No Maranhão, Dino cancela 400 pagamentos feitos por antecessor
Aliado de Sarney liberou R$ 50 mi nos últimos três dias de mandato
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), determinou a suspensão de 400 pagamentos --num total de R$ 50 milhões-- ordenados por seu antecessor, Arnaldo Melo (PMDB), nos três últimos dias de mandato.
Em ofício ao superintendente do Banco do Brasil no Estado, Dino alegou "possível ocorrência de ilegalidades" para pedir que a instituição cancele os repasses ordenados e enviados pelo governo nos dias 29, 30 e 31 de dezembro. Pelo menos três pagamentos foram destinados a empresas ligadas a Melo.
A equipe do novo governador pretende apurar os pagamentos um a um antes de liberá-los. A suspeita é de que recursos tenham sido liberados para contemplar aliados do grupo do senador José Sarney (PMDB-AP), que deixou o poder com a posse de Dino.
Foram identificadas, por exemplo, ordens de pagamento emitidas, nos dias 29 e 30 de dezembro a empresas de saúde ligadas à família de Arnaldo Melo. Uma delas, a Clínica do Coração Ltda., recebeu R$ 871,2 mil no dia 30. A empresa pertence a duas filhas do então governador, Nina (eleita deputada estadual em outubro passado) e Diana, e presta "serviços especializados em cardiologia e radiologia" para o Estado.
Outras duas empresas, a Clínica São Sebastião Ltda. e a Melo e Alves Ltda., receberam respectivamente R$ 111,1 mil e R$ 99,5 mil no dia 29. A primeira tem como sócias Valderes Maria Couto de Melo, mulher de Arnaldo Melo, e a filha Diana. A segunda está registrada em nome da mãe do então governador, já morta, e de um sobrinho dele.
Melo assumiu o governo após a saída de Roseana Sarney (PMDB), em 10 de dezembro. A Folha não conseguiu localizá-lo para comentar a suspensão dos pagamentos.