Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Um ano após a invasão, bilionários russos fogem das sanções

Autoridades congelaram cerca de 17 bilhões de euros de ativos de magnatas na UE

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Véronique Dupont
Londres | AFP

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia há um ano, os países ocidentais adotaram sanções contra bilionários russos próximos ao presidente Vladimir Putin, congelando contas bancárias e confiscando propriedades ou iates de luxo.

No entanto, muitos bilionários russos tentam contornar, muitas vezes combater, as sanções na esperança de melhorar sua situação.

As autoridades congelaram cerca de 18,4 bilhões de libras (R$ 114,7 bilhões) de ativos russos no Reino Unido e 17 bilhões de euros (R$ 94,2 bilhões) na UE (União Europeia).

Roman Abramovich, magnata russo e antigo dono do Chelsea, assiste partida do time em Londres - Ian Kington - 4.fev.2017/AFP

Ofensivas legais

Esses empresários de elite geralmente permanecem discretos, mas alguns lançaram uma contraofensiva legal, enquanto outros buscam refúgio em países livres de sanções.

O banqueiro russo Petr Aven insiste que não tem "relação financeira ou política" com o Kremlin.

Atualmente, ele pede ao governo britânico que lhe conceda 60 mil libras (R$ 374,3 mil) por mês de suas contas congeladas para atender às necessidades de sua família.

Aven, que cofundou a empresa de capital privado LetterOne com os colegas Mikhail Fridman e German Khan, estabeleceu-se na Letônia, onde tem nacionalidade.

Muitos bilionários, como Aven, Fridman, Khan, assim como Roman Abramovich e Alisher Usmanov, usam suas fortunas para entrar com ações legais contra as sanções no Reino Unido e na UE.

O magnata do alumínio Oleg Deripaska, cuja fortuna pessoal caiu para US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 8,7 bilhões) no ano passado, segundo a revista Forbes, está processando Washington por causa das sanções dos EUA.

Um hotel Deripaska na Rússia foi confiscado, segundo a imprensa, depois que descreveu a invasão russa da Ucrânia como uma "guerra".

O Kremlin diz que é uma "operação especial".

Chelsea

Roman Abramovich, talvez o magnata mais conhecido, inicialmente procurou mediar as negociações de paz entre Moscou e Kiev e promover boas relações com o Ocidente, mas ainda assim foi forçado a vender seu clube de futebol inglês, o Chelsea.

Com cidadania israelense, ele já esteve várias vezes em Israel, Emirados Árabes Unidos e Turquia, países que não adotaram sanções contra a elite russa.

Dubai também abriu os braços para ele e tem até um distrito chamado "Pequena Moscou".

O magnata perdeu metade de sua fortuna, que teria caído para US$ 7 bilhões (cerca de R$ 36,1 bilhões), segundo a mídia.

Fridman, nascido na Ucrânia, optou por permanecer em Londres, confirmou seu advogado à AFP. Segundo a imprensa, ele foi visto bebendo champanhe em um teatro.

"Tempos melhores"

Esses empresários de elite ainda possuem quantias substanciais de dinheiro.

"É difícil dizer quanto de seu patrimônio sofreu porque não sabemos quanto eles tinham", disse à AFP Jodi Vittori, professor da Universidade de Georgetown.

Congelar propriedades em Londres não é fácil, já que os ativos geralmente são mantidos em paraísos fiscais por meio de fundos anônimos, empresas de fachada ou familiares.

Cerca de 52 mil propriedades britânicas pertencem a investidores desconhecidos, alguns próximos ao Kremlin, disse a Transparência Internacional do Reino Unido em um relatório recente.

"Ainda parece haver muitas maneiras de contornar as sanções ", concluiu Duncan Hames, chefe de política dessa organização anticorrupção.

"Nós assumimos que eles estão esperando por dias melhores".

Sanções importantes

Os bilionários podem não ter influência direta sobre o Kremlin e como ele conduz a Guerra da Ucrânia, mas seu papel indireto é fornecer ajuda vital, disse Vittori.

Isso inclui o fornecimento de mercenários, segundo o professor, que citou como exemplo o presidente do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

"A importância [dos magnatas] não é apenas ter influência, mas fazer certas coisas para o governo russo: fornecer mercenários, minerais essenciais para a máquina de guerra [e] lavar dinheiro para o governo ou para o próprio Putin", acrescentou.

"Portanto, aplicar sanções a eles ainda é importante", disse Vittori, um acadêmico especializado em política internacional e segurança.

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