Você já encostou em óleo tipo aqueles de carro, ou na graxa que encobre a corrente da bicicleta?

São substâncias grudentas e pegajosas, e que, se caem na roupa ou melecam a mão, precisam de um bom tempo debaixo da torneira para sair por completo. Imagine que pesadelo se um negócio desses se espalha pela natureza.

Pois em setembro de 2019, isso se tornou realidade. Manchas de petróleo começaram a aparecer em várias praias do Nordeste do Brasil.

Mais de 2.000 quilômetros foram atingidos, e este foi o maior acidente ambiental em termos de extensão de acordo com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis).

O escritor Guilherme Gontijo e o ilustrador Daniel Kondo ficaram muito impressionados com tudo que aconteceu naquela época, e resolveram escrever um livro inspirado no óleo das praias brasileiras —é o “A Mancha” (editora FTD, 48 páginas, R$ 49).

“Eu senti muita tristeza e depois raiva, porque algo assim não podia ter vindo da natureza. Era um acontecimento de descuido humano”, lembra Guilherme. Ele fez um poema que, com chiados e aliterações, parece que vai pegando e manchando todos os versos.

Daniel queria reforçar a gravidade do episódio das praias, e por isso desenhou a mancha caminhando pelas páginas do livro, engolindo tudo o que via pela frente. “Este evento foi muito triste pela destruição que gerou tanto na natureza quanto nas famílias que dependiam do mar para tirar o seu sustento.”

Os autores entendem que a humanidade precisa repensar sua existência em harmonia com os outros seres vivos.

E, neste sábado (5) em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, é legal lembrar que, assim como “A Mancha”, existem vários outros livros que sugerem que todos cuidem melhor da natureza.

“Estamos o tempo todo em contato com ela. Precisamos de ar, de água, uma temperatura razoável, espaço pra morar, e tudo isso é a natureza”, diz Guilherme. “Os livros trazem a mensagem de que algo pode ser feito para restaurar o equilíbrio. Eu tenho essa esperança”, acredita Daniel.

Veja mais livros infantojuvenis que falam do meio ambiente

Plantando as Árvores do Quênia 

(Claire A. Nivola, editora SM, 32 páginas, R$ 35,99) A história da primeira mulher africana a receber o Nobel da Paz, a ambientalista queniana Wangari Maathai. Ela fundou o movimento Cinturão Verde e ganhou o prêmio em 2004 por sua contribuição ao desenvolvimento sustentável, à democracia e à paz.

A Floresta 

(Irena Freitas, Companhia das Letrinhas, 32 páginas, R$ 44,90) Depois de ver as notícias na TV, uma menina quer acabar com a destruição da floresta. A autora se inspirou em Manaus e nos incêndios que ocorreram em 2019 na Floresta Amazônica para criar esta história.

O Protesto 

(Eduarda Lima, Pequena Zahar, 48 paginas, R$ 39,90) Um dia, os pássaros deixam de cantar, os gatos já não miam, e as vacas se recusam a dar leite. O livro fala do impacto dos humanos sobre a natureza.

Além da Chuva

(Michel Gorski e Fernando Vilela, editora FTD, 48 páginas, R$ 49) A história de quatro amigos que, depois de um dia chuvoso, se reúnem para pensar nos danos causados pelas enchentes e em outros transtornos decorrentes das chuvas. Eles tentam criar soluções para reutilizar a água pluvial e ajudar o solo a absorvê-la melhor.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança