Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
03/05/2012 - 07h42

Escultor britânico Antony Gormley ganha 1ª mostra no Brasil

Publicidade

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

O premiado escultor britânico Antony Gormley, 61, fará sua primeira grande exposição individual no Brasil a partir da semana que vem.

Ele diz estar animado com o retorno ao país, origem de artistas que admira e que influenciaram seu trabalho.

Afirma ter aprendido com Lygia Clark, Hélio Oiticica e Cildo Meireles a importância da dimensão social da arte. "Eles me mostraram a real compreensão das questões globais, aliada à celebração da situação particular do Brasil", disse à Folha, em seu ateliê, no centro de Londres.

Gormley vê em Clark ideias que também explora: "O envolvimento do corpo em seu trabalho, o potencial da obra de arte de unir as pessoas de uma forma muito lírica".

O artista estará em cartaz em São Paulo com duas exposições. A maior delas, "Corpos Presentes - Still Being", acontece no CCBB a partir do dia 12 e é vista por Gormley como uma ampla retrospectiva de sua obra.

A segunda reúne trabalhos inéditos em mostra num prédio no Ibirapuera, promovida pela famosa galeria londrina White Cube.

Stephen White/Divulgação
A obra "Loss" (2006), do escultor Antony Gormley, feita com blocos de aço inoxidável
A obra "Loss" (2006), do escultor Antony Gormley, feita com blocos de aço inoxidável

Em seu ateliê, maquetes do prédio do CCBB e de seus vários pisos mostram os planos do artista para a exposição.

Em outra sala, cartazes defendem o fim da prisão domiciliar do chinês Ai Weiwei.

"Acho Ai Weiwei um exemplo maravilhoso de luta nas redes sociais. Mas nós, que não vivemos na China, temos outras batalhas a combater, como a privatização do espaço público. Eles ainda são realmente espaços abertos? A arte é um espaço aberto e pode produzir outros."

O escultor acredita que a arte é um espaço valioso na sociedade contemporânea. "Num tempo em que a política é claramente economia ou mídia, ou uma fusão dos dois, e em que a religião é uma história antiga, que não funciona mais, a arte é um espaço muito importante para testarmos nossas vidas individuais e coletivas", avalia.

Gormley diz que o crescente escândalo envolvendo os negócios do conglomerado de mídia de Rupert Murdoch é um perfeito exemplo do estado atual da política: "Isso não é democracia. De todo modo, Murdoch é uma coisa e espero que a arte seja algo muito diferente disso".

Conhecido por usar o próprio corpo como molde para suas esculturas, ele diz que a crise não afetou o interesse de empresas em financiar seus projetos.

A exposição no Brasil tem apoio do British Council, organização do Reino Unido para relações culturais, com quem já fez várias parcerias.

"Não me sinto comprometido por conta disso. Apesar de hoje o órgão estar mais ligado a interesses empresariais, não acho que tenha motivações políticas. O British Council oferece uma ponte cultural entre diversas nações e é importante que nossa arte seja divulgada de forma não colonial", pondera.

Ao falar sobre o atual momento da arte britânica, o artista diz que a exposição de Damien Hirst na Tate Modern é muito conservadora. "Embora seja impressionante, sinto falta do Hirst provocador, desobediente e anárquico. Ficou algo muito 'esse é o grande Damien Hirst visto por uma instituição', e Hirst é alguém que sempre questionou a autoridade das instituições", comenta Gormley.

Criador da obra "Amazonian Field" no Brasil, em Porto Velho, por conta da reunião ambiental Eco-92, ele não espera que algo positivo surja da Rio+20, em junho.

"Essas reuniões se tornaram um lugar de barganha entre Rússia, China e EUA sobre recursos naturais. A situação é muito pior e mais urgente hoje do que em 1992. Pelo menos você veio no estúdio bem no dia em que estamos instalando painéis de energia solar", brincou.

CORPOS PRESENTES
QUANDO: de 12/5 a 15/7; de ter. a dom., das 9h às 21h
ONDE: CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11/3113-3651) e vale do Anhangabaú
QUANTO: grátis

FATOS E SISTEMAS
QUANDO: dos dias 9 a 11/5, das 11h às 22h; 12 e 13/5, das 11h às 20h; 14/5, das 11h às 19h; de 15/5 a 15/7, de ter. a sáb., das 11h às 19h
ONDE: r. Agostinho Rodrigues Filho, 550, Vila Clementino
QUANTO: grátis

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página