Ministro da Cidadania escolhe professor como secretário de Cultura

Osmar Terra anunciou a escolha de Henrique Medeiros Pires em sua página no Twitter

Gustavo Fioratti Maria Luísa Barsanelli
São Paulo

Prestes a assumir o Ministério da Cidadania do governo Bolsonaro, Osmar Terra anunciou, na tarde desta quinta (20), o nome do futuro secretário de Cultura. 

A instituição será comandada pelo gaúcho Henrique Medeiros Pires, 56, um gestor com experiência em instituições públicas e privadas, perfil que estava sendo esperado por outros nomes do setor.

Com a extinção do Ministério da Cultura, conforme anunciado pela equipe de Jair Bolsonaro (PSL), a secretaria de Cultura será um órgão vinculado à pasta da Cidadania, assim como Esportes e Desenvolvimento Social.

Atualmente, Medeiros Pires é chefe de gabinete do Ministério do Desenvolvimento Social, pasta que Osmar Terra, também gaúcho, chefiou de maio de 2016 a abril deste ano. 

Foram anunciados, também na  tarde desta quinta (20), os secretários de Desenvolvimento Social (Lelo Coimbra) e de Esportes (Marco Aurélio Vieira). Floriano Pesaro será secretário nacional de Assistência Social, e a economista Tatiana Alvarenga, por fim, será secretária-executiva do Ministério da Cidadania. Ela também pertencia a um círculo próximo de Terra. Ocupa atualmente cargo no Ministério do Desenvolvimento Social.

Henrique Medeiros Pires, que assumirá a secretaria de Cultura na pasta da Cidadania
Henrique Medeiros Pires, que assumirá a secretaria de Cultura na pasta da Cidadania - Divulgação

Graduado em estudos sociais pelo Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, Medeiros Pires diz em seu currículo ter sido diretor do departamento de arte e cultura da instituição e atuou na criação dos cursos superiores de cinema e animação e de teatro, entre outros.

Ele se especializou em formulação de políticas públicas pela Universidade de Salamanca, na Espanha. 

Na cidade gaúcha, foi diretor do teatro Sete de Abril, um dos mais antigos do país. 

Também foi secretário de comunicação de Pelotas, entre janeiro de 2005 e fevereiro de 2006, e dirigiu o Instituto João Simões Lopes Neto, que é voltado para a difusão da obra do escritor gaúcho.

Presidente da APTR (Associação dos Produtores de Teatro), Eduardo Barata conversou com o novo secretário na última semana. “Ele está acostumado a transitar, lidar com muitas diferenças, não só na gestão estatal, mas na privada também. Está aprofundando os conhecimentos no nosso setor, estudando a Lei Rouanet, os mecanismos [de incentivo]. Vejo que ele está chegando para pacificar o setor, ele garantiu que não terá caça às bruxas”, diz o produtor.

“Entendi que a ideia é manter boa parte da estrutura do MinC, e isso é um indício bom. Eles entenderam que essa estrutura é necessária para que a secretaria funcione.”

Segundo Barata, que entregou a Terra e Pires um documento da APTR defendendo a continuidade da Rouanet e do Sistema S, alvos recorrentes nas críticas da equipe de Bolsonaro, o novo secretário “entende que a Rouanet deve contemplar mais pessoas e o Fundo Nacional de Cultura [incentivo direto] seria um dos principais mecanismos para descontigenciá-la”.

Barata se refere à concentração de aportes nas regiões Sudeste e Sul do país. Como a Rouanet subsidia projetos por isenção fiscal, a tendência é que regiões mais ricas tenham mais acesso aos recursos. A estratégia procura beneficiar pequenos produtores e artistas menos famosos. 

Alfredo Bertini, ex-secretário do audiovisual no MinC, diz que Medeiros Pires é um profissional de confiança do ministro Terra. “Tem trânsito político e capacidade de diálogo. Sei disso porque temos muitos amigos comuns.”

Ex-ministro da Cultura do governo Temer, Marcelo Calero (PPS), eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, diz que o novo secretário é “um profissional equilibrado” e muito próximo ao ministro Terra. Calero avalia a escolha de Terra como “excelente”. 

Ao assumir, Terra disse em entrevista à Folha não conhecer nada de cultura. “Só toco berimbau”, afirmou ele.

A Folha procurou Medeiros Pires, mas a assessoria de imprensa do Ministério da Cidadania disse que o novo secretário não dará entrevistas até janeiro do próximo ano. 

Desenvolvimento Social e Esportes

Lelo Coimbra, nomeado para a secretaria de Desenvolvimento Social, é deputado federal eleito pelo Espírito Santo —nas eleições deste ano, recebeu cerca de 52 mil votos, mas não conseguiu a reeleição.

Médico sanitarista, o futuro secretário foi também deputado estadual, secretário de Saúde de Vitória e secretário de Educação do Espírito Santo. Atualmente é líder da maioria na Câmara.

Já o general Marco Aurélio Vieira, que chefiará a secretaria de Esportes, exerceu o cargo de diretor-executivo do Comitê Organizador da Rio-2016. 

O militar é mais um nome ligado às Forças Armadas no governo Bolsonaro, que conta com generais na Vice-Presidência e em pastas como Defesa, Secretaria de Governo e Gabinete de Segurança Institucional.

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