Destino mais provável de Mbappé é o Real Madrid; PSG deve pedir mais de R$ 970 milhões

Francês avisa que não vai renovar, e clube de Paris pode antecipar sua venda para não vê-lo sair de graça

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tariq Panja
The New York Times

Primeiro perdeu Lionel Messi. Agora, o PSG, o campeão francês apoiado pelo Qatar, pode estar enfrentando a perda de outra das maiores estrelas do jogo: Kylian Mbappé.

Mbappé, 24, um dos atletas mais famosos do mundo e a pedra angular dos planos do clube para reconstruir sua identidade em torno de um núcleo de talentos franceses de ponta, informou ao PSG em uma carta que não renovará seu contrato quando ele expirar em junho do próximo ano, de acordo com um executivo familiarizado com as negociações. O executivo não estava autorizado a falar publicamente sobre o caso, dada a natureza delicada delas.

A decisão de Mbappé pode forçar o PSG a considerar uma opção que preferiria evitar: vender os direitos do atleta já neste verão, em vez de arriscar perdê-lo de graça quando seu contrato expirar. Se o clube considerar ofertas por Mbappé, espera-se que o time exija um preço bem acima de US$ 200 milhões (R$ 970 milhões), e possivelmente um que possa superar o recorde mundial por um jogador.

Atacante Kylian Mbappe durante treinamento da seleção da França, em preparativo para duelo contra Gibraltar pela UEFA Euro - Franck Fife - 12.jun.23/AFP

Os principais executivos do PSG ficaram surpresos com a carta de Mbappé, de acordo com o executivo, e souberam dela depois de terem sido contatados por um veículo de notícias francês que afirmou ter recebido uma cópia antes de ser enviada ao clube. Um porta-voz de Mbappé não respondeu a um pedido de comentário. Representantes do time também não comentaram sobre a carta ou como o clube foi informado das intenções de Mbappé, que foram relatadas pela primeira vez pelo jornal esportivo francês L'Equipe.

O PSG enfrentou uma crise semelhante em relação ao futuro de Mbappé no verão passado, quando o atacante, então sem contrato, estava prestes a se juntar ao Real Madrid antes de um esforço de última hora, com dinheiro pesado, convencê-lo a ficar em Paris. Mantê-lo era uma prioridade para o Qatar, que bancou o PSG por mais de uma década e estava ansioso para segurar a maior estrela de sua equipe em no ano em que sediaria a Copa do Mundo masculina.

O contrato que Mbappé acabou assinando era de dois anos, com uma opção do jogador para uma terceira temporada. Em sua carta, a qual o The New York Times teve acesso, Mbappé disse à equipe que não exercerá a opção, o que significa que seu contrato atual e, muito provavelmente, sua história no PSG terminarão após a próxima temporada –a menos que o clube encontre uma equipe disposta a pagar para adquiri-lo mais cedo.

Mais uma vez, o destino mais provável para Mbappé é o Real Madrid, o clube espanhol que era seu time de coração quando ele era menino e que lhe ofereceu o maior contrato de sua história há apenas um ano.

Desde as negociações frustradas com o clube de Madri, a estrela de Mbappé só cresceu, notavelmente na Copa do Mundo no Qatar, onde ele liderou a França até a final contra Messi e a Argentina. Mbappé quase sozinho lutou pelo bicampeonato consecutivo para a França, marcando todos os três gols de sua equipe em uma final emocionante que os argentinos venceram nos pênaltis.

Tanto Messi quanto Mbappé então retornaram a Paris e ajudaram o PSG a vencer o segundo título consecutivo da liga francesa.

O desejo declarado do atacante francês de deixar o PSG vem apenas alguns dias depois que o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, respondeu positivamente a uma pergunta de um fã sobre se o clube espanhol contrataria Mbappé. O cartola espanhol respondeu que sim, "mas não este ano". Isso pode estar prestes a mudar.

