Jogos de educação financeira beneficiam 1 milhão de estudantes da rede pública

Presente em quase 300 municípios brasileiros, projeto do Instituto Brasil Solidário incentiva práticas de poupar e investir e mira outros países

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São Paulo (SP)

Um milhão de estudantes brasileiros já tiveram contato com jogos de tabuleiro que ensinam educação financeira. O projeto que nasceu em salas de aula no Ceará, em 2016, alcança hoje escolas de todo o país e da América Latina.

Idealizado pelo Instituto Brasil Solidário (IBS), o projeto "Vamos Jogar e Aprender" ajuda escolas a inserir e trabalhar conceitos como poupança e investimento com alunos dos ensinos fundamental e médio.

Grupo de crianças deitadas no chão formam círculo; elas seguram cartas usada no jogo Bons Negócios. No centro do círculo está o tabuleiro do jogo
Levando educação financeira por meio de jogos, o Vamos Jogar e Aprender está presente em mais de 300 cidades - Divulgação

Atualmente, os jogos educativos "Piquenique" e "Bons Negócios" estão presentes em 3,5% das escolas da rede pública brasileira, em mais de 300 municípios, do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS).

"A conquista desses mais de 1 milhão de alunos é uma validação da qualidade que temos mantido nesses 23 anos", afirma Luis Salvatore, presidente do IBS.

Tudo nasceu de uma conversa da instituição com o Bank of America, que apresentou o projeto-piloto de um jogo para o ensino de educação financeira.

A experimentação com 20 mil alunos no Ceará deu certo e o projeto passou a ser utilizado por estudantes de diferentes séries. Em 2019, chegou ao Chile e, em 2021, à Colômbia.

"Levamos para estes países a mesma estrutura dos jogos que já tínhamos. Só foram preciso algumas adaptações, como trocar um pastel por uma empanada", lembra Salvatore, que neste ano pretende expandir para escolas do México, do Peru e da Europa.

Alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que em 2019 tornou a educação financeira obrigatória em todas as escolas, os jogos estimulam também o empreendedorismo entre os estudantes.

A aluna Maria Clara, 11, se intitulou empreendedora sustentável após receber o "Vamos Jogar e Aprender" em sua escola, em Cabaceiras, na Paraíba.

Usando retalhos de couro que seriam descartados no ateliê do seu pai, ela passou a produzir pulseiras em casa. "Na próxima festa do Bode aqui da região, vou colocar minhas pulseiras e tenho fé que vão vender muito", diz a aluna do ensino fundamental.

Em março, Maria Clara e sua professora, Rosilene de Oliveira, foram reconhecidas no prêmio Educação Financeira Transforma, do Instituto XP.

Escolas indígenas também têm observado benefícios no uso dos jogos em sala de aula.

"Facilitaram a introdução dos conteúdos das diversas disciplinas, como português, matemática e ciências, e os alunos dizem que ajuda a aprender a economizar", afirma Wallyson Teixeira, que coordena o projeto nas escolas Aba Katu e Tabajara, em Monsenhor Tabosa, no Ceará.

O projeto é financiado por empresas que promovem iniciativas ESG (sigla em inglês para práticas sociais, ambientais e de governança), como Bayer e John Deere, e é gratuito para escolas.

E o número de pessoas impactadas pode ser muito maior, de acordo com o IBS. "Um dos diferenciais dos jogos é que eles vão além do ambiente escolar, porque os alunos levam conhecimento para os pais, amigos e conhecidos", diz Luis Salvatore.

Em Cascavel, no Ceará, os estudantes perceberam que os jogos também poderiam ser usados para democratizar o conhecimento sobre finanças com a comunidade e decidiram jogar com comerciantes e moradores do bairro.

"A gente quer ver a comunidade onde a gente mora evoluir", afirma Felipe Barbosa, estudante da Escola Estadual Choró Vaquejador.

"Tá trazendo sabedoria para a gente da comunidade", diz Iracema da Silva, dona de casa. "Para ensinar coisas que eu não sabia e agora eu já sei. Muita coisa aprendi com eles."

Novas escolas podem pedir para receber o "Vamos Jogar e Aprender" no site do Instituto Brasil Solidário.

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