Financiamento é principal desafio das startups de impacto no Brasil, diz estudo

Pesquisa do Sebrae revela que investimento levantado por empresas sociais geralmente provém de amigos, familiares ou dos próprios fundadores

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São Paulo (SP)

Em relatório sobre o perfil e os desafios das startups brasileiras, produzido entre novembro e dezembro de 2023, o Observatório Sebrae Startups constata que o principal entrave no dia a dia das empresas é a dificuldade de obter financiamento. O documento foi elaborado a partir de pesquisa com 408 empreendedores de negócios que atuam em causas socioambientais.

De acordo com a pesquisa, menos de 15% das startups de impacto recebem algum recurso público e cerca de 35% são financiadas exclusivamente por seus fundadores. Além disso, amigos e familiares são responsáveis por 40% de todo o investimento recebido pelas organizações.

Jéssica Sena, analista de inovação do Sebrae no Rio Grande do Norte, explica que o desafio de financiamento guarda relação com o estágio de maturidade das startups analisadas: "Parte considerável está em uma fase embrionária. Mais de 40% se encontram na etapa de ideação e validação, de forma que ainda não apresentam faturamento relevante para atrair investimento mais robusto".

pessoas reunidas em torno de uma mesa branca, rodeadas por janelas
Relatório do Sebrae mostra que 40% das startups de impacto encontram-se nos estágios de ideação e validação do produto - Guido Ferreira/Divulgação

O problema não é exclusivo do ecossistema de impacto. "Ter como fonte de recurso os próprios empresários ou amigos é característica comum de todas as empresas inovadoras, já que elas estão em uma fase inicial de desenvolvimento, quando ainda há muito risco para o investidor", diz Philippe Figueiredo, analista de inovação do Sebrae Nacional.

Ainda assim, investimentos de impacto têm crescido no Brasil. Em 2021, o volume total foi de R$ 18,7 bilhões, segundo relatório divulgado pela Ande (Aspen Network of Development Entrepreneurs). O número representa um crescimento de 60% em relação ao valor do ano anterior, de R$ 11,5 bilhões.

Outro destaque da pesquisa do Sebrae foi o perfil dos negócios sociais. Aproximadamente 60% estão concentrados nas regiões Sudeste (41,42%) e Nordeste (21,08%). Além disso, educação é a área de maior atuação, seguida por agronegócio e saúde e bem-estar. Outro fator de destaque é que quase 50% das startups adotam o modelo B2B (business to business), em que os clientes das empresas são outras empresas, e não pessoas físicas.

Os principais problemas socioambientais que os empreendimentos avaliados se propõem a solucionar são: reciclagem e gestão de resíduos; redução de emissão de gases efeito estufa; uso sustentável de recursos naturais; logística reversa; produção agrícola sustentável.

"Um fator interessante que observamos foi a forte presença feminina na liderança das startups de impacto: 41% contam com cofundadoras mulheres", diz Figueiredo. Quanto ao perfil racial, 60% dos fundadores se declaram brancos, enquanto negros e pardos correspondem a 35%.

Para o levantamento dos dados, o Sebrae desenvolveu um formulário interno na plataforma Sebrae Startups e realizou uma chamada nacional. As respostas de empresários de todos os estados brasileiros foram coletadas entre novembro e dezembro de 2023.

Em outro relatório, publicado em maio deste ano, o Observatório Sebrae Startups analisou 646 empreendimentos da Amazônia Legal. Segundo o estudo, Pará lidera em número de startups e negócios inovadores na região, com 23% do total, sendo seguido por Amazonas (18%) e Maranhão (13%).

Além disso, 34,8% das startups e negócios inovadores na Amazônia Legal estão na fase de obtenção de clientes e de captação de investimentos, configurando-se como microempresas.

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