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'Reabrir escola foi mais que recompor aprendizado, é proteção'

Juliana Rohsner, secretária da educação de Vitória (ES), buscou apoio no Todos Pela Educação, vencedor do Empreendedor Social 2022 na categoria Destaques na Pandemia

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São Paulo

Juliana Rohsner, 39, secretária da educação do Município de Vitória (ES), valeu-se do curso para gestores dado pelo Todos Pela Educação para tomar a decisão de reabrir as escolas na pandemia.

A ONG foi decisiva no apoio à reabertura das escolas e à vacinação dos professores na crise sanitária. Liderada por Priscila Cruz, venceu o Prêmio Empreendedor Social na categoria Destaques na Pandemia.

Vencedora do prêmio Educador Nota 10, em 2019, a secretária de educação relata os desafios que precisou superar.

"Eu era diretora de escola quando assumi a secretaria, em janeiro de 2021. Estava no auge da pandemia e não havia uma diretriz nacional: vamos ou não vamos abrir as escolas.

Em Vitória existia um acordo que só iria abrir depois da segunda dose de vacina das crianças. Descobri que o Todos Pela Educação oferecia curso para os secretários, o Educação Já Municípios. Chegaram com esse apoio, que não tive na esfera nacional.

Juliana Rohsner, secretária de Educação de Vitória (ES), contou com a ajuda do Todos Pela Educação para reabrir as escolas na pandemia - Renato Stockler/Folhapress

O Todos trouxe segurança na tomada de decisão. O que faltou para a nação. Estava passando da hora de reabrir e ninguém tinha coragem de colocar a cara. Foi a Priscila Cruz que estava lá falando que era necessário reabrir. Dizendo: "Vamos juntos!". E isso nos fortaleceu como secretários.

Fiz uma reunião com 17 entidades representativas. Todas foram contrárias à reabertura. Mas naquele momento eu já estava fortalecida pelo que acreditava, pelas pesquisas, pelo curso no Todos. Sabia do que estava acontecendo com a escola fechada: aumento da fome, já que 80% das nossas crianças comem na escola, e da violência doméstica.

As entidades fizeram uma carta de repúdio contra a reabertura. E eu fiz uma resposta com os motivos para reabrir. Quando cheguei para trabalhar, tinham enviado um caixão de criança na secretaria.

Como ex-diretora em um território periférico, uma imagem visual me marcou. No retorno das aulas na rede estadual, que aconteceu antes, os profissionais da escola haviam engordado, enquanto as crianças estavam muito mais magras do que antes da pandemia. Ouvia sobre a realidade delas e me perguntava: onde estava o poder público?

Os alunos estavam fazendo isolamento em casas com 18 pessoas, sem banheiro, sem ter como comprar comida. A escola não chegava lá. Por mais que estivesse fazendo atividades remotas, aquela criança não tinha o básico. Não só em tecnologia. Ela não tem uma mesa, nem alguém que diga: "Agora, vai estudar".

Por isso, queria reabrir logo. E o Todos trouxe essa questão: não voltar significa agravo social e na aprendizagem. Reabrimos as escolas em março de 2021. Fomos o primeiro município do Espírito Santo a retornar ao presencial. E isso me enche de orgulho. A gente provou que a escola é um espaço seguro. Não tivemos perda de estudantes entre os 33 mil alunos da rede.

É uma vitória saber que estão na escola. Reabrir é mais do que recompor a aprendizagem. É recompor uma sociedade, relações. É ver gente, ter lugar de alegria. É ter todos os conteúdos que a escola oferece e um espaço de proteção social."

Conheça os demais finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social 2022 na plataforma Social+.

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