TV Globo apela para
o absurdo sem limite
ADRIANA RESENDE
da Folha Online
O programa "No Limite", inspirado no norte-americano "Survivor"
e transmitido pela Rede Globo aos domingos depois do Fantástico,
expõe os participantes a possíveis situações
em que a vida se torna um jogo de vale-tudo.
E
aí vale de tudo mesmo: pintar-se feito índio, atravessar
um lago se firmando em dois cabos de aço para pegar dois
saquinhos e até...quem diria... comer olho de cabra. Por
pior que isso pareça.
A
série tenta reproduzir situações hipotéticas
até improváveis, mas não impossíveis.
Quem não se imagina comendo o que vier pela frente, se quiser
sobreviver? Pegue-se um habitante da Etiópia ou até
do Nordeste, para ficar mais próximo de nós, brasileiros:
se estiver passando fome, vai deixar de comer lagarto? Ele, que
vive no limite extremo da sobrevivência, vai procurar se virar
como puder. Muito provavelmente, se o lagarto for a solução
imediata do problema, mãos à obra, cozinha-se o lagarto.
Quem não tem cão...
Será
apenas um jogo, e todas as peças serão de mentirinha,
para aumentar a audiência no horário? Ninguém
prova. Mas será que uma campeã de audiência
como a Globo precisaria apelar para o absurdo e o grotesco?
É
claro que os participantes têm apoio da equipe da emissora
e de fuzileiros navais e, por isso, têm até certeza
de que não estão realmente "no limite".
Então, nesse caso, não há nada de limite. Porque
ali vale um prêmio em dinheiro ao fim do último episódio.
Sem contar que todo participante eliminado ganha um carro 0km e
uma quantia em dinheiro proporcional ao tempo em que ficou no programa.
E
a Globo? A Globo sai ganhando, pois o sucesso está garantido.
Pela sexta vez consecutiva, o programa obteve uma média alta
de audiência na noite de domingo (27): foram registrados 43
pontos de média no Ibope. Isso significa que foi visto por
3.440.000 espectadores na Grande São Paulo. Cada ponto do
Ibope equivale a 80 mil televisores ligados.
Só para se ter uma idéia, o programa vem mantendo
essa média desde o primeiro episódio, em 23 de julho,
quando alcançou índice de 47 pontos de audiência
(3,760 milhões de telespectadores na Grande São Paulo).
A média da novela Laços de Família durante
a semana de 23 a 29 de julho foi de 44 pontos, ou 3,520 milhões
de telespectadores na região metropolitana paulista.
A
emissora proíbe os participantes de dar entrevistas. Eles
só podem falar com autorização da Globo, que
tem liberado os participantes somente para aparecerem em programas
da emissora como o "Domingão do Faustão".
Lógico, pois o final...eles decidem. Ué! Mas não
era "No Limite"?
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