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'Insatiable' é programa deliciosamente absurdo

Produção da Netflix conta a história de uma ex-gorda que passa a ter mais dificuldades com a vida de magra

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Debby Ryan em cena da série INSATIABLE, da Netflix
A atriz Debby Ryan como Patty Bladell, protagonista de ‘Insatiable’, série disponível na Netflix  - Tina Rowden/Netflix

Insatiable

  • Onde Disponível na Netflix

A série "Insatiable" começou a desagradar antes mesmo de ser colocada no ar. A Netflix divulgou no meio de julho um trailer com trechos da história, contada em tom de ironia, de uma colegial americana que emagrece horrores e se descobre uma menina bonita, desejada, mas ainda cheia de rancor e maus sentimentos. Parecia, no trailer, que o que ela queria era se vingar de todos que tinham feito bullying com ela na escola.

Só isso já foi suficiente para uma grita online. Hordas de pessoas ameaçavam cancelar a Netflix, denunciá-la por gordofobia e, pior de tudo, na opinião desta repórter, dizer que nada na série tinha graça.

Pois, alto lá, não é bem assim. Aliás, não é nada assim. "Insatiable" conta, sim, a história de Patty Bladell, ou Fatty Patty, seu apelido na escola. Ela sofria bullying e tinha só uma amiga no mundo, Nonnie, uma esquisitona que parece ter mais do que uma queda por Patty. E a situação que a faz emagrecer não pode ser mais politicamente incorreta.

Ela dá um soco em um sem-teto que fez piada de sua gordura num fim de noite, na calçada de uma loja de conveniência, e leva um soco de volta. Quebra o maxilar e fica três meses sem poder comer comidas sólidas. Sai do resguardo linda e magra e conhece um advogado, Bob Armstrong (Dallas Roberts), que a defende no caso e incute nela uma ideia: concursos de beleza.

Ele também é coach das candidatas, mas está sem nenhuma cliente depois de ser injustamente acusado como um abusador de menores. Bob não é abusador de ninguém. Casado com uma alpinista social, Coralee (Alyssa Milano), com um filho adolescente, Brick, por quem Patty é apaixonada na escola, ele é afeminado e afetado, fútil como poucos. É tudo muito politicamente incorreto, o que faz a série parecer algo trazido dos anos 1980 sem censura. Mas é tudo muito engraçado.

Criada por Lauren Gussis, ex-roteirista de "Dexter", "Insatiable" tem 12 episódios deliciosamente absurdos, mas todos com um pequeno problema: a duração.

Com capítulos que duram de 40 minutos a uma hora e meia —no lugar dos 22 minutos usuais das séries cômicas—, a trama às vezes fica um pouco arrastada. Personagens secundários ocupam tempo demais em cenas que deveriam ser pano de fundo para o que é o principal dessa história: Patty e suas imperfeições intrínsecas, que parecem vir à tona assim que os quilos vão embora, além de sua paixão platônica por Bob e seu filho. Bob e sua sexualidade dúbia. A paixão que Nonnie vê tomar forma conforme sua amiga conquista novos territórios na versão magra e bonita. E a vida de aparências a que todos nós sobrevivemos hoje em dia, escancarada nesse subúrbio americano.

Se esse não for seu tipo de humor, não há nenhum problema. Assista mesmo assim, porque com certeza em alguma trama você vai encontrar o seu tipo de drama.

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