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Para pesquisadora, exagero e dramaticidade da mídia levam à cultura da violência

da Folha Online

Vania Delpoio/Folha Imagem
Elizabeth Rondelli e Micael Herschmann
O sequestro de um ônibus na zona sul do Rio na segunda-feira (12/6), em que morreram uma refém e o assaltante, serviu de referência e exemplo durante o debate "Linguagens da Violência". O evento foi promovido pela Folha e pela editora Rocco terça (13/6), às 20h, no auditório da Folha.
Na ocasião, foi lançado o livro de mesmo nome, uma coletânea de artigos que compõem uma análise cultural das formas e manifestações da violência na sociedade. Os organizadores do livro são os professores Carlos Alberto Messeder Pereira, Elizabeth Rondelli, Karl Schollhammer e Micael Herschmann, pesquisadores da Escola de Comunicação da UFRJ.
O debate contou com a participação de dois dos organizadores do livro: Micael Herschmann, professor de cultura brasileira e vice-coordenador do Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação da Escola de Comunicação da UFRJ, e Elizabeth Rondelli, professora da Escola de Serviço Social e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação da Escola de Comunicação da UFRJ.
Estiveram presentes também Túlio Kahn, sociólogo do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente), e o artista plástico Rubens Gerchman, que é o autor do quadro que ilustra a capa da obra.
O mediador foi o jornalista Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha. Ao abrir a discussão, Dimenstein abordou a coincidência, segundo ele "trágica", de ter ocorrido o sequestro do ônibus justamente na véspera. Para ele, o fato foi revelador do descontrole da polícia e da sociedade sobre a violência.
Rubens Gerchman é autor de uma série de quadros chamada Registro Policial, que começou a fazer em 1975, sobre a violência na cidade do Rio de Janeiro. Na sua opinião, as pessoas que praticam a violência também têm medo.
"O que me chama a atenção é que os assaltantes tinham semblantes carregados. Eles ficam surpreendidos quando são fotografados. É como se, pela primeira vez, alguém os tivesse destacado, tirado da multidão."
Segundo o professor Micael Herschmann, o livro não apresenta muitas soluções aos problemas sobre a criminalidade no Brasil. "Ele traz muito mais questões do que soluções". Ele explica que o objetivo dos organizadores foi o de "descriminalizar" o debate sobre a violência e analisar a interface da violência com a arte, seja com as artes plásticas, seja com a música.
"A violência pode se constituir numa linguagem", afirma. Herschmann acrescenta que, a partir de artes sobre a violência, é possível fazer críticas sociais, denúncias, mobilizar as autoridades e até mesmo estruturar formas de governo. "A violência tem sempre um significado social."
Coube a Elizabeth Rondelli, durante o período de pesquisas para a edição do livro (1994 a 1998), analisar o papel da cobertura de fatos violentos pelos meios de comunicação. Elizabeth analisa que os exemplos em que a mídia conseguiu maior comoção por parte da opinião pública tiveram como diferencial a presença da polícia.
Ela cita como exemplo as chacinas do Carandiru (outubro de 92, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar, durante uma rebelião no presídio do Carandiru, em São Paulo), da Candelária (julho de 93, morreram assassinados oito meninos de rua, que dormiam sob a marquise da Igreja da Candelária, no Rio).
"A mídia opera como uma macrotestemunha social", diz a pesquisadora. Segundo ela, os meios de comunicação dão visibilidade exagerada aos episódios de violência. "É como se ela tivesse o papel de descortinar aquilo que nós queremos esconder."
Elizabeth classifica a mídia como um ator político. Segundo ela, a mídia interfere no fato, dramatiza e exagera na cobertura do episódio violento.
Dimenstein, antes de passar a palavra a Túlio Kahn, sociólogo do Ilanud, disse que se impressiona com o trabalho de cobertura dos fatos violentos. "Esta é a diferença do educador e do jornalista: o educador acompanha os processos, e o jornalista acompanha o fato imediato. O resultado disso é desinformação." Ele argumenta que a imprensa não tem noção, muitas vezes, de estatísticas corretas, e parte para a exibição de um "show" violento.
Para Túlio Kahn, existe uma superexploração dos crimes violentos contra a pessoa, como chacinas, homicídios, sequestros, em oposição à subexploração de crimes mais frequentes que afetam o cotidiano, como furtos e outros crimes contra o patrimônio.
Túlio diz que pesquisas feitas pelo Ilanud avaliam a cobertura da Folha e do "Jornal do Brasil", de 97 a 98, e encontram 10% das notícias policiais abordando os sequestros que, para a opinião pública, principalmente as camadas mais baixas da população, 43% têm medo de ser sequestrados, o que poderia demonstrar, segundo ele, a influência da mídia.
O público presente fez perguntas com relação a outros tipos de violência, como a violência das torcidas de futebol. Para Elizabeth, pode-se até achar horrível ver cenas violentas ou tristes na televisão. "A violência é um prazer. Você paga pra ver, seja no cinema, seja nas torcidas. Parece ser bom ir ao campo, bater e apanhar", afirma.
Micael Herschmann acrescenta que as "galeras funkeiras" do Rio, que também fazem parte de torcidas organizadas, não vêem o rapaz que bate mais como truculento, e sim, reconhecem um sentido coletivo, vendo nesse rapaz um líder do grupo.
(Adriana Resende)


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