O presidente da Fifa, Gianni Infantino, e o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert Houngbo, falaram em uma "cooperação futura" no âmbito da Copa do Mundo do Qatar, neste domingo (4), após duras críticas à concessão do torneio para o emirado.
A OIT propõe proceder a uma "avaliação diligente" dos direitos sociais dos países candidatos à organização da Copa do Mundo, explicou Houngbo pouco antes em entrevista à AFP na qual estava "razoavelmente otimista" sobre um possível acordo.
"Temos conversado com a OIT há vários anos e queremos garantir que nossa cooperação frutífera continue no futuro", disse Infantino em comunicado divulgado após a reunião.
"Fortalecer a relação entre a Fifa e a OIT também faz parte do legado da Copa do Mundo de 2022", acrescentou.
"Todas as conversas que tivemos até agora me levam a acreditar que a Fifa está mais do que determinada a garantir que, nas próximas Copas do Mundo, a questão social e o respeito às normas trabalhistas sejam fundamentais", disse à AFP Houngbo.
"O mundo ganharia com isso se o processo de licitação e adjudicação da organização da Copa do Mundo, como os Jogos Olímpicos ou outros esportes, levasse em consideração a situação dos países envolvidos", afirmou.
Em entrevista coletiva às vésperas da Copa do Mundo, em 19 de novembro, Infantino mencionou conversas sobre "um acordo protocolar com a OIT" e a vontade de "estabelecer programas com base na experiência adquirida no Qatar".
Desde que recebeu o crédito pela organização do torneio em dezembro de 2010, o pequeno emirado do Golfo tem sido criticado por seu respeito aos direitos humanos e, mais especificamente, às condições de trabalho e de vida de suas centenas de milhares de trabalhadores migrantes do Sudeste Asiático e da África.
Em resposta, Doha defendeu a abolição do "kafala" (sistema de patrocínio que tornava os trabalhadores quase propriedade de seus empregadores), a adoção de um salário mínimo mensal de 1.000 riais (cerca de 270 euros, 284 dólares) ou a limitação de horas de trabalho durante os períodos mais quentes.
Os sindicatos internacionais, que negociaram essas medidas, e a OIT, que está sediada no emirado desde 2018, pedem agora às empresas que melhorem a implementação das reformas.
O Qatar nega a morte de milhares de trabalhadores nas obras para a Copa do Mundo, apesar das revelações da mídia ocidental e de ONGs.
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