Descrição de chapéu Copa do Mundo feminina

Jenni Hermoso aciona sindicato, que pede 'medidas exemplares' por beijo à força

Nova acusação aumenta pressão contra presidente da Federação Espanhola; Liga pede saída do cartola

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Madri | AFP

Jenni Hermoso, jogadora que foi beijada à força pelo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, durante a cerimônia de premiação da Copa do Mundo, afirmou nesta quarta-feira (23) que seus agentes, apoiados pelo sindicato das jogadoras de futebol da Espanha (Fuftpro), vão representá-la na busca por uma punição ao dirigente.

"O meu sindicato, em coordenação com a minha agência, a TMJ, está encarregado de defender os meus interesses e será o meu interlocutor nesta matéria", disse a atleta em um comunicado.

Por sua vez, o sindicato expressou a sua "firme condenação às condutas que ameaçam a dignidade das mulheres".

A Futpro pede que a Federação Espanhola "zele pelos direitos das nossas jogadoras e adote medidas exemplares" após a atuação de Rubiales na decisão do Mundial feminino, na qual as espanholas ficaram com o título após vitória sobre a Inglaterra.

Ao parabenizar Hermoso na entrega das medalhas, o dirigente deu um beijo na boca da jogadora, ato pelo qual foi duramente criticado.

O dirigente Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola, segurou o rosto da camisa 10 da seleção espanhola, Jenni Hermoso e deu um beijo na boca, provocando um momento extremamente constrangedor  durante a cerimônia de entrega da medalha de ouro para a equipe campeã da Copa do Mundo Feminina
Presidente da Real Federação Espanhola, Luis Rubiales, segura o rosto da camisa 10 da seleção espanhola, Jenni Hermoso, e lhe dá um beijo após a Espanha conquistar a Copa do Mundo feminina - Reprodução/Sportv

"É fundamental que a nossa equipe, atual campeã mundial, seja sempre representada por figuras que promovam valores de igualdade e respeito em todas as áreas", acrescentou o sindicato Futpro.

A entidade pede também ao Conselho Desportivo Espanhol (CSD) que "apoie e promova ativamente a prevenção e intervenção contra o assédio e o abuso sexual, o machismo e o sexismo".

"Nós, sindicato, estamos trabalhando para que atos como aquele nunca fiquem impunes, sejam punidos e que sejam adotadas as medidas cabíveis para proteger os jogadores dos gramados. Para nós, são coisas inaceitáveis", concluí em nota do sindicato.

Em sua primeira declaração sobre o ocorrido, pouco depois da cerimônia da final, Hermoso disse em um vídeo com as colegas de equipe no vestiário, publicado no Instagram e no YouTube pelo jornal El Mundo e outros veículos, que "não gostou" da atitude do cartola.

Antes de acionar o sindicado para representá-la, no entanto, ela chegou a minimizar o incidente em um comunicado enviado à agência de notícias espanhola EFE pela federação.

Foi um gesto mútuo, totalmente espontâneo, motivado pela enorme alegria de vencer uma Copa do Mundo", disse o comunicado. "O 'presi' e eu temos uma ótima relação, o comportamento dele com todas nós sempre foi nota 10 (de 10) e esse foi um gesto natural de carinho e gratidão."

Diante da nova postura da jogadora agora, a Liga Espanhola de Futebol Feminino Profissional também solicitou nesta quarta-feira a suspensão de Luis Rubiales.

Em nota, a entidade diz que "apresentou queixa ao presidente do Conselho Superior do Desporto pelos gravíssimos atos e condutas praticadas."

Também nesta quarta, a Fifpro, o sindicato internacional dos jogadores profissionais de futebol, apelou para que a Fifa conduza uma investigação, lamentando que "um momento tão especial para as jogadoras da seleção espanhola, perante as câmaras de todo o mundo, tenha sido manchado."

Na Espanha, há uma pressão para que as providências cabíveis para o caso sejam tomadas rapidamente.

O secretário de Estado do Desporto e presidente do Conselho Superior do Desporto (CSD), Víctor Francos, mostrou-se disposto a tomar medidas caso a RFEF não faz isso. Ele poderá, inclusive, recorrer ao Tribunal Administrativo do Desporto (TAD).

Na terça-feira (22), a RFEF convocou uma reunião de emergência e iniciou uma investigação interna sobre o incidente.

Nova acusação

Além dos fatos publicamente registrados na final da Copa do Mundo feminina, uma nova acusação contra o presidente da Real Federação Espanhola aumentou ainda mais a pressão sobre Luis Rubiales.

Em entrevista a uma emissora de TV espanhola, a ex-funcionária da AFE (Associação Espanhola de Jogadores) Tamara Ramos afirmou que também já foi vítima de assédio por parte do dirigente.

"Ele [Luis Rubiales] me dizia coisas como: 'vamos lá, você veio aqui para ficar de joelhos' ou 'qual é a cor da sua calcinha hoje'", ela contou ao programa "El Programa del Verano".

"Sofri humilhações, foi uma barbaridade. Não me surpreende em nada [o que ele fez na festa da final da Copa do Mundo feminina] porque o conheço há muitos anos e sofri. O que me surpreendeu é que faça isso em público", acrescentou Tamara.

Os episódios de assédio aos quais ela se refere teriam ocorrido quando os dois trabalhavam juntos na AFE.

Por meio de uma nota divulgada no site da Real Federação Espanhola de Futebol, Rubiales rebatou as acusações de Tamara, classificadas no comunicado como "gravíssimas e falsas acusações".

O texto diz que já foram tomadas medidas legais após as acusações e afirma que Tamara e Rubiales tinham um relacionamento próximo.

"É pertinente informar que a senhora Ramos também manteve contato pessoal com o presidente Luis Rubiales ao longo deste tempo e inclusive lhe enviou imagens de família, felicitou-o pelo seu aniversário e até recentemente solicitou um emprego na federação."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.