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Campeonato Brasileiro Libertadores

Luxemburgo tem árdua tarefa para reavivar carreira e fazer Corinthians jogar

Treinador herda elenco envelhecido e desequilibrado na tentativa de evocar seus tempos de 'estrategista'

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São Paulo

Vanderlei Luxemburgo será, na próxima segunda-feira (8), o quarto técnico do Corinthians em quatro rodadas do Campeonato Brasileiro. Algo, obviamente, está errado com o time alvinegro.

"Cara, alguma coisa tem que acontecer. Senão, eu não estaria aqui. Se não tivesse necessidade de fazer alguma coisa, eu não estaria aqui. O que vou fazer, o que eu pretendo fazer, vai acontecer. Fui contratado para fazer algo dentro do elenco que temos. Não tem como mudar o elenco", afirmou o treinador.

Aí começam os problemas do fluminense de 70 anos, que busca reavivar sua carreira, recuperar seu prestígio e extrair o máximo de um grupo desequilibrado, com claras lacunas e jogadores-chave envelhecidos. Algo que ficou evidente em sua estreia, na noite de terça (2), derrota por 2 a 1 para o equatoriano Independiente del Valle, em Itaquera, pela Copa Libertadores.

Luxemburgo viu "coisas boas, outras nem tanto" na volta - Miguel Schincariol - 2.mai.23/AFP

O Corinthians não estava mal no jogo, quando Gil, 35, e Fagner, 33, demoraram a reagir diante de uma bola espirrada. Lautaro Díaz, 24, foi bem mais rápido e balançou a rede de Cássio, 35. Um chute que em outras épocas o histórico goleiro preto e branco defenderia.

Não surpreende que Luxemburgo tenha, após a partida, citado nominalmente o meio-campista Matheus Araújo, 20, e o atacante Pedro, 17, elogiando-os sem que fosse questionado especificamente sobre eles. Rejuvenescer a equipe sem se indispor com velhos líderes é um dos grandes desafios que se apresentam.

Sornoza, que defendeu o clube em 2019 e hoje está no Del Valle, falou informalmente com jornalistas na arena da zona leste paulistana e apresentou seu diagnóstico. "Podem trocar de técnico toda semana que não vai mudar nada. Enquanto não renovar o time, não vai ganhar. Os atletas antigos se acomodaram", disse.

A formação alvinegra não conquista um título justamente desde 2019, com um passe preciso de Sornoza para Vagner Love contra o São Paulo. De lá para cá, seis treinadores chegaram e saíram –além de três diferentes interinos– sem estabelecer equipes verdadeiramente competitivas.

Vanderlei é a sétima tentativa após o adeus de Fábio Carille, um de muitos que partiram após atritos com os atletas mais experientes do elenco. Luxemburgo espera interromper o padrão e chega com a bênção de Renato Augusto –um meia de 35 anos que não consegue evitar lesões e, mesmo assim, é claramente o melhor jogador do time.

A configuração do elenco, com uma defesa cheia de veteranos que não gostam de jogar com a linha adiantada, torna quase impossível uma pressão efetiva no campo de ataque, algo executado por quase todas as equipes tidas como modernas. Em Itaquera, o Del Valle trocou passes na zaga e saiu jogando com notável tranquilidade.

A fase também parece não ajudar. Foram três bolas na trave do adversário, que parecia acuado. Aí, Róger Guedes deu um passe desastrado, Maycon deu um pior. Murillo e Cássio demoraram a reagir, Lautaro Díaz aproveitou novamente para fazer 2 a 1. Maycon deixou o campo chorando, pedindo desculpa.

Cássio observa a bola na rede na derrota de terça - Amanda Perobelli - 2.mai.23/Reuters

"A análise que faço é que tenho um grupo de qualidade, mas que está neste momento muito para baixo em função da instabilidade que está vivendo. Acreditamos que vamos crescer com o trabalho", observou o treinador, que falou em "juntar os cacos" e procurou demonstrar confiança. "Tenho certeza de que a coisa vai ser positiva. Eu não tenho dúvida disso."

Para alcançar esse objetivo, ele avisou que "os jogadores vão ser cobrados". Na própria entrevista, concedida ao lado de Róger Guedes, já deu uma demonstração, ainda bem-humorada, do tom. "Ele aqui vai tomar umas duras minhas", brincou, pedindo que o atacante, com bom poder de finalização, atue mais perto do gol.

Quem não estava bem-humorado eram os torcedores, que deixaram o estádio pedindo vontade aos atletas e xingando o presidente do clube, Duilio Monteiro Alves. Algo considerado normal por Vanderlei, que teve duas passagens vitoriosas pelo Parque São Jorge, em 1998 e em 2001. "Perdemos cinco seguidas e fomos campeões brasileiros. As coisas não me assustam e podem mudar."

Parado desde 2021, o fluminense disse que "o Corinthians é algo que nenhum treinador que queira estar trabalhando pode rejeitar". "Não é um desafio. É uma grande chance de fazer um novo grande trabalho", declarou o septuagenário, que sonha em reviver os tempos em que era chamado pelo icônico jornalista Roberto Avallone de "Vanderlei Luxemburgo, vírgula, o estrategista".

A tarefa é árdua.

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