Descrição de chapéu Financial Times Copa do Mundo 2022

Fifa falha ao tentar provar que Copa no Qatar foi sustentável, diz entidade

Federação deixou de fornecer evidências confiáveis sobre como as emissões geradas pelo evento poderiam ser compensadas

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Marta Muir
Financial Times

O órgão regulador de publicidade da Suíça determinou que a Fifa enganou os consumidores ao afirmar que a Copa do Mundo do Qatar, em 2022, foi o primeiro evento "totalmente neutro em carbono", na última sanção contra o chamado "greenwashing" (literalmente, "lavar de verde" para que as coisas pareçam ecológicas).

A Fifa, signatária da estrutura do esporte para o clima da ONU, falhou em fornecer "evidências confiáveis de como todas as emissões de CO₂ geradas pelo torneio poderiam ser compensadas de acordo com os padrões suíços", constatou a Swiss Fairness Commission.

A alegação da Fifa incluía toda a poluição associada a viagens, acomodações, alimentos e bebidas dos portadores de ingressos, estimada em 3,63 milhões de toneladas de CO₂, cálculo que era inverificável.

Estádio 974, construído com containers, foi um dos palcos da Copa do Mundo no Qatar
Estádio 974, construído com containers, foi um dos palcos da Copa do Mundo no Qatar - Nikku - 12.ago.222/Xinhua

A decisão afirmou que a entidade deve "abster-se no futuro de fazer as alegações contestadas" a menos que possa fornecer "prova completa do cálculo (...) de todas as emissões de CO₂ causadas pelo torneio e prova de que essas emissões de CO2 foram totalmente compensadas".

As compensações de carbono são um método contestado de compensar a poluição por carbono, em parte devido à dificuldade de medição ou verificação.

As reclamações sobre as reivindicações da Fifa foram apresentadas no Reino Unido, França, Suíça, Bélgica e Holanda em novembro, quando os reguladores de publicidade repassaram a ação ao regulador da Suíça, onde a Fifa está sediada.

"Este deveria ser o momento em que a Fifa começaria a adotar medidas climáticas confiáveis, que devem partir do rompimento de relações com grandes poluidores, como seus patrocinadores QatarEnergy e Qatar Airways", disse Frank Huisingh, da Fossil Free Football, organização que apresentou a denúncia na Holanda.

A análise do grupo independente sem fins lucrativos Carbon Market Watch disse que a Fifa compensou menos da metade do que era necessário para sustentar a alegação de ser neutra em carbono.

Uma das iniciativas que a Fifa e a Copa do Mundo do Qatar pretendiam usar para reivindicar a compensação de metade de suas emissões era uma usina solar, que não parecia estar registrada em um padrão nem certificada por terceiros.

A associação de futebol anunciou suas reivindicações de carbono neutro em seu site e páginas de mídia social, visando o público internacional.

A Fifa argumentou que a informação não pretendia ser um incentivo comercial, mas feita no interesse da transparência. Na sua opinião, "os consumidores não foram de forma alguma induzidos em erro pelas alegações impugnadas" e o órgão está "consciente de que as alterações climáticas são um dos desafios mais prementes do nosso tempo. Por esse motivo, fez esforços consideráveis para combater os efeitos negativos de tal torneio e maximizar seus efeitos positivos".

A decisão é a mais recente das controvérsias em torno de o Qatar ter sediado da Copa do Mundo desde que foi premiado com o evento em 2010, gerando acusações de suborno e "lavagem esportiva" de seu histórico de direitos humanos, incluindo o tratamento de trabalhadores migrantes.

Andrew Simms, diretor do New Weather Institute, organização que apresentou a queixa do Reino Unido contra a Fifa, disse: "O esporte continua a ser usado como um outdoor gigante por alguns dos maiores culpados do clima para promover produtos e estilos de vida poluentes, ameaçando o futuro de atletas e torcedores e do próprio esporte".

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