Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Seleção feminina de vôlei tenta esquecer distrações em busca do ouro em Paris

Equipe vai procurar manter as redes sociais sob controle e não vai à abertura dos Jogos no rio Sena

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Saint-Ouen

José Roberto Guimarães aprendeu o que são as Olimpíadas em 1976, quando atuou como jogador de vôlei, em Montreal. Depois esteve nos Jogos como comentarista e se tornou consagrado treinador, com três medalhas de ouro e uma de prata, entre a seleção masculina e a feminina. Ao longo de quase 50 anos, aprendeu que as distrações são inimigas das medalhas.

Evitar essas distrações tem sido o mantra do técnico na preparação da equipe feminina do Brasil para Paris-2024. Elas sempre foram abundantes em megaeventos como o que se iniciará nesta semana na França, uma reunião de atletas e fãs de todo o planeta, com uma vila olímpica fervilhante e assédio da imprensa. Mas a situação se agravou com o avanço das redes sociais.

"É uma coisa que a gente tem conversado muito, porque a internet é uma coisa que muitas vezes prejudica, é terra de ninguém. Se a gente ficar muito preocupado com o que estão falando, poderá colocar tudo a perder. Então, um dos pedidos é deixar o celular de lado, porque é muito pouco tempo, e a gente precisa estar voltado para dentro do time", disse à Folha o técnico, antes de treino em Saint-Ouen, nos arredores de Paris.

A imagem mostra um grupo de jogadoras de vôlei em um momento de celebração. Elas estão se abraçando e sorrindo, demonstrando alegria. As jogadoras vestem uniformes com as cores verde e azul, e uma delas tem o nome 'BRASIL' visível nas costas.
Atletas se divertem na fase final da preparação para os Jogos Olímpicos de Paris; equipe está treinando em Saint-Ouen, nos arredores da capital - Wander Roberto/COB/Divulgação

A preocupação cresceu por causa de um caso rumoroso ligado ao time, que ganhou destaque nas redes quando terminou o relacionamento entre Sheilla Castro, que foi bicampeã olímpica em 2008 e 2012 e vinha atuando na comissão técnica, e a ponteira Gabi Guimarães. Houve troca de farpas no X (antigo Twitter), acusações de criação de perfis falsos e repercussões evidentes na relação entre as atletas.

Sheilla nem viajou a Paris, sob a justificativa, apresentada pela CBV (Confederação Brasileira de Voleibol), de que sua atuação "tem fases presenciais e ações remotas". Desde então, virou tema recorrente no grupo a necessidade de manter o cuidado no manejo das plataformas.

"A gente conversa muito sobre isso", disse Gabi, 30, personagem central do episódio, que já esteve nos Jogos Olímpicos em 2016, no Rio de Janeiro, e em 2021, em Tóquio. "É postar o que tiver que postar e não entrar muito, sabe? Tem muita gente mal-intencionada nas redes sociais, que vai torcer contra. Querendo ou não, isso acaba afetando de alguma maneira."

Gabi Guimarães é peça importante da seleção brasileira - FIVB - 11.dez.22/Divulgação

A operação foco total atingiu tal nível que, em decisão apresentada como conjunta de jogadoras e comissão, o grupo não vai participar da cerimônia de abertura de Paris-2024, na sexta-feira (26), no rio Sena. A ideia é manter a rotina de treinamentos até a estreia na competição, na próxima segunda (29), contra o Quênia.

Ainda que a primeira rodada seja considerada traiçoeira por Zé Roberto, é inegável o favoritismo brasileiro. Depois, haverá confrontos difíceis com Japão e Polônia, os únicos times que bateram a seleção na recente Liga das Nações. Os dois primeiros colocados de cada grupo estarão nas quartas de final; haverá vaga também para os dois melhores terceiros entre as três chaves do torneio.

"Chegamos em condição de disputar de igual para igual com qualquer seleção do mundo. Vimos na VNL [Volleyball Nations League, a Liga das Nações] o que conseguimos fazer contra as melhores e vimos o que precisamos melhorar. Acho que vai ser a disputa olímpica mais equilibrada dos últimos anos. Você tem aí sete ou oito times que podem ganhar o ouro. Estamos na luta", afirmou o técnico.

Para isso, ele conta com a experiência de Thaisa, 37, bicampeã olímpica que voltou ao time nacional como uma referência, apesar dos problemas no joelho esquerdo. A central sabe que o caminho ao pódio não é construído com likes nas redes. "A receita é treinar muito, manter o foco muito forte, na quadra, na academia, na alimentação. Tudo é foco."

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