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02/05/2007
-
21h05
da Folha Online
Pouco atrás de seu concorrente nas pesquisas de opinião na França, a candidata socialista Ségolène Royal, 53, usou nesta quarta-feira uma estratégia agressiva para conquistar os eleitores, a quatro dias da votação que decidirá o futuro presidente do país. Royal e o candidato conservador Nicolas Sarkozy, 52, se enfrentaram hoje em um debate na TV que foi assistido por cerca de 20 milhões de franceses.
Os dois candidatos trocaram ataques verbais durante um debate tenso. Royal rapidamente questionou o histórico de Sarkozy como ministro do Interior e das Finanças, cargos que ele ocupou antes de concorrer à Presidência. "O que você fez nos últimos cinco anos? Há um problema de credibilidade aqui", disse a socialista, que interrompeu as respostas de Sarkozy com freqüência.
Sarkozy, que mantém a liderança em praticamente todas as pesquisas de opinião desde o 1º turno, adotou uma atitude defensiva durante a maior parte do debate, mas atacou sua oponente em alguns momentos.
Durante uma discussão sobre escolas para portadores de deficiência, o conservador acusou Royal de perder a calma: "Ao menos isso serviu a um propósito --mostrar que você fica irritada muito depressa. Um presidente é alguém que tem responsabilidades muito sérias".
"Não vou aceitar as imoralidades de seu discurso político", disse Royal em resposta. "Não ficarei calma frente a injustiças".
O primeiro e único debate entre dois candidatos válidos na corrida eleitoral foi transmitido ao vivo em dois dos principais canais de TV da França e alcançou uma audiência estimada em metade dos 44,5 milhões de eleitores do país. O debate foi iniciado às 21h locais(16h de Brasília) e durou duas horas.
No último sábado, Royal protagonizou um debate com o candidato derrotado François Bayrou, que ficou em 3º no primeiro turno.
Sarkozy venceu o primeiro turno em 22 de abril com 31,2% dos votos, contra 25,9% de Royal. A eleição será decidida no próximo domingo (6).
Funcionalismo e dívida pública
Sentados frente a frente, os dois candidatos trocaram argumentos acalorados sobre formas de diminuir a dívida do governo e reorganizar o "exército" de funcionários públicos franceses.
A jornada de trabalho de 35 horas semanais, introduzida pelo último governo socialista, foi um ponto especial de discórdia.
"A jornada de 35 horas é uma completa catástrofe para a economia francesa", disse Sarkozy. Royal, em seguida, perguntou a ele porque o governo atual --do qual ele fez parte-- não alterou a legislação.
O conservador desafiou Royal quando ela anunciou um plano de impostos para pagar pensões mais altas no país mas não especificou taxas nem possível arrecadação. "Esse é um 'detalhe' impressionante. Você não pode nos dar um número?" repetiu Sarkozy várias vezes.
Política externa
Em outro momento, Sarkozy se manifestou contrário à entrada da Turquia na União Européia, enquanto Royal defendeu a continuidade do diálogo com Ancara.
Sarkozy negou que sua oposição se deva à maioria muçulmana da Turquia e disse que se opõe a sua entrada no bloco pelo fato de o país estar "na Ásia Menor e não na Europa". Royal disse que essa questão deverá ser decidida após uma consulta ao povo francês.
Sobre a Constituição Européia, negada pelos franceses em um referendo, Sarkozy afirmou que não se pode "voltar atrás" e que o bloco deveria interromper seu processo de expansão até que a adoção de um tratado simplificado que permita aplicar com sucesso as novas instituições do bloco. Já Royal disse preferir realizar um novo referendo sobre a Constituição.
Disputa
As últimas pesquisas dão vantagem ao candidato da direita com 52% a 53% das intenções de voto, contra 48% a 47% para Royal, primeira mulher em reais condições de se tornar presidente na França.
Os dois finalistas deverão principalmente se esforçar para seduzir os eleitores ainda indecisos do centro --cerca de um terço dos 6,8 milhões de pessoas que haviam votado em François Bayrou, 3º colocado no primeiro turno.
O líder do Partido Socialista, François Hollande, companheiro de Royal, considerou que este debate seria o mais importante desde 1981 --quando François Mitterrand venceu-- porque "sabemos que a eleição está aberta".
Sarkozy prometeu uma "ruptura" se for eleito, centrando sua campanha nas questões de segurança e imigração, e propondo uma série de reformas econômicas liberais.
Royal, que afirma que ela será a presidente de uma "França apaziguada", propõe uma profunda reforma das instituições e uma "democracia participativa", e quer aplicar uma série de medidas sociais.
