Descrição de chapéu Livros

Pai da literatura infantil lançou em 1744 livro com título quilométrico por apenas R$ 20

No Dia Internacional do Livro Infantil, saiba como o inglês John Newbery influenciou a arte de fazer obras para crianças

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SÃO PAULO, SP, BRASIL, 29.07.2021 - Pé de Livro, livraria dedicada apenas a títulos infanto-juvenis, fica no bairro da Pompéia, zona oeste de SP. Na foto, estantes da livraria Mathilde Missioneiro/Folhapress

São Paulo

Nesta terça (2), se comemora o Dia Internacional do Livro Infantil. Muitos estudiosos da literatura gostam de perguntar a si mesmos e às outras pessoas o que define um livro para crianças e por que ele é diferente dos livros para adultos —em resumo, eles questionam se gente grande também não pode ler e gostar daquelas obras que ficam na seção infantil das livrarias.

Há quem diga que, para ser voltado aos pequenos, os livros devem ter ilustrações, mas há livros de adultos que também têm desenhos, e livros infantis que são feitos só de texto. E a ideia de que são sempre histórias felizes? Os clássicos e tristes "Meu Pé de Laranja Lima" e "A Extraordinária Jornada de Edward Tulane" são a prova de que isso não é verdade. E para você, o que define um livro infantil?

Fac-símile de edição do 'Contos ou Histórias dos Tempos Idos', mais conhecido como 'Contos da Mamãe Gansa', de Charles Perrault ('Tales of Mother Goose', no original) - University of California Libraries

Enquanto os livros para adultos são classificados pela linguagem que têm (poesia ou prosa) e pelo assunto que tratam (policial, romance etc), os livros infantis são a única arte que é definida pelo tipo de pessoa que quer conquistar, ou seja, as crianças. Este pensamento é de uma das maiores especialistas brasileiras em literatura infantojuvenil, a professora Regina Zilberman.

A professora também gosta de lembrar que nas sociedades antigas não havia "infância". Não que as pessoas já nascessem grandes, mas é que as crianças daquele momento do mundo trabalhavam e viviam junto com os adultos, sem separação. A partir do século 18, diz a especialista, é que se começa a ver que os pequenos são seres ainda se preparando para ser grandes.

A literatura infantojuvenil nasce nesse contexto. Primeiro, com o papel de educar as crianças e de apresentar a elas um mundo com filtros, sem mostrar verdades que podem ser difíceis de encarar. Com o tempo, estes livros vão sendo reconhecidos como arte, assim como se faz com os livros para gente grande.

No ano 2000, o jornal americano The New York Times inaugurou uma nova categoria na sua famosa lista de livros mais vendidos, publicada desde 1931: os infantojuvenis mais vendidos. Tudo isso porque os livros da série "Harry Potter" estavam no topo da lista principal havia semanas, e as editoras que publicavam livros para adultos estavam achando aquilo tudo muito injusto.

Falando de um passado ainda mais remoto, um dos livros para crianças mais antigos de que se tem notícia é o "Contos da Mamãe Gansa", de Charles Perrault ("Tales of Mother Goose", no original), também conhecido como "Contos ou Histórias dos Tempos Idos". Ele é dos anos 1690.

Nessa mesma época, viveu um homem que é considerado o "pai da literatura infantil", o inglês John Newbery. Essa fama vem porque John publicou muitas obras que fizeram desse tipo de arte algo que podia gerar dinheiro. Seu nome foi dado a uma medalha que existe até hoje (a Newberry Medal), e que todos os anos é entregue às pessoas que contribuem para a literatura infantil.

O primeiro livro para crianças que ele publicou, em 1744, tinha um título quilométrico: "A Little Pretty Pocket-Book, Intended for the Amusement of Little Master Tommy and Pretty Miss Polly with Two Letters from Jack the Giant Killer" (Um Livrinho de Bolso Destinado à Diversão do Pequeno Mestre Tommy e da Bela Senhorita Polly com Duas Cartas de Jack, o Assassino de Gigantes, em tradução livre, ufa).

'A Little Pretty Pocket-Book, Intended for the Amusement of Little Master Tommy and Pretty Miss Polly with Two Letters from Jack the Giant Killer', um dos livros infantis mais antigos da história, publicado em 1744 - Divulgação

O livro era colorido e custava cerca de US$ 4,50 (pouco mais de R$ 20), o que era um valor considerado acessível naquela época.

Filho de um fazendeiro, John foi autodidata e adorava ler. Ele escreveu, editou e publicou jornais e livros para adultos, e teve um segundo emprego vendendo remédios para tratar vacas e pessoas. Em 1743, se mudou do interior para a capital, Londres, e no ano seguinte começou a trabalhar como editor.

John publicou cerca de 500 livros ao longo de sua vida —destes, estima-se que uma centena sejam livros para crianças. Ele morreu em 22 de dezembro de 1767, em sua casa, na Inglaterra.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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