Descrição de chapéu São Paulo Enel

'Nunca faltou energia aqui desse jeito', diz funcionário que trabalha no Copan há 17 anos

Edifício ficou sem energia desde a noite de quinta-feira e a luz só voltou parcialmente às 16h30 desta sexta; região central sofre efeito de apagões desde segunda (18)

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São Paulo

O icônico edifício Copan, na região central de São Paulo, ficou sem energia elétrica desde a noite de quinta-feira (21). Moradores relataram à Folha que a Enel deu previsão de resolver o problema até a meia-noite de quinta. Mas a luz só começou a voltar por volta das 16h30 desta sexta (22), segundo administração do prédio, e mesmo assim parcialmente, pois havia oscilação uma hora depois.

O assistente administrativo Valdemir Almeida, que trabalha no edifício há 17 anos, diz que nunca viveu essa situação.

"Nunca faltou energia desse jeito. A Enel diz que vai voltar, mas nunca volta. Só previsão furada. Só um elevador de cada um dos seis blocos funciona. E as lojas ficaram todas fechadas", lamentou no fim da manhã desta sexta.

São João às escuras na noite de quinta-feira (21) - Otavio Valle - 21.mar.2024/Folhapress

O corretor de seguros Gabriel Marino, também morador do Copan, trabalha em casa e não sabia o que fazer.

"Eu estou trabalhando usando a bateria que tem no meu notebook e roteando a internet do meu celular, só que isso não vai durar muito tempo. Eu não posso nem ir trabalhar presencialmente, porque a empresa, que é na frente do meu prédio, também está sem luz. Então, não sei o que eu vou fazer", disse.

Ir para um shopping ou espaço compartilhado não era opção, de acordo com Marino, por causa do barulho.

"Eu trabalho ligando para as pessoas, então, eu preciso de um lugar silencioso. Não consigo ir para um lugar um pouco mais movimentado porque pode atrapalhar o meu trabalho. Então, hoje vai ser um dia basicamente perdido", completou.

Por volta das 12h nesta sexta, clientes do restaurante Varanda, no Copan, serviam-se à luz de velas no buffet. Os funcionários só puderam abrir as portas pois a comida é mantida quente nas bandejas metálicas com fogo e álcool, mas não havia refrigeração e foi necessário comprar carregamentos de gelo para esfriar as bebidas.

Apenas parte dos estabelecimentos comerciais e dos serviços do edifícios funcionavam a base de geradores a diesel. A administração conseguiu manter metade dos elevadores funcionando e algumas luzes do térreo acesas. Havia cafés, lojas e padarias fechadas, após cerca de 18h de apagão.

Salão escuro, velas apoiadas em pratos em um aparador de vidro, que está em cima de bandejas com comida; ao fundo é possível ver garrafas de um bar e uma janela iluminada, mostrando que é dia
Restaurante no edifício Copan, no centro de São Paulo, serve almoço à luz de velas durante apagão que já durava cerca de 18 horas - Folhapress

O Varanda, no entanto, estava sem qualquer energia e os clientes passavam calor no salão por causa da falta de ar condicionado. Um funcionário e um gerente do restaurante, que pediram para não ser identificados pela reportagem, disseram que o estabelecimento perdeu 95% das vendas do período noturno na quinta-feira (21) —um prejuízo de aproximadamente R$ 2.850.

A previsão era de um dia de baixíssimo movimento para os serviços de alimentação no local, mesmo para aqueles que conseguiram abrir as portas, já que muitos funcionários de escritórios da região foram dispensados do trabalho devido à falta de energia.

O Copan tem 1.160 apartamentos, divididos em seis blocos, e cerca de 70 estabelecimentos comerciais, de acordo com prefeitura.

A livraria Megafauna, que fica na galeria do edifício, precisou cancelar o lançamento do livro "Arte à mesa: diálogos entre arte e comida na América Latina", organizado por Fernando Ticoulat e João Paulo Siqueira Lopes.

Além do Copan, bairros como República, Bela Vista e Santa Cecília voltaram a ficar às escuras na noite desta quinta-feira (21). Diversos eventos foram cancelados e restaurantes deixaram de atender os clientes no jantar.

Muitos imóveis que enfrentam falta de energia e instabilidade no fornecimento desde segunda-feira (18) voltaram a ficar sem luz.

Segundo a Enel, 97% dos clientes impactados pela queda de energia nas regiões de Santa Cecília e República, onde fica o Copan, tiveram o serviço normalizado às 16h desta sexta.

Em nota, a distribuidora de energia afirmou que às 18h cerca de 600 clientes estavam sem energia após ocorrências que afetaram a rede subterrânea nesta semana e a empresa estava mobilizando geradores para atende-los.

"Os circuitos que foram impactados localizam-se nas regiões de Higienópolis, Santa Cecília e 25 de Março", afirmou a distribuidora.

Já os moradores da Vila Paim, na Bela Vista, voltaram a ter o reabastecimento da energia, conectados na rede ou por meio de geradores.

"Cabe esclarecer que o trabalho na rede subterrânea é bastante complexo, envolve condições de temperatura e espaços confinados para acesso. Equipes da companhia seguem trabalhando nos reparos da rede para normalizar integralmente o serviço. A companhia também tem mobilizado geradores para abastecer os clientes impactados enquanto atua nos reparos na rede elétrica", disse.

Em entrevista à Folha nesta quinta, o diretor de manutenção da companhia, Darcio Dias, afirmou que a rede elétrica na região central da cidade foi recuperada apenas parcialmente desde a última segunda-feira (18) e que não há previsão para o restabelecimento pleno do fornecimento de luz.

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