No passado, algumas pequenas frases proferidas nestes debates ficaram na memória, como "você não tem o monopólio do coração", lançada em 1974 por Valery Giscard d'Estaing para o socialista François Mitterrand.
Com Reuters, France Presse e Efe
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Pouco atrás de seu concorrente nas pesquisas de opinião na França, a candidata socialista Ségolène Royal, 53, usou nesta quarta-feira uma estratégia agressiva para conquistar os eleitores, a quatro dias da votação que decidirá o futuro presidente do país. Royal e o candidato conservador Nicolas Sarkozy, 52, se enfrentaram hoje em um debate na TV que foi assistido por cerca de 20 milhões de franceses.
Thomas Coex/Reuters |
Royal (esq.) e Sarkozy (dir.) se enfrentam frente a frente em debate na TV |
Sarkozy, que mantém a liderança em praticamente todas as pesquisas de opinião desde o 1º turno, adotou uma atitude defensiva durante a maior parte do debate, mas atacou sua oponente em alguns momentos.
Durante uma discussão sobre escolas para portadores de deficiência, o conservador acusou Royal de perder a calma: "Ao menos isso serviu a um propósito --mostrar que você fica irritada muito depressa. Um presidente é alguém que tem responsabilidades muito sérias".
"Não vou aceitar as imoralidades de seu discurso político", disse Royal em resposta. "Não ficarei calma frente a injustiças".
O primeiro e único debate entre dois candidatos válidos na corrida eleitoral foi transmitido ao vivo em dois dos principais canais de TV da França e alcançou uma audiência estimada em metade dos 44,5 milhões de eleitores do país. O debate foi iniciado às 21h locais(16h de Brasília) e durou duas horas.
No último sábado, Royal protagonizou um debate com o candidato derrotado François Bayrou, que ficou em 3º no primeiro turno.
Sarkozy venceu o primeiro turno em 22 de abril com 31,2% dos votos, contra 25,9% de Royal. A eleição será decidida no próximo domingo (6).
Funcionalismo e dívida pública
Sentados frente a frente, os dois candidatos trocaram argumentos acalorados sobre formas de diminuir a dívida do governo e reorganizar o "exército" de funcionários públicos franceses.
Reuters |
Nicolas Sarkozy criticou Ségolène Royal por perder a calma durante discussão na TV |
"A jornada de 35 horas é uma completa catástrofe para a economia francesa", disse Sarkozy. Royal, em seguida, perguntou a ele porque o governo atual --do qual ele fez parte-- não alterou a legislação.
O conservador desafiou Royal quando ela anunciou um plano de impostos para pagar pensões mais altas no país mas não especificou taxas nem possível arrecadação. "Esse é um 'detalhe' impressionante. Você não pode nos dar um número?" repetiu Sarkozy várias vezes.
Política externa
Em outro momento, Sarkozy se manifestou contrário à entrada da Turquia na União Européia, enquanto Royal defendeu a continuidade do diálogo com Ancara.
Sarkozy negou que sua oposição se deva à maioria muçulmana da Turquia e disse que se opõe a sua entrada no bloco pelo fato de o país estar "na Ásia Menor e não na Europa". Royal disse que essa questão deverá ser decidida após uma consulta ao povo francês.
Sobre a Constituição Européia, negada pelos franceses em um referendo, Sarkozy afirmou que não se pode "voltar atrás" e que o bloco deveria interromper seu processo de expansão até que a adoção de um tratado simplificado que permita aplicar com sucesso as novas instituições do bloco. Já Royal disse preferir realizar um novo referendo sobre a Constituição.
Disputa
As últimas pesquisas dão vantagem ao candidato da direita com 52% a 53% das intenções de voto, contra 48% a 47% para Royal, primeira mulher em reais condições de se tornar presidente na França.
Reuters |
Ségolène Royal adotou uma postura agressiva para tentar derrotar Sarkozy no debate |
O líder do Partido Socialista, François Hollande, companheiro de Royal, considerou que este debate seria o mais importante desde 1981 --quando François Mitterrand venceu-- porque "sabemos que a eleição está aberta".
Sarkozy prometeu uma "ruptura" se for eleito, centrando sua campanha nas questões de segurança e imigração, e propondo uma série de reformas econômicas liberais.
Royal, que afirma que ela será a presidente de uma "França apaziguada", propõe uma profunda reforma das instituições e uma "democracia participativa", e quer aplicar uma série de medidas sociais.
No passado, algumas pequenas frases proferidas nestes debates ficaram na memória, como "você não tem o monopólio do coração", lançada em 1974 por Valery Giscard d'Estaing para o socialista François Mitterrand.
Com Reuters, France Presse e Efe
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