Depois de uma derrota difícil para os EUA na semifinal, a seleção feminina de vôlei conquistou o bronze neste sábado (10) ao bater a Turquia por 3 sets a 1 (25/21, 27/25, 22/25 e 25/15). Uma campanha impecável, seis vitórias e apenas um set cedido, exceto pelo duelo contra as atuais campeãs olímpicas, em que caíram no tie-break.
Apesar do gosto amargo, Paris proporcionou o sexto pódio das mulheres no vôlei, que já contava com dois ouros, uma prata e dois bronzes, em contraste ao time masculino. A equipe dirigida por Bernardinho caiu nas quartas, pior resultado do time desde Sydney-2000. É a primeira vez, também desde as Olimpíadas australianas, que o vôlei de quadra do país não alcança uma final.
"Eu ficaria muito triste se nós voltássemos para o Brasil sem nada. Era uma questão, assim, extremamente importante. Representar o nosso povo, a nossa bandeira, de sair daqui com uma medalha olímpica. Porque isso é história. A gente deixou os nossos nomes como medalhistas de bronze na Olimpíada de Paris", disse o técnico José Roberto Guimarães, muito emocionado, com lágrimas nos olhos desde a execução do hino.
A partida marcou a despedida de Thaisa, "uma das maiores centrais do mundo", nas palavras de Zé Roberto. "Foi uma vida inteira dedicada a isso, à seleção e ao vôlei. Vou continuar no clube, mas a seleção realmente para mim é muito desgastante. E tem uma galera voando. Peguei a Diana pelo braço, abracei e falei 'cara, está contigo, estou passando o bastão para você'", disse, sobre a colega mais nova.
"Queria muito ter conseguido ajudar mais, chegar à final e vencer, mas, a gente está falando, este bronze é ouro para a gente", declarou Thaisa, 37, que, em longo relato, lembrou como Zé Roberto, em 2017, a manteve no esporte após uma séria contusão. "Ele me trouxe de volta à vida, depois ele me trouxe de volta para a seleção. E, depois de tudo isso, conseguimos uma medalha, nós conseguimos uma medalha", afirmou a atleta, abraçando o técnico, que já enxugava as lágrimas com a camisa.
Zé Roberto, 70, indagado sobre seu futuro e Los Angeles-2028, afirmou que tem uma reunião marcada com a Confederação Brasileira de Vôlei. "Precisamos conversar. Quem manda em mim é a Alcione", afirmou, citando sua mulher. "Eu só tenho a certeza de que a Gabi vai", decretou, fazendo rir a atacante, que estava ao seu lado na entrevista coletiva.
Em quadra, o time brasileiro começou ofensivo, prevalecendo com jogadas de ataque. Com o placar em 8 a 4, um pedido de tempo da Turquia ajustou o adversário, que passou no placar, 9 a 10, após um emocionante rali e uma pancada de Vargas.
O set seguiu equilibrado até 20 a 20, com a turca e Rosamaria, as duas maiores pontuadoras até ali, se alternando nos ataques.
Dois bloqueios seguidos, de Thaisa e Gabi Guimarães, mudaram o ritmo do jogo, e o Brasil fechou o primeiro set em 25 a 21.
Embaladas, as brasileiras cresceram e logo abriram 4 a 0 no começo do segundo set, série que só foi interrompida por pedido de tempo e, como de hábito, Vargas. Em outro emocionante rali, com 13 toques na bola, a Turquia fez 5 a 6. A partida cresceu, o bloqueio turco era mais efetivo, e o Brasil só alcançou o empate com o placar em 20 a 20.
Em uma repetição da primeira etapa, dois bloqueios brasileiro seguidos, de Thaisa e Ana Cristina desta vez, puseram o Brasil na frente. A Turquia, porém, só cedeu o segundo set por 27 a 25 após uma intensa troca de pontos.
A disputa foi mais pragmática no terceiro set, com a igualdade se impondo no placar até 15 a 15. Dois erros de recepção do Brasil entregaram a vantagem à Turquia, e Zé Roberto pediu tempo. O técnico brasileiro teria que intervir novamente com o placar em 17 a 21. Com dificuldade, a Turquia fechou em 25 a 22.
O Brasil voltou ofensivo para o quarto set, com Gabi Guimarães virando muitas bolas. Ela foi o destaque do time, com 28 pontos. Sem maiores complicações, a seleção fechou o set e o jogo em 25 a 15.
"Foi um momento muito difícil", disse a ponteira sobre a derrota dos EUA. "Assim que a gente entrou no vestiário, o Zé já puxou a gente e nos trouxe, com muita lucidez, a importância de voltarmos com essa medalha de bronze para casa."
Neste domingo (11), as americanas defendem o título olímpico contra a Itália, a partir das 8h (horário de Brasília).
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.