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'Dez Argumentos para Você Deletar Agora suas Redes Sociais' cumpre o prometido

Com obra fácil de ler, cientista conta como sistema amplia agressividade, com posts que irritam e causam discussão

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Dez Argumentos para Você Deletar Agora suas Redes Sociais

  • Preço R$ 34,90 (192 págs.) e R$ 22,90 (ebook)
  • Autor Jaron Lanier
  • Editora Intrínseca
  • Tradução Bruno Casotti

O extenso título "Dez Argumentos para Você Deletar Agora suas Redes Sociais" é autoexplicativo e o livro do americano Jaron Lanier cumpre o que promete. Traz uma dezena de boas razões para que você se livre de suas contas para conquistar e —para citar Walter Franco— manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.

É uma obra fácil de ler. Cada argumento tem dez ou 20 páginas e a edição, em formato de bolso, facilita o manuseio. Para compreender o que ela entrega, nada melhor do que reproduzir seu índice logo de cara (atenção aos argumentos 3 e 7):

1) Você está perdendo seu livre-arbítrio; 2) Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos tempos; 3) As redes estão tornando você um babaca; 4) Elas minam a verdade; 5) Transformam o que você diz em algo sem sentido; 6) Destroem sua capacidade de empatia; 7) Deixam você infeliz; 8) Não querem que você tenha dignidade econômica; 9) Tornam a política impossível; 10) Odeiam sua alma.

TED Conferences, LLC
O cientista Jaron Lanier, autor de 'Dez Argumentos para Você Deletar Agora suas Redes Sociais' - Bret Hartman/TED

Apesar de dividido em dez argumentos, uma ideia central perpassa todo o livro: a de que grandes empresas como Facebook (que controla ainda o Instagram e o WhatsApp) e Google (dona do Gmail e YouTube), que não cobram nada por seus serviços, têm um funcionamento que muda nosso comportamento para pior. As outras três grandes, Amazon, Apple e Microsoft também fariam isso, mas em menor escala que as duas primeiras.

Essas empresas são chamadas por Lanier de bummers, iniciais em inglês para Comportamentos de Usuários Modificados e Transformados em um Império para Alugar. A forma como essa máquina opera são os algoritmos que estudam nossas ações por meios estatísticos e, num segundo momento, atuam para obter os efeitos desejados de maior engajamento, visando o lucro.

(A essa altura, acende a luz da possibilidade de estarmos diante de uma teoria conspiratória. Mas vale dizer que Lanier é um cientista respeitado nos Estados Unidos, com atuação no Vale do Silício desde os anos 1980 e que já trabalhou em algumas dessas firmas.)

Um exemplo: o algoritmo do Facebook percebeu que posts que causam irritação atraem mais discussão. Por isso, ele joga na sua linha do tempo propositadamente comentários aleatórios causando agitação. Assim que ele reconhece que tipos de posts, e de quem, fazem você subir pelas paredes, está feita a receita para que você não desgrude do aplicativo.

Não que a máquina seja criada para o mal. Trata-se apenas do nosso comportamento humano, demasiado humano. Se reagíssemos com maior engajamento a vídeos de gatinhos, o algoritmo despejaria conteúdos semelhantes. Acontece que, em um caso desses, o normal é mandar só um "que lindo", e pronto.

Já no caso de um argumento de um político de direita, se o usuário da rede social for de esquerda, vai gerar comentários e reposts. E amigos destes dois usuários entram nas discussões e os xingamentos de estendem por horas.

Esse sistema acaba deixando os dois lados agressivos e tudo aquilo de bom que você achava que aconteceria quando o mundo estivesse conectado vai para o ralo.

A partir daí, Lanier se aprofunda em cada aspecto dessas consequências, dos sentimentos pessoais às mudanças na política e economia mundial. O cientista lembra que há coisas boas nas redes, que uniram pessoas que de outra forma jamais se encontrariam.

Mas conclui que, enquanto a busca automática por maior engajamento estiver no cerne dos algoritmos, o preço que estamos pagando é alto demais. Apesar de o cadastro nesses serviços ser de graça.

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