Leila Pereira, presidente do Palmeiras, quebrou o silêncio sobre a novela da saída de Dudu e determinou que o ciclo do jogador no clube chegou ao fim. O próprio atleta teria selado esse desfecho ao apalavrar sua transferência para o Cruzeiro, que anunciou a contratação do jogador no último sábado (15) antes mesmo de o acordo ser assinado.
O fim da relação entre a equipe alviverde e o camisa 7 não seguiu o roteiro que se poderia esperar para o recordista de títulos da agremiação, com 12 troféus, ao lado do lendário Ademir da Guia, e maior símbolo da vitoriosa era da qual desfruta atualmente o Palmeiras, iniciada em 2015.
Partiu do time mineiro a primeira comunicação pública sobre o acerto com Dudu. A nota viralizou nas redes sociais em pouco tempo, causando desconfortos para o atleta tanto internamente no Palmeiras como diante dos torcedores.
A pressão externa foi grande. De acordo com Paulo Serdan, membro da principal organizada do clube, o atleta teria feito uma promessa de rever sua decisão e ficar no Palmeiras "pela torcida".
Nesta segunda-feira (17), ao ser abordada na entrada da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), onde participou de uma reunião, Leila Pereira foi enfática ao dizer que, "pelo Palmeiras, ele está vendido".
"Ele tem um compromisso e eu espero que ele honre o compromisso com o Palmeiras e com o Cruzeiro", afirmou a dirigente em entrevista ao SporTV.
"O atleta não assinou. O Barros [Anderson Barros, diretor de futebol do Palmeiras] assinou. Pelo Palmeiras, o Dudu está vendido. Eu preciso da assinatura dele", ela acrescentou.
Como a equipe paulista entra em campo nesta segunda-feira, às 20h30, para enfrentar o Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro, o camisa 7 só deve se manifestar na terça-feira.
De acordo com Leila, apesar de a negociação ter vindo a público no sábado, há cerca de um mês ela ficou sabendo da vontade do jogador de sair do clube. O que causou o desconforto, contudo, foi que, segundo a mandatária, a iniciativa de negociar com o Cruzeiro teria partido do próprio atleta.
"Eu soube depois que quem procurou o Cruzeiro foi o Dudu, mas soube pelo [Alexandre] Mattos [CEO do Cruzeiro]. Não adiantava o Dudu estar falando, eu precisava de uma proposta formal. Em momento nenhum tentamos negociar. Ele tem contrato até janeiro de 2025. O Dudu conversou outras vezes com o Barros com o intuito de sair do Palmeiras. Conversou como Abel [Ferreira]. Há mais de 20 dias sabíamos dessa movimentação. Quem pediu para sair foi o jogador", afirmou Leila.
Ainda de acordo com a presidente palmeirense, a oferta que seduziu o jogador seria de um contrato de quatro anos, com um salário superior ao que ele recebe atualmente no Palmeiras, clube com o qual ele teria vínculo até o fim de 2025.
Em 2023, o atacante chegou a ser apontado como o dono do maior salário do futebol brasileiro, com um vencimento mensal de R$ 2,1 milhões à época, embora o Palmeiras tenha negado esse valor, sem revelar qual seria quantia correta.
Para ceder o atleta antes do fim do contrato, o Palmeiras aceitou receber US$ 4 milhões (R$ 21 milhões).
Até o início da tarde desta segunda, a nota divulgada pelo Cruzeiro no sábado ainda constava nas redes sociais do clube.
De acordo com Alexandre Mattos, que trabalhou no Palmeiras de 2016 a 2018, a postagem foi feita com base no acordo entre os dois times. Dudu é esperado para fazer exames médicos antes de ser integrado ao elenco comandado por Fernando Seabra, que vem se reforçando.
Recentemente, a equipe anunciou a contratação do goleiro Cássio, que deixou o Corinthians após 12 anos no Parque São Jorge.
Dudu já tem uma identificação com a equipe mineira, pois foi formado nas categorias de base da Toca da Raposa.
O jogador ainda levará um tempo para retomar a boa forma física, pois está fora de ação desde agosto do ano passado, quando sofreu uma ruptura de ligamento no joelho direito. Recuperado, chegou a ir ao banco de reserva na partida mais recente de sua equipe, porém não foi acionado.
Dudu foi contratado pela formação paulistana em 2014 –pelas mãos do próprio Mattos–, quando o clube venceu a concorrência de Corinthians e São Paulo, em um movimento que ficou conhecido como chapéu do Palmeiras nos rivais. O goiano teve uma chegada midiática, considerada uma mensagem da nova era que o clube buscava iniciar.
Após um início de trajetória conturbado, Dudu foi decisivo ao marcar os dois gols da final da Copa do Brasil de 2015, contra o Santos. O título conquistado nos pênaltis foi o primeiro desta nova era dentro do Palmeiras.
Com a camisa verde, ele conquistou ainda duas edições do Campeonato Paulista, quatro do Campeonato Brasileiro, uma da Supercopa do Brasil, uma da Copa Libertadores e uma da Recopa Sul-Americana.
Ele esteve também no início das campanhas que levaram o Palmeiras ao título do Paulista e da Libertadores de 2020. Dessa forma, o clube também o inclui na galeria de campeões desses torneios.
Alcançado por Dudu no ranking de títulos, Ademir da Guia fez uma postagem no X, antigo Twitter, pouco depois do anúncio do Cruzeiro.
"Enquanto alguns jogadores podem ser facilmente esquecidos, os ídolos deixam um legado de paixão e lealdade que perdura para sempre no coração dos torcedores. Isso eu não troco e não troquei por nada", escreveu ídolo palmeirense.
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