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Conheça apps que oferecem 'xepa virtual' de poke, sorvete e até buffet de hotel

Startups vendem alimentos próximos da validade ou fora do padrão com desconto

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São Paulo

De um lado, toneladas de alimentos em bom estado descartadas ou incineradas ou jogadas no aterro sanitário por razões logísticas ou comerciais.

De outro, um consumidor que gasta boa parte de sua renda com comida, em um cenário em que mais da metade da população vive com algum grau de insegurança alimentar.

Empreendedores brasileiros decidiram unir essas duas pontas e criaram aplicativos que oferecem, com desconto, produtos próximos da data de validade ou com padrão estético não aceito pelos grandes varejistas, que iriam para o lixo mesmo estando perfeitos para o consumo.

A gama de opções dessa "xepa virtual" vem se ampliando, com diferentes modelos de negócios e novos estabelecimentos e cidades sendo incorporados às plataformas.

Das cestas de orgânicos às sacolas surpresa com itens de padaria, do delivery do atacadão à retirada de produtos na confeitaria chique do bairro, os apps prometem transformar o desperdício em lucro para os comerciantes e em economia para o consumidor.

Um deles, o SuperOpa, criou um centro de distribuição para entregar diretamente aos clientes produtos que nem chegariam às prateleiras dos supermercados, ainda que estivessem a meses de vencer.

"Hoje, as grandes redes varejistas têm políticas de gestão de estoque que não aceitam produtos com menos de 50% ou até 70% da vida útil. Se um alimento tem validade de 12 meses, por exemplo, depois de seis meses já não se consegue vender", afirma Luís Borba, CEO da empresa.

Em alguns casos, o problema está apenas na embalagem. Uma cerveja temática de uma competição esportiva, por exemplo, pode ser retirada das gôndolas depois que a Seleção Brasileira é eliminada, mesmo que esteja em perfeitas condições.

"Essa discrepância entre a quantidade de comida jogada fora e o número de pessoas sem acesso a alimentos é um problema que existe há décadas, mas agora a tecnologia está ajudando a encontrar soluções", afirma Borba, que agora está montando containers e pontos de retirada dos produtos em comunidades e bairros de periferia.

Outra empresa que aposta na comercialização do excedente de produção é a Food To Save.

Criada em 2021 com vendas pelo Instagram, hoje a foodtech reúne em seu aplicativo 3.000 estabelecimentos de 16 cidades, que oferecem "sacolas surpresa" contendo alimentos não vendidos ao longo do dia com descontos de 50% a 70%.

São principalmente padarias, hortifrutis, cafeterias e restaurantes, mas há também supermercados e marcas de sorvete, por exemplo. Redes de hotéis também passaram a oferecer no app itens não consumidos no buffet de café da manhã.

Um dos desafios das plataformas que reúnem comércios de produtos perecíveis é o controle de qualidade.

As empresas afirmam que exigem dos estabelecimentos políticas rígidas de segurança alimentar, acompanham as avaliações dos clientes e excluem aqueles que não atendam aos requisitos.

Outra estratégia para atrair a confiança do consumidor é incluir na lista de parceiros restaurantes e marcas famosas.

"Trabalhamos com produtos que têm um tempo de prateleira reduzido. Não podemos errar, o foco tem que ser na qualidade, e não na quantidade", diz o CEO da Food To Save, Lucas Infante.

Infante defende que esse tipo de negócio gera um impacto triplo: econômico, social e ambiental. "Em um país como o nosso, o fator econômico vem na frente, mas o interessante é que a procura pelo fator sustentabilidade, de responsabilidade com o alimento, vem aumentando", afirma.

O argumento da preservação ambiental também é usado pelo app Refood, que destaca estimativas da ONU de que 10% das emissões globais de gases de efeito estufa são associadas a alimentos não consumidos.

Diferentemente de outros apps, a plataforma não trabalha com delivery e se concentra nos comércios de bairro.

A Diferente, outra startup baseada no consumo consciente, incluiu em algumas rotas a entrega com tuk-tuks, veículos que poupam emissão de CO2.

Com o lema "não julgue pela casca", a plataforma oferece delivery de cestas de orgânicos até 40% mais baratas por incluírem itens "diferentões", ou seja, fora do padrão exigido por grandes varejistas.

Buscando o desperdício zero em sua própria cadeia logística, a empresa destina os alimentos não incluídos na montagem das cestas para uma ONG parceira.

Confira a seguir cinco apps que dão uma segunda chance a alimentos que seriam descartados.

SuperOpa

Com o slogan "Transformando desperdício em economia", a empresa compra diretamente da indústria alimentos que seriam descartados antes de chegarem aos supermercados e os oferece por preços mais atrativos na grande São Paulo e nas cidades dos arredores de Campinas. A lista de produtos inclui laticínios, massas, bebidas alcoólicas, material de limpeza, de higiene pessoal e para pets, além de itens veganos. Os descontos costumam variar de acordo com a proximidade da data de vencimento —que pode ser de poucos dias ou vários meses.

superopa.com

Food To Save

O app reúne 3.000 estabelecimentos que oferecem, com até 70% de desconto, "sacolas surpresa" com excedentes de produção —geralmente alimentos perecíveis que ainda estão próprios para o consumo. O cliente não sabe quais itens vai receber, mas pode escolher tamanhos diferentes de sacolas e se quer produtos doces, salgados ou mistos. Padarias, hortifrutis e restaurantes são a maioria dos cadastrados, mas recentemente também foram incluídas indústrias e distribuidores, como Nestlé, Dengo, Cacau Show, Havanna, Kibon e Ben & Jerry’s. Disponível em 16 cidades, entre elas São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.

foodtosave.com.br

B4waste

A plataforma, que funciona nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, reúne 130 lojas que oferecem produtos de consumo rápido com desconto mínimo de 50%. O consumidor faz a seleção por estabelecimento e verifica se há itens disponíveis para delivery ou retirada naquele momento. Ofner, Mundo Verde, Natural da Terra, Evino e supermercados Dia são alguns parceiros.

b4waste.com.br

Refood

O app reúne estabelecimentos que oferecem sacolas com o excedente da produção do dia por um terço do valor original. Não há delivery: o cliente escolhe o raio de localização em relação a seu endereço e passa pessoalmente para buscar os produtos. Cada loja é avaliada nos quesitos funcionários amigáveis, agilidade na retirada, preço, sabor e quantidade de comida. Funciona na cidade de São Paulo, em bairros como Vila Olímpia, Tatuapé e Vila Madalena, e entre os estabelecimentos cadastrados estão a Padoca do Maní e o restaurante Let´s Poke.

refood.app.br

Diferente

A empresa oferece delivery recorrente de cestas de frutas e verduras orgânicas até 40% mais baratas que a média. De 20% a 50% dos alimentos são "diferentões" —fora do padrão, ou seja, maiores, menores, mais tortos ou manchados que os vendidos no mercado tradicional. O app também usa inteligência artificial para ajustar as cestas às preferências de cada cliente. O serviço está disponível atualmente em mais de 50 cidades no estado de São Paulo e neste mês passa a funcionar também em Curitiba.

mercadodiferente.com.br

Fruta Imperfeita

Uma das pioneiras no comércio de alimentos desprezados pelo varejo, a empresa surgiu em 2015 oferecendo delivery de frutas, verduras e legumes –orgânicos ou não— perfeitos para o consumo, mas imperfeitos esteticamente. A compra é feita diretamente de pequenos produtores rurais, sem intermediários no elo com o consumidor.

frutaimperfeita.com.br

A causa 'Fome de quê? Soluções que inspiram' conta com o apoio da VR e da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

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