Lampard é o interino da vez no Chelsea, máquina de moer técnicos

Clube londrino, que teve 22 treinadores no século, encara o Real Madrid na Champions League

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São Paulo

Quando Graham Potter, 47, foi anunciado como técnico do Chelsea em setembro do ano passado, soou como uma contratação sensível, de um clube que pensava no futuro.

Potter, 47, fazia trabalho brilhante no pequeno Brighton & Hove Albion no Campeonato Inglês, a Premier League. Parecia pronto para o passo seguinte na carreira. E o time londrino, depois de tantas mudanças de comando, parecia ser o lugar ideal para um trabalho de longo prazo.

Só parecia. Maior máquina de moer técnicos do futebol europeu, o Chelsea o demitiu depois de sete meses e 31 jogos. Nas suas últimas partidas, Potter ouviu a sua própria torcida zombar, em coro: "Você não sabe o que está fazendo."

Neste século, 22 técnicos passaram pela equipe principal, entre interinos e efetivos. Nos 95 anos anteriores, o clube teve também 22.

Frank Lampard comanda treino do Chelsea antes de partida contra o Real Madrid, pela Champions League
Lampard comanda treino do Chelsea antes de partida contra o Real Madrid - Daniel Leal/AFP

O Chelsea enfrenta o Real Madrid nesta quarta-feira (12), na Espanha, na partida de ida das quartas de final da Champions League. Terá no comando um interino que já foi efetivo e é o maior jogador da história da agremiação: Frank Lampard.

"Isso é incrível. Tive a sorte de dirigir o time na Champions League no passado, e estar aqui como técnico, sendo que há uma semana eu não sabia onde estaria, é uma honra enorme. É um grande desafio para mim pessoalmente e para o clube", disse o ex-atleta.

Ele é um exemplo de como o ambiente no Chelsea pode ser imperdoável e de que não vale o que o profissional conseguiu no passado, mas o que tem feito ultimamente. Tricampeão inglês, quatro vezes vencedor da Copa da Inglaterra e líder do elenco campeão europeu de 2012, ele foi contratado em julho de 2019 para ser o técnico. Durou até janeiro de 2021.

Lampard volta agora como interino até o final da temporada, enquanto o dono do clube, o norte-americano Todd Boehly, tenta definir um substituto definitivo.

O treinador ocupa a vaga de Graham Potter, que não conseguiu levar sua filosofia de pressão na saída de bola, toques rápidos e contra-ataque para um grupo recheado de atletas famosos e caros.

"Se você não é um nome campeão, que causa respeito nos jogadores, precisa chegar ao Chelsea ganhando. Não tem tempo de tolerância", constatou o comentarista Jamie Carragher, ex-zagueiro do Liverpool.

Não existe um método na loucura do Chelsea em mudar constantemente de técnicos. Mas o clube vive, nas últimas duas décadas, o período mais vencedor de sua história. Foi campeão mesmo com treinadores de curto prazo de validade, como o italiano Antonio Conte, com quem venceu a Premier League de 2017 e a Copa da Inglaterra de 2018.

Boehly comprou o time em 2022, quando o magnata russo Roman Abramovich foi obrigado a vendê-lo. Abramovich estava impedido de entrar no Reino Unido por causa das sanções impostas à Rússia após a invasão à Ucrânia.

Creditado por inflacionar o mercado com contratações caras e salários astronômicos, Abramovich teve sucesso até com interinos, entortando o conceito de que só se vence no futebol com trabalho estável e de longo prazo.

Quando José Mourinho, o treinador com mais títulos da história do clube, caiu pela primeira vez, em setembro de 2007, o israelense Avram Grant assumiu para ficar até o final da temporada. Chegou à final da Champions League. Contratado como solução temporária após a saída de André Villas-Boas em 2012, Roberto Di Matteo fez o Chelsea campeão europeu. Cinco meses depois, foi demitido.

Os motivos das quedas de técnicos foram diversos. Houve os que se desgastaram com o elenco (Mourinho e Conte), os que jamais conseguiram convencer os jogadores de que deveriam estar ali (Villas-Boas e Potter) e os que jamais tiveram a confiança do dono de que possuíam "pedigree" para o cargo. Não importaram os resultados, como ocorreu com Di Matteo.

Luiz Felipe Scolari deixou Londres depois de sete meses no cargo, em 2009, reclamando ter sido derrubado por uma panela de atletas mais experientes.

Neste século, o Chelsea teve treinadores nascidos na Inglaterra, na Itália, em Portugal, em Israel, no Brasil, na Holanda, na Espanha e na Alemanha.

A questão é o que a diretoria vai fazer se Frank Lampard, que estreou no último sábado (8), com derrota na Premier League, tiver sucesso na Champions League.

Por enquanto, o clube conversa com o alemão Julian Nagelsmann, o espanhol Luis Enrique e o argentino Mauricio Pochettino. O escolhido será anunciado como o nome da estabilidade, com um projeto de longo prazo. Mais uma vez.

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