Crítica cinema/romance
Contraste na iniciação sexual de personagens torna '50 Tons' belo
Empresário Oscar Maroni contesta avaliação de Barbara Gancia sobre filme
Vivo e respiro sexualidade todos os dias e, com todo respeito a Barbara Gancia, discordo da forma como ela interpretou e rotulou (avaliação "regular") a adaptação para o cinema do livro "50 Tons de Cinza" ("Ilustrada", 11/2, pág. E1).
A sua interpretação de que o filme é "sadismo politicamente correto" foi tendenciosa e, de forma irônica, até com certo ranço de moralismo, reduziu tudo a uma simplicidade fria e sem graça.
"50 Tons" é um dos livros mais lidos pelas mulheres e um dos filmes mais concorridos. Faça um teste nos horários mais nobres: salas quase que completamente lotadas diariamente. O domínio do macho alfa ainda impera em quatro paredes, me desculpem a liga das senhoras católicas e as feministas de carteirinha.
Sadismo entre um casal em que os dois consentem tem toda uma iniciação, não é só "trocar porrada".
Mas a regra única é: tem de ser respeitado o livre-arbítrio, a submissão é por opção, e no filme o personagem masculino vai levando Anastasia de uma forma gradativa a satisfazer a sua necessidade.
O ponto forte do filme é analisar a formação dos personagens, e é isso que lhe dá beleza. Christian Grey teve como mãe biológica uma prostituta viciada em crack, foi adotado por uma família rica e tradicional. A amiga da mãe adotiva o iniciou na vida sexual aos 10, de uma forma autoritária.
Anastasia Steele é virgem, de classe média, com uma mãe extremamente romântica, que se casou quatro vezes por amor. Cursa literatura na universidade e tem como modelo, no seu conceito de sexualidade, os valores românticos.
A beleza de cenas como ele tocando piano, o luxo da cobertura, as emoções do voo de planador, o prazer de dominar e de ser dominado e o choque dos valores tradicionais também fazem deste filme uma obra interessante.
Obs.: Assisti ao filme três vezes com três mulheres diferentes, com quem tenho amizade colorida. Elas não se conhecem e se lerem este texto vão saber do segredinho.
O ritual foi idêntico com as três: um jantar, onde eu comentava dos prazeres que senti ao ler o livro e que em partes me identifiquei com o Christian Grey e também com a parte romântica de Anastasia.
Após o filme, levei essas mulheres para minha cobertura, a noite foi maravilhosa, com emoções, ousadias, e o prazer de dominar e ser dominado.
Barbara Gancia, não fale de panetone ou violino se você nunca tocou um instrumento ou nunca fez um panetone.