Estrutura das rodas-gigantes é tipo a da roda de bicicleta, diz engenheiro; saiba como elas funcionam

Folhinha visita a Roda Rico, com cabines pet friendly e equipadas com bluetooth para tocar música no passeio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Não importa o tamanho, as rodas-gigantes vão sempre funcionar de modo muito parecido entre elas: um grande círculo de metal, fixado de alguma forma ao chão, com cabines em que as pessoas se sentam para aproveitar o passeio impulsionado por um motor. O que muda, no geral, é o espaço disponível para a roda-gigante, que depende basicamente da altura e da capacidade que ela vai ter.

Roda Rico, instalada no parque Villa Lobos, em São Paulo - Divulgação

"Estruturalmente, a roda-gigante é como uma roda de bicicleta", compara o engenheiro Paulo de Mattos Pimenta, professor do departamento de engenharia de estruturas da Escola Politécnica (Poli), da USP (Universidade de São Paulo).

Para que a roda-gigante fique retinha, equilibrada, sem tombar para o lado, Paulo explica que o aro (círculo maior) dela é comprimido pelos raios, que são tracionados ("puxados"). "É uma estrutura muito leve e autoequilibrada", afirma.

E, para que ela não se solte e saia rodando pelas ruas, a roda-gigante tem seu eixo apoiado em uma estrutura parecida com uma peça chamada cavalete, que é um tipo de suporte vertical —pergunte a um adulto se na sua casa há alguma mesa apoiada em cavaletes para visualizar melhor o conceito.

"Essa estrutura parecida com o cavalete impede que ela se solte. E o cavalete suporta apenas o peso da roda e o peso variável das pessoas", explica Paulo Pimenta.

Desde 2022, funciona no parque Cândido Portinari Villa Lobos, na zona oeste de São Paulo, uma roda-gigante de 91 metros de altura —é a mais alta até hoje da América Latina.

A Roda Rico é montada sobre uma base de concreto que fica no subsolo, à qual ela é fortemente fixada.

Quem explica é o engenheiro Francisco Donatiello Neto, um dos responsáveis pela roda-gigante do parque. Ele conta que ela é feita de aço e foi fabricada na China, com equipamentos vindos também de outros países.

"Como se trata de um equipamento de grande porte, ela só pode ser transportada em partes", diz Francisco. "Para transportá-la, são muitos contêineres de peças e materiais. Ela veio para o Brasil por navio, e posteriormente por transporte terrestre, com caminhões e contêineres."

Todas as rodas-gigantes precisam de um motor para funcionar. No caso da Roda Rico, são necessários 16 motores. Junto com eles, há dispositivos chamados de inversores, que controlam a velocidade e coisas como aceleração e frenagem. Ela roda a cerca de 3 km/h a 5 km/h, bem devagarinho.

O professor da USP Paulo Pimenta lembra que as rodas-gigantes de antigamente —e algumas de parques de diversão menores também— não tinham cabines para passageiros, apenas bancos. Na Cidade da Criança, por exemplo, em São Bernardo do Campo (SP), o lugar para quem passeia na roda é um tipo de cestinho com teto, mas aberto.

"Na Roda Rico, as cabines são fixadas por mancais [dispositivos fixos onde se apoia um eixo girante, deslizante ou oscilante]", afirma o engenheiro Francisco. "Mas também tem um cabo de aço interno que sustenta a cabine mesmo em caso de quebra dos mancais."

"Esta roda-gigante é um equipamento que possui em todos os seus pontos críticos sistemas redundantes, ou seja, há sempre além do sistema principal, um segundo que o substitui em caso de alguma necessidade."

No caso de falta de energia, como tem acontecido em boa parte da cidade de São Paulo nos últimos dias, um gerador entra em ação automaticamente. E, caso o gerador também apresente problemas, um no break consegue garantir que todos os passageiros desembarquem em segurança.

Como é andar na roda-gigante do Villa Lobos

A Folhinha visitou a Roda Rico no fim de tarde do último domingo (17), depois de um dia de calor forte. Algumas nuvens escuras davam a impressão de que uma chuvarada se aproximava, e a equipe que cuida do passeio garantiu que ele aconteceria sem riscos mesmo assim.

Para quem vai de carro, há um estacionamento bem próximo à roda. A caminhada até a área onde ela está instalada é tranquila, passando por algumas pistas de skate do parque. Chegando mais perto, os visitantes podem comprar guloseimas e bebidas nas barracas antes de ir para a fila, onde uma senha será entregue.

Basta aguardar a chamada do número nos painéis eletrônicos e entrar no cercadinho que leva ao embarque —no dia da visita, a espera foi rápida, de menos de dez minutos. Antes de entrar nas cabines, o público é convidado a posar para uma foto, que será vendida no final do trajeto.

A Roda Rico é pet friendly, e por isso a cachorra Nina, 8 anos, pôde fazer seu primeiro passeio numa roda-gigante - Marcella Franco/Folhapress

São 42 cabines com capacidade para até oito passageiros ou 600 kg. Elas têm ar-condicionado, luzes de LED personalizáveis, monitoramento por câmeras e interfone. O ar é bem gelado, então aos friorentos é recomendado levar um casaquinho. Um sistema de bluetooth permite colocar música, e tem gente que aproveita para dançar.

A chuva que parecia próxima acabou caindo só mais longe do parque, na Serra da Cantareira, e a roda-gigante é tão alta que deu para assistir à água caindo à distância, de um jeito bonito que quem mora na cidade grande nunca tem chance de ver.

Como o passeio leva de 25 a 30 minutos, dá tempo de prestar atenção aos detalhes. A gente vê o carrossel do Villa Lobos lá embaixo, o orquidário, as pessoas caminhando. Também vê o fluxo do rio Pinheiros, que naquele dia corria ligeiro. As construções, helicópteros, muitos carros na Marginal.

A Roda Rico é pet friendly. Por causa disso, a cachorra Nina, 8 anos, teve a sorte de pela primeira vez na vida passear de roda-gigante. Depois de alguns minutos na cabine, ela se deitou no chão e chegou a cochilar. Só acordou lá no topo, quando uma das engrenagens fez um barulho agudo que durou toda a descida. Nada, no entanto, que tenha estragado a impressão positiva da Nina e da família dela.

Roda Rico

  • Quando O funcionamento muda a cada mês. Em março, de ter. a sex., das 12h às 19h. Sáb., dom. e feriados, das 10h às 19h
  • Onde Av. Queiroz Filho, 1365 - Vila Hamburguesa, São Paulo
  • Preço Ingressos via Sympla ou na bilheteria do local. Ingressos de R$ 39,50 a R$ 79 (meia e inteira individuais, respectivamente) a R$ 690 (cabine completa com bebida)

DEIXA QUE EU LEIO SOZINHO

Ofereça este texto para uma criança praticar a leitura autônoma

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.