Polícia do Rio procura torcedor do Boca Juniors por insultos racistas em entrevista a TV

Ele chamou torcedores rivais que atacaram argentinos de 'escravos, macacos de merda'

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Rio de Janeiro

A Polícia Civil do Rio de Janeiro tenta identificar um torcedor do Boca Juniors que fez insultos racistas em uma entrevista ao canal Todo Noticias, da TV argentina, concedida durante festa da torcida na praia de Copacabana na noite desta sexta-feira (3).

O torcedor provocava a torcida do Fluminense, que chamou de covarde pelos confrontos com argentinos na quinta (2), quando integrantes de organizadas do tricolor carioca avançaram sobre rivais na praia. Sete pessoas foram detidas após a confusão.

Torcida do Boca se aproximando perto do Maracanã - Daniel Ramalho/AFP

"Que venham agora buscar-nos, esses covardes", disse. "Não temos medo. Escravos, macacos de merda", concluiu, gerando reprovação entre os apresentadores do programa. A reportagem não identificava o torcedor.

Segundo a polícia, as investigações estão a cargo da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. "Diligências seguem para identificar o autor e esclarecer todos os fatos", afirmou, em nota, a corporação.

Insultos racistas não são incomuns quando equipes dos dois países se enfrentam e, no domingo (29), o próprio Boca divulgou uma lista de recomendações lembrando que "cantos e gestos racistas/xenófobos constituem um delito grave que pode levar a até cinco anos de prisão".

Aconselhou ainda a "evitar qualquer tipo de provocação ao povo brasileiro".

Já na segunda (30), porém, a tensão começou a escalar, depois que um grupo de torcedores argentinos foi agredido por tricolores na praia de Copacabana, segundo um deles, que publicou uma foto com a cabeça sangrando.

"Nos espancaram. Roubaram meu celular. Éramos 30 e vieram com cadeiras à praia para nos atacar", escreveu Pablo Moulia, com quem a Folha não conseguiu contato.

Mas após a confusão de quinta, lideranças da torcida La 12 divulgaram um áudio prometendo confrontos, que acabaram não ocorrendo na sexta, quando as organizadas tricolores recuaram e divulgaram comunicado conjunto pregando paz.

Na sexta, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) chamou a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), a AFA (equivalente argentino da CBF), e os dois clubes para tentar reduzir a temperatura.

"Tratando-se de dois clubes com um enorme apelo popular, se faz indispensável tomar as precauções máximas [...] para minimizar todo o possível contato entre as torcidas", afirma a Conmebol na nota.

Pouco após o término da reunião, a Conmebol publicou em suas redes sociais vídeo com Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, e Jorge Ameal, do Boca.

"É muito importante que a gente estabeleça, de hoje para amanhã, um clima de paz, que possa unir os dois povos, as duas torcidas, para que a gente possa estar amanhã no Maracanã fazendo uma linda festa do futebol", disse Bittencourt.

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