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Cinema

'Máquinas Mortais' tem pior roteiro pós-apocalíptico já escrito

Filme tinha o mais difícil: uma boa ideia; mas a história que se segue é mal feita e construída

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Máquinas Mortais (Mortal Engines)

  • Classificação 14 anos
  • Elenco Hera Hilmer, Robert Sheeran, Hugo Weaving
  • Produção Nova Zelândia, Estados Unidos, 2018
  • Direção Christian Rivers

“Máquinas Mortais” parte de uma ideia divertida e original: num futuro pós-apocalíptico (ok, nada de criativo aqui), as pessoas moram em monstruosas metrópoles móveis, sobre rodas, como se fossem monstruosos tanques que singram a paisagem devastada em busca de cidades menores para devorá-las.

O butim, de metal e mantimentos, permite que as maiores cidades se mantenham, à custa das pequenas, numa espécie de darwinismo municipal.

A ideia é do autor e ilustrador infantil inglês Philip Reeve, que se aventurou na ficção científica entre 2001 e 2006 e lançou quatro livros com o conceito das “cidades-tração”.

A tetralogia foi publicada no Brasil pela editora Novo Século há alguns anos e, agora, a Harper Collins relança o primeiro volume (320 págs. R$ 44,90). A editora publicará o segundo título neste semestre.

Os efeitos especiais da equipe do produtor Peter Jackson (“O Senhor dos Anéis” e “King Kong”) são legais, com muita maquinaria, roldanas, engrenagens e ferrugem. As megacidades de metal, como Londres, enchem a tela com suas entranhas de fornalha.

E aqui, infelizmente, acabam os elogios para “Máquinas Mortais”.

Todo o resto do filme é muito ruim, mas o roteiro é um lixo indescritível. Acumula clichês, copiando sacadas de “Guerra nas Estrelas”, “Mad Max” e videogames como “Fallout”.

Não há nada que salve a história contada em “Máquinas Mortais”. Garota órfã é criada por pária e ressurge para vingar a mãe assassinada. No meio do caminho, se apaixona pelo jovem altruísta e bem-intencionado. Ambos se unem na luta contra o mal que assola a humanidade.

O que será que vai acontecer? Conseguirá o casal interromper milênios de injustiça social? O final é tão patético que dá vontade de vomitar.

É porque esperava-se um mínimo de inteligência. Mas não: as únicas pessoas que podem aproveitar algo desta obra são crianças e adolescentes que nunca viram um filme desse tipo.

A culpa é de Peter Jackson de novo —ele assina o roteiro com outros dois. Dando uma olhada na bilheterias americanas, comprova-se o fracasso: com custo de US$ 110 milhões (R$ 370 milhões), faturou US$ 16 milhões por lá em três semanas.

A direção de Christian Rivers é insossa. Segue a linha blockbuster básico, sem acrescentar ou envergonhar mais o gênero. Os atores também não pesam. O casal protagonista, Hera Hilmar e Robert Sheehan, poderia estar em qualquer seriado de segunda, mas outros jovens do elenco, como Ronan Raftery, causam constrangimento de tão péssimos. Hugo Weaving salva o vilão.

Resumindo, o filme tinha o mais difícil: uma boa ideia,. Mas a história que se segue é tão mal feita e construída que arruína qualquer possibilidade de divertimento.

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