornalista da AFP.

"A Fifa está ciente de vários incidentes ocorridos na primeira semana do torneio durante as partidas no Irã. A Fifa tomou medidas para investigar esses incidentes", pode-se ler na resposta enviada pela instância. "Para as próximas partidas do Irã nesta Copa do Mundo, medidas adicionais serão implementadas com o objetivo de criar um ambiente seguro para todos os torcedores presentes.

Hino cantado sem entusiasmo

Os jogadores do Irã cantaram sem entusiasmo o hino de seu país antes do jogo contra os Estados Unidos nesta terça-feira (29), como já haviam feito na segunda rodada do Grupo B da Copa do Mundo do Qatar, ao contrário da estreia no torneio.

A decisão, descrita como "coletiva" pelo capitão Alireza Jahanbakhsh, de não cantar o hino na primeira rodada contra a Inglaterra foi recebida como um gesto de apoio às vítimas das manifestações duramente reprimidas no Irã.

Este duelo com os EUA tem um evidente componente político, já que os países não têm relações diplomáticas e o Irã vive no momento um movimento de protestos sem precedentes.

Os jogadores do Irã cantaram o hino nacional sem entusiasmo antes do duelo contra os EUA
Os jogadores do Irã cantaram o hino nacional sem entusiasmo antes do duelo contra os EUA - Fadel Senna/AFP

No plano esportivo, está em jogo a classificação para as oitavas de final do Mundial do Qatar. O vencedor passa de fase, enquanto o perdedor é eliminado.

Durante o hino houve vaias das arquibancadas do estádio Al Thumama. Os jogadores pareciam relaxados em sua entrada em campo.

Antes de enfrentar o País de Gales, na última quinta-feira, o atacante iraniano Mehdi Taremi tinha afirmado que os jogadores de sua seleção não sofreram "nenhuma pressão" depois de não terem cantado o hino contra os ingleses.

"Não gosto de falar de assuntos políticos, mas não sofremos nenhuma pressão", declarou o jogador do Porto.

Desde o início dos protestos no Irã, negar-se a cantar o hino do país é um dos gestos que os atletas iranianos realizam em solidariedade aos manifestantes.

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