Dirigente da Copa diz que 'a morte é uma parte natural da vida' para justificar morte de trabalhador

Presidente-executivo confirmou que um filipino morreu em resort onde treinava a Arábia Saudita

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Andrew Mills ​Iain Axon
Doha (Qatar)

Nasser Al Khater, presidente-executivo da Copa do Mundo de 2022, confirmou à Reuters que um trabalhador morreu, mas não deu mais detalhes. Ele ofereceu suas condolências à família e disse que "a morte é uma parte natural da vida".

O Ministério das Relações Exteriores das Filipinas confirmou em comunicado que um de seus cidadãos morreu enquanto trabalhava em um resort ao sul da capital Doha. Ele disse que sua embaixada estava "trabalhando com as autoridades legais para averiguar mais detalhes de sua morte".

A publicação esportiva online The Athletic informou na quarta-feira que o homem trabalhava para uma empresa contratada para consertar luzes em um estacionamento no Sealine Resort, local de treinamento da seleção saudita. Ele disse que ele morreu depois de escorregar d e uma rampa enquanto caminhava ao lado de uma empilhadeira e bater com a cabeça no concreto.

Nasser Al Khater, presidente-executivo da Copa de 2022, fala em entrevista coletiva
Nasser Al Khater, presidente-executivo da Copa de 2022, confirmou à Reuters que um trabalhador morreu, mas não deu mais detalhes - Karim Jaafar - 17.out.22/AFP

Citando várias fontes não identificadas, disse que o acidente ocorreu durante a Copa do Mundo, mas não especificou quando.

A declaração das Filipinas disse que não forneceria mais detalhes por respeito à família do homem. O resort não respondeu a uma consulta da Reuters.

"Se a investigação concluir que os protocolos de segurança não foram seguidos, a empresa estará sujeita a ações legais e severas penalidades financeiras", disse um funcionário do governo do Qatar, que pediu para não ser identificado.

"A taxa de acidentes relacionados ao trabalho diminuiu consistentemente no Qatar desde que os rígidos padrões de saúde e segurança foram introduzidos e a fiscalização foi intensificada", disse ele.

O tratamento dado pelo Qatar aos trabalhadores migrantes passou por enorme escrutínio durante a preparação para o torneio, com grupos de direitos humanos acusando o estado do Golfo de abusos trabalhistas sistemáticos —acusações rejeitadas pelo governo.

Números de mortes contestados

Desde que recebeu o direito de sediar a Copa do Mundo em 2010, o Qatar passou a ser criticado pelo tratamento dado aos trabalhadores migrantes, que representam a maioria de sua população.

O torneio, o primeiro a ser realizado no Oriente Médio, onde outros países também enfrentaram críticas sobre os direitos dos trabalhadores migrantes, está atolado em polêmica com algumas estrelas do futebol e autoridades europeias criticando o histórico de direitos humanos do Qatar, inclusive direitos trabalhistas, LGBT+ e mulheres.

Os organizadores da Copa do Mundo do Qatar, o Comitê Supremo de Entrega e Legado, disse em comunicado que não estava envolvido na investigação do Qatar porque "o falecido (estava) trabalhando como contratado, não sob a alçada do SC".

O número de mortes relacionadas ao trabalho no Qatar é controverso.

O jornal britânico Guardian informou no ano passado que pelo menos 6.500 trabalhadores migrantes —muitos deles trabalhando em projetos da Copa do Mundo— morreram no Qatar desde 2010, com base em seus cálculos de registros oficiais.

Em resposta, o Qatar disse que o número de mortes era proporcional ao tamanho da força de trabalho migrante e incluía muitos trabalhadores não manuais, acrescentando que cada vida perdida era uma tragédia. O SC disse que três mortes relacionadas ao trabalho e 37 mortes não relacionadas ao trabalho ocorreram em projetos relacionados à Copa do Mundo.

"A morte é uma parte natural da vida, seja no trabalho, seja durante o sono", disse Khater, expressando desapontamento com as perguntas dos jornalistas sobre o relatório do The Athletic.

"Estamos no meio de uma Copa do Mundo. E temos uma Copa do Mundo de sucesso. E isso é algo sobre o qual você quer falar agora?", ele disse.

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