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Sábado, 27 de maio de 2000

O menino
da selva

José Henrique Mariante
     
Diego Medina

A nova choradeira de Barrichello acabou sendo suplantada nesta semana pelo teste de Antonio Pizzonia na Benetton.

Sim, o garoto parece ser bom, mas há tempos não se via tanta expectativa em torno de um novato.

E, como não acontece há anos, o combustível para isso não parece ser apenas a velha ansiedade nacional por um bom piloto na principal categoria do mundo.

A atenção dada pela mídia européia, notadamente a inglesa, aos testes em Valência foi acima da média. Mas extrapola as qualidades (que não são poucas) do piloto brasileiro.

E como jornalista inglês na F-1 não dá ponto sem nó, fica fácil perceber que o excepcional tratamento dado a Pizzonia tem uma razão de ser: Jenson Button.

Os ingleses descobriram, por acaso, uma nova estrela neste início de temporada, um sujeito novo, simpático, enfim, uma cara nova que pode render muitas páginas de jornais e revistas. Melhor, anda bem, apesar da pouca experiência.

O futuro do rapaz, porém, depende de um outro inglês, excêntrico, capaz das maiores barbaridades, sir Frank Williams. E o enredo da novela se completa com a preferência declarada do nobre dirigente da ascendente Williams pelo colombiano Juan Pablo Montoya, a estrela deste fim-de-semana na América.

E onde entra Pizzonia na história? O amazonense é o sujeito que irá confirmar que um piloto vindo da F-3 inglesa é capaz de encarar um F-1 sem dificuldades.


É o sujeito que irá confirmar que as categorias de formação inglesas são capazes de formar bons pilotos, de que a F-3000 burocrática e pan-européia de Ecclestone é um degrau desnecessário e que Button não é uma mosca branca no meio do grid, mas o verdadeiro futuro da categoria.

Talvez não exista esporte mais europeu que a F-1. E quem olhar de perto perceberá que aquele pequeno universo é reprodução fiel do continente. E irá entender o porquê dessas diferenças.

Para encher ainda mais a bola de Pizzonia, a fúria inglesa encontrou respaldo em outra figura incomum da F-1, Flavio Briatore, que pode ser tudo, até um sujeito que nada entende de carros, como muitos já afirmaram, mas não tem nada de burro.

Percebeu de cara o principal problema da Benetton, a apatia, e foi seco: quem não se superar até determinada altura, está fora.

Fisichella, outro italiano esperto, tratou de correr e já pontuou em três corridas neste ano.

Wurz vacilou. E Briatore, o homem que não teve pudores de demitir Moreno em plena temporada para contratar Schumacher, sabe muito bem que para apertar piloto basta pôr outro ao lado.

Sem falar que Pizzonia, como Button, se sobressai não apenas na pista. Afinal, poucos são os que contam com apelido tão chamativo (os ingleses adoram), "Jungle Boy". Perfeito para um time que faz seus pilotos confraternizarem com aborígenes na Austrália, passearem em mercado central em Kuala Lumpur e desfilarem ao lado de modelos famosas.

Neste ou no próximo ano, Pizzonia parece ter lugar garantido no futuro time da Renault.

E, enquanto isso, Barrichello reclama e leva pito.


NOTAS


Marmelada
Sem fazer muito barulho, a FIA enterrou nesta semana o processo sobre o time que trapaceou o regulamento em 1999, tornado público por Mosley em Imola. A alegação é falta de provas. Como bom advogado, o presidente da FIA foi, no mínimo, leviano ao levantar tal acusação. O que reforça a tese de que o episódio só serviu mesmo para fazer barulho e justificar as mudanças que a entidade deseja no regulamento.

Fumaça
A recente investida do Ministério da Saúde contra o cigarro promete causar reflexos no automobilismo nacional.

Bridgestone
A empresa afirmou que deixará a F-1 no final do ano se os pneus com sulcos acabarem, como reivindicam os pilotos. Não quer começar do zero com a Michelin na pista.




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