Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Velocista que cresceu com asma quer superar Bolt nos Jogos Olímpicos de Paris

Noah Lyles demonstra confiança na tentativa de bater marcas históricas e ser o grande nome do megaevento esportivo

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São Paulo

Kevin Lyles e Keisha Caine Bishop eram estrelas do atletismo universitário dos Estados Unidos, mas não imaginavam que o mais velho de seus três filhos seguiria seus passos. O garoto Noah Lyles sofria com uma asma severa que o fazia respirar com dificuldade e ter uma tosse aguda, cujo som era semelhante a um latido. Ele não podia ter brinquedos de pelúcia, que poderiam acumular poeira e agravar a situação.

Aquele menino hoje tem 26 anos e é o maior velocista do mundo. Cheio de personalidade, fala em superar marcas de Usain Bolt, corredor histórico que defendeu a Jamaica em quatro Olimpíadas, promete ao menos três medalhas de ouro nos Jogos de Paris e realmente tem boa chance de ser o grande nome da edição 2024 do megaevento esportivo.

"Eu definitivamente vou ganhar minha primeira medalha olímpica em Paris", afirmou, em recente entrevista à revista Time. E a segunda? "Com certeza." E a terceira? "Eu, com certeza, vou ganhar três." Quatro? "Essa é discutível!", gargalhou, com um sorriso que não foi visto em Tóquio, nos Jogos de 2020, realizados em 2021 por causa da pandemia do novo coronavírus.

Noah Lyles está certo de que voltará de Paris com a mala cheia - Patrick Smith - 28.jun.24/AFP

Lyles chegou ao Japão como o campeão mundial dos 200 m rasos, mas não estava em seu melhor momento. Primeiro, deu demonstrações de cansaço pelas viagens para competições e a distância de sua família, na Flórida. Em seguida, sofreu com o isolamento na pandemia. Então, em maio de 2020, ocorreu o assassinato de George Floyd, homem negro morto por um policial em Mineápolis. "Eu me lembro de ficar constantemente pensando: ‘Poderia ser eu’", disse.

O velocista norte-americano passou, então, a tomar antidepressivos, dos quais depois se distanciou para retornar às competições. Conseguiu bons tempos em 2021 e desembarcou em Tóquio como o claro favorito nos 200 m, porém sentiu dores no joelho, teve dificuldade de competir sem público –ainda por causa da pandemia– e obteve um bronze considerado decepcionante.

"Eu estava motivado pela metade. Parecia que eu tinha entrado em uma sala vazia e que me falaram: ‘Lute’", afirmou. Ele completou a prova em 19s74, atrás do canadense Andre De Grasse, ouro com 19s62, e do norte-americano Kenneth Bednarek, prata com 19s68. Então, chorou, falou sobre suas dificuldades com a saúde mental e lamentou que não tinha a companhia do irmão Josephus, também velocista, que não se classificou para os Jogos.

Noah hoje chama aquela medalha de sua maior e revê constantemente a corrida no YouTube, embora com alguma dor. "É fisicamente muito difícil apertar o botão ‘play’. Mas, a cada vez que assisto ao vídeo, fico pensando: ‘É, não sou mais aquele cara’", contou.

O atleta passou a trabalhar com a psicóloga do esporte Diana McNab e assegura estar em um momento bem diferente agora. Um dos exercícios é a redação de um roteiro sobre cada parte de uma corrida, do aquecimento à chegada. Há também exercícios de respiração.

Tem funcionado. O falante Lyles esbanja confiança e vem de resultados muito expressivos. No último Mundial de atletismo, em Budapeste, em 2023, conquistou a medalha de ouro nos 100 m, nos 200 m e no revezamento 4 x 100 m. É nessas provas que promete triunfar também em Paris. O quarto ouro, aquele "discutível", depende de ele ser escalado para a equipe dos Estados Unidos no revezamento 4 x 400 m.

Noah Lyles vai a Paris com metas ambiciosas - Christian Petersen - 29.jun.24/AFP

Cumprir as ambiciosas metas na França seria mais uma virada para o garoto que sofria com asma, antes de achar a medicação que lhe permitiu respirar confortavelmente. Mas seus dentes ficaram descoloridos –ele crê que por causa dos remédios– e sofreu com o bullying na escola. "Eles eram impiedosos. Era uma pancada emocional, isso realmente te destrói."

O jovem conseguiu refúgio na arte e no esporte, juntando essas duas paixões quando desenhou o uniforme de seu time de atletismo no ensino médio. E, no fim das contas, tornou-se um atleta de altíssimo rendimento, que fala em superar Usain Bolt —o norte-americano tem 19s31 como melhor marca nos 200 m, contra 19s19 do ídolo jamaicano.

"Sim, por que não? É o meu plano. Eu tenho a personalidade, eu tenho a velocidade, eu sei dar um espetáculo."

Raio-X

Noah Lyles

  • Nome

    Noah Lyles

  • Idade

    26 anos

  • Nascimento

    Gainesville (EUA)

  • Altura

    1,80 m

  • Participações olímpicas

    uma (Tóquio-2020, com bronze nos 200 m)

  • Principais resultados não olímpicos

    seis medalhas de ouro e uma de prata em Mundiais

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