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Organizações discutem como IA pode gerar impacto social

Evento da Recode apresentou exemplos de democratização do acesso à tecnologia no Brasil

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São Paulo (SP)

Empreendedores sociais e especialistas em tecnologia participaram de evento virtual da Recode nesta terça-feira (19) para debater o papel das ferramentas de IA (inteligência artificial) na diminuição de desigualdades socioeconômicas.

O seminário promovido pela organização sem fins lucrativos dedicada à inclusão social teve como temas centrais o empoderamento digital e o uso da IA no terceiro setor. Além disso, foram apresentados exemplos de iniciativas de democratização do acesso à tecnologia no Brasil.

Iniciando as palestras, François Bonnici, diretor-executivo da Fundação Schwab, braço social do Fórum Econômico Mundial, afirmou que vários avanços já podem ser notados na área da saúde, como a utilização de IA na telemedicina.

Tela do Zoom que mostra participantes de um evento
Evento virtual da Recode reuniu empreendedores sociais de diferentes países - Divulgação

Segundo ele, a ferramenta está transformando "o acesso e a qualidade do cuidado fornecido às pessoas que vivem longe de serviços de saúde". Já no campo da sustentabilidade, a expectativa é que a IA permita mapear e dimensionar com cada vez mais precisão o impacto ambiental causado pela ação humana.

Outro potencial promissor, explicou Bonnici, é o emprego da tecnologia para "empoderar aqueles que foram historicamente excluídos da participação nas economias". Apesar dessas oportunidades, desafios de regulamentação seguem sendo problema global.

"A formulação de políticas está muitos passos atrás da tecnologia, o que cria grandes riscos. Por essa razão, o Fórum Econômico Mundial se esforça para unir indústria e governos, a fim de entender quais são os perigos da IA e quais limites devem ser estabelecidos internacionalmente", disse o diretor da Schwab, fundação que é parceira da Folha na realização do Prêmio Empreendedor Social.

A importância da colaboração internacional também foi ressaltada na fala de Jeroo Billimoria, fundadora de diversas ONGs, entre elas o Catalyst 2030, movimento global para aceleração dos ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU.

Na visão da especialista, criadores de iniciativas de impacto baseadas em IA devem se apropriar de fóruns como o G20 para compartilhar experiências e influenciar a formulação de políticas públicas.

Democratização digital na prática

Mariana Zuppolini, representante da Accenture, falou sobre democratização digital a partir de soluções desenvolvidas em comunidades. Projetos dessa natureza propiciam acesso e treinamento tecnológico a grupos socialmente vulneráveis, explicou ela.

Exemplo disso é a coalizão criada pela Recode, em parceria com Accenture, Microsoft e B3, para tornar acessível o conhecimento tecnológico em favelas do Rio de Janeiro. Além de oferecer cursos focados em IA, uma das metas do projeto é empregar 30% dos jovens atendidos e graduados ao fim da formação.

"É preciso que as populações vulneráveis possam usar a inteligência artificial como vantagem competitiva para a empregabilidade. A tecnologia já está aqui e sua adoção não vai parar, então precisamos torná-la alavanca da inclusão produtiva", disse Zuppolini.

Na sequência, Hermom Tangarife, diretor da ONG Solar Meninos de Luz, fez uma participação, citando como exemplo de inclusão digital a capacitação que a Microsoft e a Recode ofereceram a jovens cariocas.

"Nossos alunos começaram a ter as trilhas de aprendizado sobre tecnologia, e isso os colocou em um lugar de protagonismo", afirmou o palestrante. "Começamos a fazer um mapeamento desses talentos e geramos uma incubadora de tecnologia para assistir a comunidade."

Odin Mühlenbein, parceiro da Ashoka na Alemanha, deu dicas de como organizações do terceiro setor podem empregar aplicações de IA em suas operações. "É preciso dar início ao processo de maneira extremamente modesta, tomando cuidado com dados sensíveis e acessos de usuários, até chegar às aplicações avançadas", disse ele.

Na avaliação Rodrigo Baggio, fundador da Recode, as tecnologias em questão inauguram uma nova fase da revolução industrial, marcada pelo alinhamento com a inteligência humana.

"No início da década de 1990, a Recode surge com a premissa de democratizar computadores e internet. Em 2010, começamos a atuar fortemente na humanização das tecnologias da quarta revolução industrial. Agora, o próximo passo envolve ferramentas como realidade virtual, realidade aumentada e a internet das coisas."

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