No verão passado, em uma entrevista ao Times antes da temporada europeia e da Copa do Mundo, Mbappé falou sobre sua admiração pelo Real Madrid, um clube que o havia convidado para treinar na Espanha antes mesmo de ele chegar à adolescência, e cujas estrelas estampavam cartazes na parede do seu quarto. Depois de seu convite para treinar em Madrid, Mbappé prometeu voltar ao clube um dia, disse ele, mas sua decisão de rejeitar uma oferta recorde do Madrid para renovar com o PSG havia levantado dúvidas sobre se seu sonho seria realizado.

"Você nunca sabe o que vai acontecer", disse Mbappé na época, reconhecendo que, mesmo que não tenha jogado pelo Real Madrid, o time orbitou sua carreira profissional de maneira profunda. "Você nunca esteve lá, mas parece que é como sua casa, ou algo assim."

A presença do Real Madrid nas negociações no ano passado ajudou a aumentar o preço de Mbappé. Quando o Real Madrid ofereceu um contrato no valor de mais de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) por três anos, o PSG foi forçado a contra-atacar com um acordo ainda maior, que incluía a cláusula de rescisão que ele agora planeja exercer.

Embora o PSG não tenha ficado particularmente triste em ver Messi partir após suas duas temporadas na França, a possível perda de Mbappé, um tesouro nacional francês criado nas "banlieues" de Paris, o anel de subúrbios e cidades satélites que cercam a capital, sinalizaria uma grande crise sobre a direção do clube.

Mbappé havia, em grande parte, escapado da ira dos torcedores do clube por uma temporada que rendeu mais um título francês, um sucesso que agora se tornou tão comum que mal é comemorado, mas incluiu outro ano de fracasso na Liga dos Campeões, o maior objetivo do futebol europeu.

Messi, em seus últimos meses com o time, se tornou objeto de desprezo: vaiado pelos fãs durante as partidas e suspenso por duas semanas pelo clube após uma viagem de férias não autorizada para a Arábia Saudita perto do fim da temporada. Os fãs também expressaram sua raiva com outros jogadores-chave, incluindo Neymar, o brasileiro que, junto com Messi e Mbappé, formou o ataque dos sonhos e que prometia ser o mais temido do futebol.

Depois de assinar sua extensão com o PSG em 2022, Mbappé disse em uma entrevista em Nova York que sua decisão de ficar no clube foi em parte por não querer sair como um agente livre, privando o PSG de uma venda que lhe renderia um valor de nove dígitos. Agora, o clube e Mbappé se encontram exatamente na mesma situação.

Em seu acordo atual, Mbappé tinha até 31 de julho para informar ao clube se assinaria a extensão automática de seu contrato nos termos que o clube acredita serem os mais altos do futebol europeu. Nos meses anteriores ao envio da carta nesta semana, a família de Mbappé e seu advogado estiveram em discussões com o clube sobre um novo acordo plurianual.

Seu aparente desejo de se mudar pode significar uma reprise da mesma novela que prendeu à França no ano passado, quando até mesmo o presidente francês, Emmanuel Macron, foi convocado para persuadir Mbappé a permanecer no país enquanto se preparava para defender o título da Copa do Mundo que conquistou em 2018.

Para o PSG, o maior impedimento para reconquistar Mbappé não é financeiro, mas esportivo. O time, apesar de seu sucesso doméstico rotineiro, parece estar preso em uma crise perene nos bastidores: já está enfrentando uma reconstrução dentro e fora de campo, incluindo a contratação de um novo treinador pelo segundo ano consecutivo.

A saída de Messi –ele expressou foi anunciado como reforço do Inter Miami, dos Estados Unidos– foi prevista, e o clube está aberto a vender Neymar enquanto se reestrutura. Perder Mbappé, também, nas circunstâncias atuais, poderia mergulhar uma equipe há muito conhecida por suas estrelas em um período preocupante de incerteza.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.