Descrição de chapéu animais

Conheça os mamíferos que, ao contrário dos coelhinhos, realmente botam ovos

Ornitorrinco e équidna apresentam reprodução ovípara, com filhotes que 'começam' no útero da mãe e nascem de ovinhos

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São Paulo

Quem é especialista em Páscoa sabe: é o Coelhinho quem entrega os ovos de chocolate para as crianças, ainda que seus métodos não sejam 100% conhecidos. Não há por exemplo registros de alguém que tenha efetivamente visto este coelho fabricando, transportando ou deixando estes presentes. Mas isso não é de forma alguma motivo para se duvidar da sua existência.

Alguns adultos são mais difíceis de ser convencidos. Um dado que eles sempre apontam é o de que coelhos são mamíferos, e mamíferos não botam ovos. Se você tem um adulto desses em casa, este texto vai ajudá-lo a argumentar. Comece dizendo que coelhos realmente não põem ovos, mas que há dois mamíferos que fazem isso.

Ornitorrinco, mamífero nativo da Austrália - Reuters

"Estamos falando do ornitorrinco e da équidna, que apresentam a reprodução chamada de ovípara. O desenvolvimento do filhote é iniciado no útero, dentro do corpo da fêmea, mas, para completar suas estruturas, forma-se uma casca protetora (o ovo), e o desenvolvimento segue externamente", afirma Louise Schiatti, bióloga e educadora ambiental, fundadora do GBioTra.

O ornitorrinco tem um bico que mais parece coisa de pato. É que, como eles são animais semi aquáticos, ou seja, que vivem entre a terra e a água, eles precisam de adaptações do corpo para fazer melhor coisas como se locomover e se alimentar.

Ornitorrinco e Coelhinho da Páscoa em desenho para colorir da Folhinha - Paulo Márcio Esper/Grupo BioTrabalho

"Essa 'boca' prolongada que forma o bico é o que permite a ele se alimentar no fundo dos rios, lagos e lagoas. A boca tem várias terminações nervosas que ajudam o ornitorrinco a encontrar o alimento, já que, ao nadar, ele fica de olhos fechados", explica Louise.

Para que o ornitorrinco nade melhor, suas patas da frente têm membranas entre os dedos, e ele tem uma cauda parecida com a do castor. Os pelos ajudam a controlar a temperatura do corpo.

Por mais que vivam também debaixo d'água, os ornitorrincos não sabem respirar lá —eles têm pulmões e precisam vir à superfície para que o ar entre pelas suas narinas e eles respirem como nós, seres humanos.

As fêmeas costumam colocar dois ovos depois de acasalar com os machos. Cerca de dez a 12 dias depois, os filhotes estão prontos para nascer. "Os ovos colocados são parecidos com os ovos de répteis, pegajosos com uma casca que parece um couro. Para romper essa casca, o filhote utiliza os dentes que depois deixam de existir", conta Louise.

Eles são mamíferos, ou seja, mamam. Só que isso acontece de um jeito curioso. "As fêmeas não possuem mamilos para o filhote fazer a sucção, e sua boca também não seria capaz de se alimentar dessa forma. Por isso, o leite sai por pequenos poros e escorre em seu abdômen para que o filhote fique lambendo", diz a bióloga.

Quando já são capazes de procurar alimento, eles passam a comer larvas, pequenos crustáceos, anfíbios, anelídeos, entre outros pequenos animais. "Ele vai acumulando esses animais junto à areia. Ela ajuda na mastigação, para triturar o alimento, já que os adultos não têm mais dentes."

Infelizmente, não há ornitorrincos no Brasil. Eles são animais típicos da Austrália, onde vivem soltos na natureza.

A équidna é outro mamífero que bota ovos. Os cientistas achavam que ele pudesse estar extinto, mas no final de 2023 indivíduos dessa espécie foram avistados na Indonésia. "Por ser um animal terrestre, as adaptações encontradas nesses indivíduos são para oferecer proteção e auxiliar no encontro dos seus alimentos", diz Louise.

O corpo da équidna é coberto de espinhos, formados a partir dos pelos com queratina mais densa. Ela também tem patas com garras afiadas, que auxiliam nas escavações. A fêmea coloca apenas um ovo, que não vai para um ninho, como com os ornitorrincos.

"Ele fica dentro de uma pequena 'bolsinha' formada nesse período reprodutivo em seu abdômen, estrutura semelhante ao marsúpio dos gambás, cangurus e coalas, que são mamíferos que fazem parte da ordem dos marsupiais", explica a bióloga.

"A amamentação dos seus filhotes é semelhante ao ornitorrinco, pois também não possuem mamilos e o leite escorre na mãe enquanto o filhote lambe para se alimentar. E eles não são chocólatras, como nós nessa época do ano", brinca Louise.

"Eles preferem os cupins e formigas, que são capturados com a sua língua comprida e pegajosa, prática alimentar semelhante aos nossos tamanduás."

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