Sites criam pontes entre colecionador, artista e galeria

Lançadas recentemente, plataformas prestam serviços de pré-venda e venda online de obras com valores variados

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Gravura de Kleber Ventura
Gravura de Kleber Ventura exibida pelo site Laart - Divulgação
São Paulo

​Três sites surgidos nos últimos meses procuram conectar novos colecionadores a artistas e galeristas. O ArtSoul e o Laart, baseados em São Paulo, e o Artrio.com, do Rio de Janeiro, chegam ao mercado funcionando como galerias de arte online.

A ideia, dizem seus sócios, é desmistificar o meio para quem está começando a investir em obras de arte e também abrir um canal de negócios com aqueles que se intimidam em entrar no gélido ambiente das galerias.

Carla Loureiro, uma das sócias do ArtSoul —www.artsoul.com.br—, explica que criou o portal diante das dificuldades que um leigo encontra ao tentar adquirir uma obra: “Há uma demanda de tempo, de logística, e também questões de como chegar na galeria e o que há de informação disponível na internet sobre os trabalhos à venda naquela galeria”.

 

O ArtSoul não vende as obras pela internet, mas atua como um intermediário entre os interessados e os marchands, que registram seus acervos no site. Funciona da seguinte forma: o comprador marca seu interesse por um dos trabalhos disponíveis online e então agenda um horário para ser atendido pelo galerista responsável pela obra. O interessado já chega à galeria sabendo quanto vai pagar.

Há 37 galerias cadastradas, de vários estados —São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Vitória—, incluindo as poderosas Mendes Wood e Bolsa de Arte. O foco do site, que só trabalha com o mercado primário (sem revendas) é arte contemporânea brasileira.

Já o Laart —laart.art.br— comercializa gravuras de artistas brasileiros e latinos em tiragens que vão de 80 a 300 exemplares, sempre assinadas. É o braço virtual da galeria Papel Assinado, que atua há 40 anos no mercado, e conta com o acervo de 20 mil itens de Pedro Paulo Mendes, dono da Papel.

Tem para todos os bolsos. Quem navega no Laart encontra desde uma serigrafia de Kleber Ventura que reproduz o avião 14 Bis por R$ 520 até um astronauta de estética pop de Claudio Tozzi por R$ 13 mil.

“Com a internet, as pessoas estão indo pouco às galerias. Esses lugares agora são muito mais vazios, mas ainda assim têm um custo alto para que a estrutura seja mantida, e este custo é repassado para o valor das obras”, afirma Tomás Cunzolo Jr., diretor da Laart.

Ele conta que o volume de vendas ainda é pequeno, mas que tem vendido peças caras para o exterior. Além disso, afirma que “a ideia de vender online é também atingir o público ‘millennial’”.

Por fim, a feira ArtRio lançou seu site de vendas junto à última edição do evento, no final de setembro. O Artrio.com — artrio.art.br/marketplace— comercializa as obras expostas nos estandes da feira e só podem anunciar os galeristas que alugam espaços no evento. 

Brenda Valansi, a presidente da feira, afirma que “o site veio para desmistificar os valores das obras de arte porque tem muita gente que pode, sim, comprar, mas não compra porque não pergunta nem o preço”. A página comercializa diversas técnicas —pintura, fotografia, escultura, desenho—, com obras que custam até R$ 50 mil.

Se vender arte pela internet de fato torna os preços mais transparentes, uma iniciativa bem-vinda em um cenário com intimidadores cubos brancos onde o valor de uma obra raramente está afixado na parede junto a ela, por outro lado é sintomático que tais sites venham à tona simultaneamente, em um momento de crise econômica e mudanças políticas internas.

Vista como ativo, a arte é uma tábua de salvação —e de investimento— no ano em que o dólar atingiu a sua maior cotação desde o início do Plano Real. 

Esta não é a primeira vez que lojas on-line surgem com o propósito de levar a arte para um maior número de pessoas. Em 2014, as galerias virtuais Conectearte, Turn to Art e DemocrArt atuavam com o mesmo objetivo. Só a DemocrArt, a mais antiga delas, ainda tem página ativa.

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