NFL repete fórmula da NBA para se popularizar no Brasil

Liga de futebol americano diversifica opções de transmissões ao vivo para se conectar com o público

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São Paulo

Presente na TV aberta e fechada, além de plataformas de streaming, com um total cinco opções diferentes de transmissão, o confronto desta sexta-feira (6) entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, às 21h15 (de Brasília), na Neo Química Arena, em Itaquera, exemplifica a agressiva estratégia da NFL para ampliar a sua presença no Brasil.

RedeTV!, ESPN, Disney+, NFL Game Pass (DAZN) e CazéTV (Youtube e Prime Video) transmitem a partida.

Com o objetivo de fortalecer sua relação com aquele que é segundo maior mercado internacional da liga, atrás somente do México, a organização desembarcou nesta semana em São Paulo com diversas ações sociais e de marketing para fomentar o interesse pela liga, tendo o duelo pela rodada de abertura da nova temporada como o catalisador principal de seu projeto de expansão.

Mesmo para quem nunca viu um jogo de futebol americano foi difícil ficar indiferente ao evento na arena do Corinthians, que contou com diversas formas de divulgação, incluindo as plataformas do próprio clube alvinegro, assim como anúncios na TV, rádio e internet. Um time de influenciadores também foi contratado para criar conteúdo sobre a vinda da liga ao país.

Imagem aérea de um campo de futebol americano, com grama verde bem cuidada. As linhas do campo estão claramente marcadas, e há o logotipo 'EAGL' em uma das extremidades. O estádio ao redor é visível, mas vazio.
Arena Corinthians será palco do jogo entre Philadelphia Eagles and Green Bay Packers - Leonardo Benessatto/Reuters

Ao longo da semana, Eagles e Packers também realizaram eventos para fortalecerem suas conexão com o público local, além de criar novos laços. Na quarta-feira (4), por exemplo, o Eagles organizou um evento de flag football —uma variação do futebol americano em que, em vez de derrubar o adversário, os jogadores devem retirar uma fita (a flag) presa ao corpo do oponente—, que renuiu cerca de 200 crianças no Parque Ceret, na zona de leste de São Paulo.

No ano passado, a NFL e a CBFA (Confederação Brasileira de Futebol Americano) fecharam parceria para o lançamento do Flag Football Brasil. Os jovens recepcionados pelo Eagles, por exemplo, fazem parte de programas locais de flag football.

A estratégia é semelhante ao que outra liga dos Estados Unidos, a NBA, adotou no Brasil nos últimos anos com o mesmo objetivo de ampliar sua base de fãs.

"Uma das principais semelhanças que existem entre NBA e NFL é uma estratégia digital muito bem definida, específica para o público brasileiro, trabalhando para o público brasileiro", explica Marcelo Paganini de Toledo, professor de Gestão e Marketing Esportivo da ESPM-SP.

Para ele, embora a NBA tenha ganhado terreno antes da NFL, a liga de futebol americano passou a ter uma vantagem agora. "Ao trazer um jogo da temporada regular, de dois times de grande repercussão para jogar aqui no Brasil, valendo pela temporada, faz a NFL dar um passo à frente da NBA do ponto de vista de consolidação de mercado", diz.

De acordo com pesquisa do Ibope Repucom, o país tem cerca de 36 milhões de fãs de futebol americano e, pelo menos 9 milhões, tem o hábito de acompanhar regularmente os jogos e conteúdos relacionados ao campeonato e seus clubes.

Foram esses números que ajudaram São Paulo a vencer a concorrência de Rio de Janeiro e Madri para ser a sede de um dos jogos da NFL International Series. Desde 2007, jogos da liga são levados a outros países com o objetivo de popularizar a modalidade. Locais como Londres, Frankfurt, Cidade do México e Munique já receberam o evento. Esse ano, além do Brasil, Inglaterra e Alemanha também vão receber jogos da nova temporada.

"Vimos a paixão, a demanda e estamos ansiosos para viver o jogo de sexta-feira", disse Peter O'Reilly, vice-presidente- executivo de Negócios de Clube e Eventos internacionais da NFL.

Para a presidente da CBFA, Cristiane Kajiwara, a vinda da NFL ao Brasil é uma oportunidade para ajudar a desenvolver a modalidade no país. Ela explica que, atualmente, existem mais de 300 clubes registrados na federação, porém 90% deles são amadores. A entidade organiza campeonatos regionais e nacionais.

"A gente precisa de apoio e patrocinadores, inclusive para organizar o campeonato de uma forma que não custe tanto para os clubes e para os próprios jogadores", diz. "Com a NFL aqui, a gente espera agora ter mais visibilidade", acrescenta.

Um dos aspectos determinantes para a vinda da liga norte-americana ao país foi justamente o interesse de parceiros comerciais de se associar de alguma forma à competição. Nesse ponto, porém, a liga encara um obstáculo, já que a Ambev, por meio da marca Budweiser, que tem um contrato global com a NFL, não sabe ainda se poderá vender cerveja durante o jogo em Itaquera devido a uma proibição baseada numa lei estadual. A liga ainda busca essa liberação junto às autoridades brasileiras.

"Assim como nos shows nas próprias arenas de futebol, faz parte do entretenimento e vai trazer parceiros comerciais importantes para o segmento, além de novas receitas", diz Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil, agência especializada em experiência esportivas.

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