Apesar de chegar com credenciais premiadas —melhor filme infantil pelos espectadores do Festival de Toronto e em mostra do último Festival do Rio—, “Shade – Entre Bruxas e Heróis” é uma obra sem pé nem cabeça, com um fiapo de história que se arrasta por uma hora e meia com um péssimo ator como protagonista.
O filme é descrito como “um retrato da perseverança e da aceitação, e de como a amizade pode levar à descoberta da força interior”. Mas tudo isso tem apenas uma razão: o personagem principal, o garoto Jovan (Mihaljo Milavic), tem paralisia nas pernas e mal consegue se movimentar sozinho.
Talvez o diretor, o estreante Rasko Miljkovic, considere que, em tempos de politicamente correto, isso seja o suficiente para criar empatia e fazer um filme bacana e sensível.
Ele até mandou uma frase edificante no anúncio para a imprensa: “Espero que os espectadores olhem ao redor e prestem atenção nos que se esforçam em procurar um lugar no mundo, assim como nós, mas são marginalizados”.
Jovan, no entanto, é um menino muito chato. Chora com a mãe porque vai ser obrigado a dividir a carteira na escola (que é dupla, para dois alunos), só reclama na hora de fazer exercícios, deixa a melhor amiga na mão na hora H.
Importante dizer que nada disso acontece como recurso cômico, mas pela pobreza do roteiro. A história se passa em Belgrado, onde Jovan vai à escola e sofre bullying de valentões. Eis que chega uma nova colega, Milica (Silma Mahmuti), logo tachada de caipira pela molecada pentelha. Os dois se aproximam e viram amigos.
Milica tem um problema familiar. Seu pai abandonou sua mãe, e ela está crente que a intrusa é uma bruxa. Só enfeitiçado por um ente diabólico o papai teria trocado de mamãe. Os amigos resolvem, então, matar a mulher. E seguem, inacreditavelmente, para a casa dela com uma agulha para enfiar em sua medula.
Será que o plano dará certo? Será a amante do papai uma bruxa maligna? Sobreviverão os pivetes a tal aventura?
Tudo isso, leitor, num cinema próximo de você.
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