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Virar gente grande não é fácil. Que o diga Christopher, amigo humano inseparável do ursinho Pooh. Depois de uma infância colorida e repleta de aventuras no Bosque dos Cem Acres, o garoto come o pão que o diabo amassou no novo filme da Disney.
Internato. Morte do pai. Convocação para a guerra. Rotina massacrante numa fábrica de malas. Falta de tempo com a família. Não há alegria que resista a tanto desconsolo em "Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível".
Desbotado como muitos dias da vida adulta, o longa-metragem dirigido por Marc Forster —de "Em Busca da Terra do Nunca" (2004), "O Caçador de Pipas" (2007) e "Guerra Mundial Z" (2013)— incorpora um tom meio sombrio, coisa rara nas produções vibrantes e graciosas do estúdio.
A começar pelos bonecos. Com cara de bichos de pelúcia surrados, os personagens criados pelo escritor inglês Alan Alexander Milne ganham contornos nostálgicos e melancólicos nesse live action (interpretado por atores) que tem jeitão de película antiga.
O comedimento de cores e de meiguice também se traduz numa trama mais densa e madura, que conversa com públicos de todas as idades.
Aos pequenos, está reservado o humor doce e ingênuo do urso amarelo (voz original de Jim Cummings) e de sua turma. Pooh, Ió (Bisonho), Leitão, Tigrão e companhia se encarregam de dar leveza à atmosfera carrancuda que paira sobre a história.
Já os adultos devem se reconhecer nos dilemas de Christopher Robin (Ewan McGregor), um homem engolido pelo trabalho, negligente com a mulher (Hayley Atwell) e com a filha (Bronte Carmichael), cujas lembranças felizes da época de criança ficaram trancafiadas em algum baú inacessível da memória.
E aí entra o tal reencontro inesquecível do título em português. Passados muitos anos, Pooh surge do nada em um jardim de Londres para ajudar o amigo a redescobrir os verdadeiros valores da vida.
Não deixa de ser uma jornada batida e previsível sobre amizade, família, resgate à infância, amor etc. Mas o entorno se apresenta tão cativante que compensa qualquer clichê. Realidade e fantasia em doses equilibradas.
A fotografia e a computação gráfica impecáveis completam o cenário no qual personagens cheios de camadas nos relembram que, apesar da névoa, "Christopher Robin" tem o selo da Disney.
Um filme encantador, alheio ao excesso de barulho e de ação, que se desenrola sem pressa, no ritmo de um conto aconchegante para ser ouvido antes de dormir, no quentinho das cobertas.
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