A decisão de ter o Qatar como país-sede da Copa do Mundo de 2022 foi marcada por controvérsias, incluindo alegações de corrupção e violações dos direitos humanos, desde que foi anunciada pela primeira vez, há 12 anos.
A Fifa escolheu o país do Oriente Médio em 2010, com o entendimento de que seria realizado durante o verão, onde as temperaturas excedem 40ºC.
Em 2015, a FIFA recomendou que o Qatar sediasse um Mundial mais curto e nos meses mais frios (novembro e dezembro), num movimento que colocou a entidade em rota de colisão com as principais ligas europeias.
A mudança para o inverno do hemisfério norte marcou a primeira vez que a Copa do Mundo saiu de seu período regular, nos meses de junho e julho, quando as lucrativas ligas domésticas da Europa já concluíram suas temporadas.
As ligas pausarão suas campanhas do período 2022-23 para permitir que os jogadores possam competir na Copa do Mundo, que acontece de 20 de novembro a 18 de dezembro.
Suspeitas de corrupção
Os organizadores da Copa do Mundo de 2022 negaram veementemente alegações do Departamento de Justiça dos EUA de que subornos foram pagos para garantir votos quando à decisão do país-sede foi tomada.
Suspeitas e rumores há muito cercam as votações da Fifa em 2010, tanto para entregar a Copa do Mundo de 2018 à Rússia quanto o torneio de 2022 para o Qatar. Os promotores fizeram alegações formais sobre ambas as competições em uma acusação em 2020.
O Comitê Supremo de Entrega e Legado do Catar —que é responsável pela entrega da infraestrutura necessária e o planejamento e operações do país anfitrião— rejeitou as essas acusações.
O CEO da Qatar 2022, Nasser Al Khater, quando faltava somente um ano para a realização do torneio, disse que o Qatar havia sido "tratado e escrutinado injustamente" por um vários anos.
Trabalhadores migrantes
O país tem enfrentado intensas críticas de grupos de direitos humanos sobre o tratamento dado aos trabalhadores migrantes, que, com outros estrangeiros, compõem a maior parte da população do país.
Um relatório de 48 páginas da Anistia Internacional, chamado de "Reality Check 2021", disse que práticas como reter salários e obrigar os trabalhadores a mudar de emprego ainda eram abundantes, apesar das reformas trabalhistas em 2014.
O governo do Qatar disse que seu sistema trabalhista ainda está em evolução, mas negou as alegações de que milhares de trabalhadores migrantes estavam sendo presos e explorados.
A Anistia e outros grupos de direitos humanos lideraram pedidos para que a Fifa compensasse trabalhadores migrantes no Qatar por abusos de direitos humanos, reservando 440 milhões de dólares (aproximadamente R$ 2,4 bilhões) para este fim —valor esse que é a soma das premiações da entidade.
As Associações de Futebol de dez nações europeias, incluindo Inglaterra e Alemanha, pressionaram a Fifa a tomar medidas para melhorar os direitos dos trabalhadores migrantes no Qatar.
A entidade escreveu para as equipes da Copa do Mundo pedindo que se concentrem no futebol no Qatar e que não deixem o esporte ser arrastado para batalhas ideológicas ou políticas.
LGBTQIA+ e mulheres
A homossexualidade é ilegal no país conservador muçulmano, e alguns jogadores de futebol levantaram preocupações com os torcedores que viajam para o evento, especialmente lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) e mulheres —que, segundo grupos de direitos humanos, são discriminados pelas leis do país-sede da Copa.
Os organizadores da Copa do Mundo, no entanto, disseram repetidamente que todos, não importa sua orientação sexual ou origem, são bem-vindos durante o torneio.
A menos de duas semanas das finais, Khalid Salman, um embaixador da Copa do Mundo do Qatar e ex-jogador da seleção, disse à emissora alemã ZDF que a homossexualidade era "doença mental".
Ele acrescentou que o país espera mais de um milhão de visitantes para a Copa do Mundo e qualquer um que venha ao Catar para o torneio deve "aceitar nossas regras aqui".
A seleção australiana de futebol se manifestou contra o Qatar em relação à falta de direitos humanos do país e às medidas contra relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. Os jogadores da Dinamarca viajarão para o torneio sem suas famílias como uma forma de protesto à falta de direitos humanos.
Controle de bebida
A Copa do Mundo do Qatar é a primeira a ser realizada em um país muçulmano, que tem controles rígidos sobre o álcool, apresentando desafios para os organizadores já que é um evento patrocinado por uma marca de cerveja e frequentemente associado a fãs de cerveja.
O país vai permitir que torcedores com ingressos comprem cerveja em jogos, respeitando determinados horários: a venda começará três horas antes de a bola rolar e durante uma hora após o fim da partida, mas não durante os jogos.
Eles também terão áreas para os fãs bêbados ficarem sóbrios. O CEO do evento, Nasser Al Khater, disse que a medida foi para certificar-se de que os fãs estariam seguros e não prejudiciais a outros ou eles mesmos.
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