Máfia de apostas dizia ter jogadores de Cruzeiro e Atlético-MG, afirma atleta banido do futebol

Romário, ex-Vila Nova-GO e réu na Justiça, compareceu à CPI que investiga esquema para depor

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Brasília

O volante Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário e ex-jogador do Vila Nova-GO, afirmou que os líderes do esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro disseram a ele que tinham jogadores de Cruzeiro, Atlético Mineiro e Avaí em seu rol de atletas que teriam aceitado o pagamento para corroborar com apostas em sites feitas pelo grupo.

"Cruzeiro, Avaí, Santos eles chegaram a falar [que também teriam jogadores envolvidos] e, na época, acho que foi Atlético-MG [também]", afirmou nesta terça-feira (20), na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Apostas Esportivas.

"Eles não chegaram a falar nomes, só os clubes", completou ele, que atualmente está banido do futebol, punido pelo envolvimento no esquema.

Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário, ex-atleta do Vila Nova-GO
Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário, ex-atleta do Vila Nova-GO - Roberto Corrêa/Vila Nova-GO

Segundo Romário, ele foi abordado inicialmente para participar do esquema de apostas por um vendedor de roupas de quem era cliente e que lhe disse que já havia feito isso com outros atletas.

Afirma que os líderes do esquema chegaram a contatá-lo, mas que ele negou a proposta para ajudar o grupo. No entanto, diz, repassou o contato de um colega.

"Meu erro foi ter passado o número do Gabriel Domingos para eles", completou Romário.

O atleta foi banido do futebol e é réu na Justiça, sob suspeita de ter participado do esquema que manipulava jogos do futebol brasileiro, inclusive na Série A do Campeonato Brasileiro, para conseguir lucrar com apostas.

No final de maio, Romário foi banido definitivamente do futebol pelo STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) em decisão unânime.

O ex-jogador do Vila Nova é apontado como suspeito na primeira ação da Operação Penalidade Máxima, do MP-GO (Ministério Público de Goiás), que investiga esquemas de manipulação de resultados no futebol brasileiro.

O atleta de 21 anos terá ainda de pagar uma multa de R$ 25 mil. O julgamento, que foi conduzido pela 1ª Comissão Disciplinar do Tribunal, teve Miguel Ângelo Cançado como auditor-relator.

Julgado no mesmo processo, Gabriel Domingos, 22, também ex-volante do Vila Nova, foi suspenso por 720 dias e multado em R$ 15 mil. Ambos os jogadores tiveram os seus contratos rompidos pelo clube goiano.

Os dois atletas ainda podem recorrer da decisão.

De acordo com Miguel Cançado, assim como as punições esportivas, as penas financeiras impostas pelo STJD são de cumprimento obrigatório depois de transitadas em julgado.

"A pena do jogador Romário foi maior porque, além de aceitar participar do esquema, ele tentou envolver outros atletas, como o próprio Gabriel Domingos", disse à Folha o auditor da 1ª Comissão Disciplinar do Tribunal.

A operação Penalidade Máxima teve início em novembro de 2022, após o Ministério Público ter sido procurado pelo presidente do Vila Nova, que queria denunciar um dos casos.

A primeira fase foi deflagrada em fevereiro, e a segunda, em abril. Foi constatado que o grupo que aliciava atletas atuou em partidas de estaduais de 2023 e no Campeonato Brasileiro de 2022, inclusive na primeira divisão. Até agora, não há evidências que indiquem que a elite do nacional deste ano tenha sido alvo.

O mandatário do time goiano, Hugo Jorge Bravo, disse que, ao saber que o volante Romário havia recebido oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti em partida da Série B de 2022, começou a reunir provas.

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