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Corinthians vence Santos na Vila em clássico encerrado após torcida jogar rojões

Vila Belmiro pode ser interditada após novo episódio de vandalismo no estádio

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São Paulo

A partida entre Santos e Corinthians disputada nesta quarta-feira (21), na Vila Belmiro, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, foi encerrada pelo árbitro Leandro Pedro Vuaden antes do encerramento do tempo regulamentar após a torcida santista atirar rojões e sinalizadores no gramado.

O time da casa perdia por 2 a 0 quando, aos 44 minutos do segundo tempo, o juiz entendeu que não havia mais condições de segurança para dar continuidade ao confronto e declarou o fim do duelo.

Torcida do Santos jogou sinalizadores no gramado da Vila durante jogo contra o Corinthians
Torcida do Santos jogou sinalizadores no gramado da Vila durante jogo contra o Corinthians - Reprodução/TV Globo

Os objetos começaram a ser atirados no gramado aos 41 minutos. Pouco depois, orientados pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, os jogadores corintianos correram para a direção do vestiário. O juiz ainda pediu a eles para esperarem, mas logo optou pelo encerramento depois de conversar com o policiamento.

Com bola rolando, o Corinthians construiu sua vitória no primeiro tempo, com gols de Yuri Alberto e Ruan Oliveira.

O resultado deixou a equipe de Luxemburgo com 12 pontos na tabela do Nacional e mais longe da zona de rebaixamento. O time da Baixada, por outro lado, estacionou com 13 pontos.

Enquanto os visitantes deixavam o local, os santistas permaneceram no centro do campo, cercados por seguranças da Vila, à espera de orientações para voltar ao vestiário em segurança.

Somente depois de cerca de dez minutos e com apoio da polícia, os santistas conseguiram entrar no túnel de acesso à área interna, que fica perto do setor onde estavam as torcidas organizadas.

À Folha, o procurador-geral do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Ronaldo Piacente, disse que analisará as imagens do ocorrido e a súmula do jogo para, com base nesses documentos, fazer um pedido de interdição do estádio ou que os próximos jogos sejam disputados com portões fechados.

"Amanhã tomarei a decisão sobre o pedido. Pode ser interdição ou portões fechados", afirmou Piacente.

Na súmula do duelo, Vuaden relatou "diante do cenário de insegurança e pensando na integridade física dos atletas, da arbitragem e todos envolvidos na partida, encerei a mesma" e que "conforme art. 195 parágrafo único da lei geral do esporte, relatório mais detalhado será enviado até 24 horas após o término da partida."

Antes de atirar os rojões, os torcedores santistas começaram a vaiar o time e criticar, sobretudo, o treinador Odair Hellmann. Durante a confusão, com semblante abalado, o técnico permaneceu por alguns minutos sentado no banco de reservas.

"Infelizmente, hoje é uma mancha na história do Santos", disse ao Premiere o goleiro João Paulo, um dos poucos poupados das críticas dos torcedores.

Já o comandante santista tem sido bastante cobrado. No sábado, as torcidas organizadas do clube foram ao CT Rei Pelé para exigir melhores resultados.

Torcedores santista atiraram sinalizadores enquanto jogadores tentam deixar o gramado da Vila
Torcedores santista atiraram sinalizadores enquanto jogadores tentam deixar o gramado da Vila - Reprodução/TV Globo

O Santos não vence uma partida desde o dia 14 de maio, quando ganhou do Vasco pelo Nacional. Depois disso, acumulou quatro derrotas e cinco empates, num período em que foi eliminado na Copa do Brasil pelo Bahia, nas oitavas de final, e deu adeus à Copa do Sul-Americana ainda na fase de grupos.

Para a sequência da temporada, o time ainda pode enfrentar mais problemas, uma vez que as cenas desta desta quarta-feira (21) na Vila devem provocar uma nova punição ao clube.

Vale lembrar que trata-se de uma reincidência uma vez que, também em um clássico contra o Corinthians, o gramado da Vila Belmiro foi invadido por torcedores que tentaram agredir o goleiro corintiano Cássio no ano passado durante o segundo jogo pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Devido ao ocorrido, o clube fez um jogo com portões fechados na Copa do Brasil deste ano e outro só com a presença de mulheres e crianças. Também foi aplicada multa de R$ 35 mil ao clube.

Na ocasião, o time foi denunciado no Artigo 213 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que trata sobre "deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto", e que prevê multa de até R$ 200 mil, além de perda de até dez mandos de campo.

Ao comentar sobre o ocorrido nesta quarta, o presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, enfatizou justamente a repetição do que chamou de "lamentável".

"A gente espera providências da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) para que a gente não veja uma tragédia. O Vuaden foi bem em encerrar a partida, não havia condições de ir até os acréscimos", afirmou.

O cartola também comentou sobre um protesto da torcida corintiana na terça-feira (20), quando o ônibus da delegação se dirigia para a cidade de Santos. O veículo foi cercado por torcedores, que soltaram rojões e bateram na lataria. O clube, então, resolveu retornar a São Paulo e só seguiu para a Vila nesta quarta.

"É muito triste que a violência no futebol só aumente. Protestos são legítimos, mas tudo tem limite. O Corinthians vai fazer o possível e o impossível para o futebol voltar a ter segurança. Ninguém tem medo de descer de ônibus, mas não vou colocar ninguém em risco, quem foi receber os jogadores poderia criar problema maior. Qualquer hora vai acontecer uma tragédia, está cada vez mais perto", disse Duilio.

Após a vitória no clássico, Luxemburgo afirmou que o elenco precisa de paz e que "pressão ou porrada não faz ganhar, o que faz ganhar jogo é trabalho."

Enquanto técnico concedia entrevista dentro da Vila, do lado de fora, torcedores do Santos tiveram um confronto com membros da Polícia Militar no entorno do estádio.

A Tropa de Choque precisou ser acionada e chegou ao local em poucos minutos. Gás de pimenta e bombas de efeito moral foram usados pelo policiamento para neutralizar a confusão.

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