Pais questionam cobrança de ingresso para bebês em Paris-2024

Comitê organizador não recomenda crianças com menos de quatro anos nos locais de competição

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Adam Plowright
Paris | AFP

Surpresa para aqueles que estrearam ou estão prestes a estrear a paternidade e planejam ir aos Jogos de Paris. Seus bebês só poderão entrar nas instalações olímpicas com seu próprio ingresso. Alguns já pediram uma modificação dessa regra.

Quando Margaux Giddings, enfermeira de 33 anos, comprou seus ingressos para o evento olímpico no ano passado, seu bebê ainda não havia nascido. Na primeira fase de vendas, adquiriu ingressos para a ginástica. Depois engravidou e sua vida mudou.

"Estou amamentando meu bebê e ele terá cinco meses no momento dos Jogos", explica à AFP essa moradora de Bayonne. "Isso me impede de deixá-lo. Gostaria de levá-lo comigo em um sling ou em um canguru".

Criança com a camisa da seleção francesa acompanha partida entre França e Peru na Copa de 2018 em um parque público de Paris - Geoffroy Van Der Hasselt - 21.jun.2018/AFP

A regulamentação dos Jogos (26 de julho a 11 de agosto) estabelece que "todos os espectadores precisarão de um bilhete válido para acessar o local olímpico, incluindo crianças de todas as idades".

"Não pude acreditar quando soube que os bebês precisavam de seu próprio lugar", acrescenta Tom Baker, um londrino de 37 anos que tem ingressos para os Jogos e espera seu primeiro bebê com sua esposa Kate para maio.

Ele entrou em contato com Paris-2024 e foi aconselhado a comprar ingressos para os Jogos Paralímpicos, onde haverá tarifas reduzidas para crianças, ao contrário dos Jogos.

"Pensei: espere um minuto! Compramos ingressos há um ano e meio para o evento, não sabíamos que teríamos um bebê", explica à AFP. "Não podemos resolver o problema comprando outros ingressos porque eles já estão vendidos".

Kate e ele, além de seu irmão e sua mãe, gastaram cerca de 3 mil euros (R$ 16,3 mil) para assistir às competições de canoagem e vôlei de praia.

Abordagens diferentes

O comitê organizador dos Jogos de Paris, já criticado pelo preço dos ingressos, mantém, por enquanto, sua decisão de exigir um ingresso de todos os espectadores, incluindo bebês.

"De maneira geral, Paris-2024 não recomenda que os pais levem seus filhos com menos de quatro anos para os locais de competição", indicou o comitê em comunicado enviado à AFP.

"Paris-2024 convida a considerar o ambiente dos locais esportivos, que podem não estar adaptados ao bem-estar de crianças pequenas", acrescentou.

Em outras competições, as políticas variam. Na Eurocopa e na Copa do Mundo de futebol, as crianças de todas as idades devem estar sentadas e muitos grandes clubes desaconselham levar bebês. Em outras modalidades como rugby, críquete ou atletismo, os bebês podem entrar sem pagar ingresso.

Nos Jogos de Londres-2012, foi estabelecida a mesma regulamentação que em Paris-2024, mas a organização a modificou devido à pressão pública e da mídia.

Adrien Pol, um assistente social de Liège (Bélgica) que espera seu primeiro filho para junho, acredita que Paris-2024 também mudará suas regras.

"É discriminatório para as mulheres. Queremos que nosso bebê seja amamentado, então minha parceira Marine terá que ficar com ele. Talvez ela tenha que se sacrificar quando é algo que queríamos viver juntos", lamenta.

O melhor lugar para um bebê pequeno?

Uma petição foi publicada no site change.org para denunciar regras "injustas, contra a natureza e contrárias ao espírito do Olimpismo". Até o momento, recebeu 170 assinaturas.

Uma discussão sobre o tema na plataforma Reddit gerou vários comentários e conselhos para os novos pais.

"Façam um favor ao seu filho e encontrem um cuidador, nenhuma criança vai se divertir em uma grande sala com milhares de pessoas, muitos germes circulando e um barulho ensurdecedor", apontou um dos participantes do fórum.

Adrien Pol considera que os pais devem ser livres para escolher, acrescentando que as sessões de basquete e vôlei de praia não durarão mais de três horas.

"Não é um concerto, se você estiver bem equipado, a criança pode estar lá, com seis semanas a única coisa que o bebê pede é estar seguro nos braços dos pais", explica.

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