Paris repete Tóquio e amplia modalidades mistas por mais equidade

Olimpíadas de Paris estreia provas mistas no atletismo (revezamento da marcha atlética), skeet por equipes (tiro esportivo) e a classe dinghy misto 470 (vela)

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São Paulo

Na promessa de estabelecer uma a paridade entre o número de competidores homens e mulheres, os Jogos de Paris-2024 marcam as estreias das disputas mistas no revezamento da maratona de marcha atlética (no atletismo), na prova de skeet por equipes (tiro esportivo) e na classe dinghy misto 470 (vela).

Além disso, a edição atual reedita as provas mistas em modalidades como tiro com arco, atletismo, judô, tiro esportivo, natação e triatlo, já realizadas em Tóquio.

Em 2021, no Japão, tais provas também se juntaram ao badminton, tênis de mesa, tênis, vela e hipismo –modalidades que, historicamente, contavam com a participação de homens e mulheres.

Henrique Duarte Haddad e Isabel Swan vão representar o Brasil na classe 470 mista, uma das novidades em Paris
Henrique Duarte Haddad e Isabel Swan vão representar o Brasil na classe 470 mista, uma das novidades em Paris - Andrew Boyers -24.jul.2024/Reuters

A incorporação destas três provas ainda é vista como um movimento tímido ante a disparidade de gêneros.

Segundo o COI (Comitê Olímpico Internacional), as Olimpíadas de Paris terão 157 competições masculinas, 152 femininas e 20 mistas.

"Este é o resultado estratégico da Agenda Olímpica 2020, que posicionou claramente a igualdade gênero como prioridade", afirma Maria Sallois, diretora de desenvolvimento social do COI.

Além de fomentar os eventos mistos, o COI também destaca como compromisso nessa seara ampliar a participação das mulheres em comissões técnicas e arbitragens. "Estamos comprometidos em mobilizar o movimento olímpico para acelerar a igualdade de gênero", diz a dirigente.

Das novidades em Paris, a maratona de marcha atlética entrou no lugar da marcha de 50 quilômetros exclusiva para homens. Realizada pela primeira vez em Paris, a maratona terá 42,195 km divididos em quatro trechos.

Cada equipe terá apenas um atleta de cada gênero, o que significa que cada competidor completará meia-maratona. A ordem dos trechos começa por um atleta masculino.

Outro evento misto debutante, o skeet por equipes, reunirá dois atiradores que usarão uma espingarda para acertar discos, feitos de argilas e com 10 metros de diâmetros, que voam a 100 quilômetros por hora. Quando os discos são atingidos, despedaçam no ar e formam uma nuvem de tinta colorida.

Na vela, a classe 470 mista reúne um homem e uma mulher em cada embarcação

Com relação às estreias em Tóquio, Paris absorveu as provas de equipes mistas no tiro com arco (com um arqueiro de cada gênero) e duas provas no tiro esportivo, a carabina de ar 10 metros e pistola de ar 10 metros (ambas, com um homem e uma mulher). No atletismo, o revezamento de 4x400 m (dois homens e duas mulheres).

No judô, uma das sensações em Tóquio e que contagiou o público, a equipe mista também está de volta. São três judocas por gênero e nas categorias de peso 73 kg, 90 kg, e acima de 90 kg para os homens, e 57 kg, 70 kg e acima de 70 kg para as mulheres.

Outra estreia de sucesso na capital japonesa, o revezamento misto do triatlo também está de volta. São quatro atletas, dois homens e duas mulheres. E na natação, o revezamento 4x100 m medley misto está garantido no megaevento europeu.

Como observa a professora e escritora Katia Rubio, da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), as composições mistas se limitam às modalidades com pequenos números de competidores.

Ela, inclusive, defende que os esportes coletivos também passam a ter composições mistas.

"O movimento olímpico é conservador, quem domina a pauta são os homens", afirma Rubio.

"O ritmo que isso [igualdade] acontece é lento. O COI parece não querer correr o riscos, por isso, age como se estivesse fazendo testes, com receio de desconstruir um modelo centenário. Mas a questão não é física, é política, é moral", completa a professora.

Em Paris, encerradas as inscrições para o megaevento, a plataforma do COI registrou a presença de 5.815 homens e 5.604 mulheres, ou 50,9% a 49,1%. São 211 homens inscritos a mais que mulheres.

O futebol e o hipismo contribuem para tal discrepância. Na equitação, apesar da histórica diversidade, há 130 homens e 70 mulheres nas provas de salto, adestramento e concurso completo.

Já no futebol, o torneio masculino reúne 16 seleções, e o feminino apenas 12. Cada time pode inscrever 22 atletas. Com isso, há 87 homens a mais apenas em um esporte —a seleção da República Dominicana inscreveu um jogador a menos.


VEJA AS NOVIDADES MISTAS DESDE TÓQUIO-2020

Atletismo
Revezamento 4x400 m misto, com dois homens e duas mulheres

Judô
Equipes mistas, com três judocas por gênero, são seis lutas individuais, divididas por categoria de peso: 73 kg, 90 kg e +90 kg para os homens, e 57 kg, 70 kg e +70 kg ara as mulheres

Tiro com arco
Equipes mistas, com um atleta de cada gênero

Tiro esportivo
Carabina de ar 10 m equipes mistas, com um atirador masculino e um feminino
Pistola de ar 10 m equipes mistas, com um atirador masculino e um feminino

Natação
Revezamento 4x100 m medley misto

Triatlo
Revezamento misto, com dois homens e duas mulheres

As estreias em Paris

Atletismo
Revezamento misto da marcha atlética (42 Km), com um homem e uma mulher

Vela
Classe 470, com um homem e uma mulher em cada embarcação

Tiro esportivo
Skeet por equipe, com dois atiradores

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