Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Sem o ouro, Marta passa o bastão à nova geração

Terceira medalha de prata, aos 38 anos, encerra a carreira internacional da maior jogadora da história

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Paris

Um ditado francês diz: "Jamais deux sans trois" ("Nunca duas sem três.") Aquilo que acontece duas vezes provavelmente acontecerá uma terceira. Marta teve sua terceira chance, quando ninguém mais esperava, 16 anos depois da segunda. Mas não conseguiu mudar o resultado. Encerra sua carreira internacional com três medalhas olímpicas de prata .

Terminado o jogo, Marta cumprimentou uma a uma as companheiras de equipe. Cochichou longamente no ouvido de Angelina, 24, candidata a comandar o meio de campo da seleção nos próximos anos. Foi abraçada pelo técnico Arthur Elias.

Chamou o time para saudar, na arquibancada do Parque dos Príncipes, um grupo de parentes das jogadoras, levados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) a Paris para assistir à decisão. As adversárias vieram cumprimentá-las, em sinal de respeito. Conversou mais com Emily Sonnett, Trinity Rodman e Sophia Smith, todas elas rivais na NWSL, a liga profissional dos EUA.

O time formou uma roda e o técnico Arthur Elias fez um discurso. Terminado o papo, caminhando ao longo da linha central do campo, o treinador e Marta conversaram abraçados. Emocionados, os dois deixaram o gramado ovacionados pela torcida. Com os dois indicadores, Arthur "mostrou" Marta para a torcida, que entendeu e começou a aplaudir, ciente de que talvez a estivesse vendo pela última vez com a camisa 10 da seleção.

"Eu tenho muito orgulho dessa medalha de prata. Para nós vale ouro, porque a gente fez uma grande competição, a gente superou obstáculos e adversidades, a gente merece reconhecimento. Que essa prata sirva de muito crescimento para o futebol brasileiro, muita visibilidade. Temos um grupo muito jovem aqui e eu tenho certeza que a gente vai conquistar grandes coisas ainda", afirmou a camisa 10.

Marta começou a partida no banco, como já era esperado depois das boas atuações da equipe em sua ausência. Um cinegrafista sentado em um caixote, ao lado do banco de reservas do Brasil, acompanhava cada reação da estrela.

A imagem mostra uma jogadora de futebol vestindo uma camisa amarela com o número 10, cobrindo o rosto com as mãos, aparentando estar emocionada. Ao seu lado, um homem vestido com uma camiseta bege observa e parece estar oferecendo apoio. O fundo é um campo de futebol com grama verde.
Marta é consolada por Arthur Elias após a derrota do Brasil na final olímpica - Benoit Tessier/Reuters

Assim que saiu o gol de Mallory Swanson, Marta foi chamada por Arthur Elias. Ouviu as enfáticas instruções do técnico, pegou de Adriana a faixa de capitã e partiu em busca da virada.

Como nas outras partidas que disputou nestas Olimpíadas, Marta jogou bem, preocupando o tempo todo a defesa americana, mas não o suficiente para fazer a diferença. Com liberdade para se deslocar em campo, jogou a maior parte do tempo pela esquerda, buscando mais a assistência do que a finalização. As bolas que jogava na área nunca encontravam os pés das companheiras. A cada erro, levava as mãos à cabeça.

Marta só finalizou uma vez na partida: aos 43 minutos, de pé esquerdo, cobrou uma falta do bico direito da área, mas a bola subiu muito. Aos 54 minutos, ainda teve uma última oportunidade, mas no bate-rebate na entrada da área a bola tocou em seu braço. Era o fim.

Eu tenho muito orgulho do que fizemos. Tivemos lesões, a gente jogou no limite, com dores, mas não desistimos

Marta

jogadora da seleção brasileira

"Sensação de orgulho, muito orgulho. Eu acho que quando eu ganhei a medalha de prata das duas vezes em 2004 e 2008, eu não senti tanto orgulho como eu tô sentindo nesse momento dessa medalha de prata. Porque foram 16 anos esperando voltar a uma final de Olimpíada. E pelos históricos das competições anteriores da seleção, vamos ser sinceros, quase ninguém tava acreditando que o Brasil iria chegar a uma final de Olimpíada", disse a melhor jogadora do futebol feminino.

Três medalhas de prata, conquistadas nos Jogos de Atenas-2004, Pequim-2008 e Paris-2024, representam um retrospecto raríssimo na história olímpica, mas a estrela de Dois Riachos (AL) certamente queria mais.

Talvez o futuro reserve à nova geração as conquistas que ainda faltam à seleção feminina, mas terá que ser sem Marta.

"Não tô chorando aqui lamentando que a gente ficou com a prata. Olha o quanto a gente teve que se superar nessa competição pra chegar nessa final. Então, essa prata, como eu falei, ela é o resgate do orgulho que a gente tem que sentir quando a gente coloca a camisa da seleção brasileira e representa o nosso país e joga com alegria, com vontade, com determinação, perseverança, como a gente fez em todos os jogos. E é isso aí, galera. Prata aqui, ouro na vida. Valeu, fui!"

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