Série Super Libris retrata pluralidade literária do país

Com a estreia de segunda temporada, programa soma 79 episódios com entrevistas de escritores

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São Paulo

Apontar um traço de identidade na literatura brasileira contemporânea não é tarefa fácil nem para quem entrevistou dezenas de autores em um período de quase cinco anos.

O país vive um "samba do crioulo doido", na definição do jornalista e cineasta José Roberto Torero. Ele dirige e roteiriza o programa "Super Libris" (na SescTV), que toda segunda-feira coloca um escritor brasileiro no centro da telinha. A direção-geral é assinada também por Ana Dip.

Com a estreia da segunda temporada, em maio, o programa vai formar um catálogo de 79 episódios. Foram 52 na primeira, incluindo entrevistas com Ruy Castro, Luis Fernando Verissimo, Ruth Rocha, Ignácio de Loyola Brandão, Ferréz, Antonio Prata, Thalita Rebouças e Xico Sá.

O escritor Luiz Vilela em entrevista ao programa Super Libris, da SescTV
Luiz Vilela, que é entrevistado na segunda temporada do programa ‘Super Libris’ - Divulgação

Nos 27 episódios da temporada em curso, há Chico Buarque, José Miguel Wisnik, Bernardo Ajzenberg, Ana Maria Machado, Paulo Lins, Cíntia Moscovich, João Paulo Cuenca, Angela Lago. Abrangem-se as produções de quadrinhos, canções, romances de gênero, histórias de amor.

Torero saiu dessa avalanche de conversas com a impressão de que, a partir dos anos 1980, com o fim do regime militar, a literatura se estilhaçou. Antes, a tônica estava no engajamento, diz, "o que é compreensível, porque vivíamos a ditadura".

Depois, passou-se a fazer, por exemplo, "o romance histórico, literatura com mais humor e obras para entretenimento", prossegue.

"Trinta e cinco anos atrás, quando entrei na faculdade de letras, a literatura de gênero era algo impensável. A gente não se permitia algo que não fosse uma investigação social ou psicológica", diz o autor de "O Chalaça", que venceu o prêmio Jabuti em 1995.

Nesta segunda, vai ao ar a entrevista com Luiz Vilela, autor de "Você Verá" (Record, 2013) e "Perdição" (Record, 2011), entre outros títulos que notabilizaram o mineiro pela condução de diálogos.

É nessa característica de Vilela que o episódio, intitulado "O Bang-Bang das Palavras", procura se aprofundar, questionando, por exemplo, "Por que o bangue-bangue verbal foi o modo de o brasileiro compor a sua escrita?".

A resposta é curta. "O brasileiro de um modo geral gosta de conversar, e isso se reflete na literatura", diz Vilela.

A questão da identidade brasileira já havia atravessado um episódio da temporada passada de "Super Libris", quando foi proposta a Eduardo Bueno, um autodeclarado admirador do cinismo.

O ceticismo veio em forma de pergunta: "Qual a reflexão que a gente tem sobre o Brasil hoje em dia? Será que é nas redes sociais, para mim desprezíveis e repugnantes redes sociais?". Bueno, por fim, conclui que o tema identitário está totalmente em baixa.


Super Libris

Episódios novos às segundas-feiras, às 21h, no SescTV . Os programas já exibidos estão disponíveis no site sesctv.org.br.

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