Filme sobre mulher ciborgue baseado em mangá foi projeto pós-Titanic de Cameron

'Alita: Anjo de Combate', de Robert Rodriguez, é visão violenta de um futuro segregante

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menina robô

Cena do filme 'Alita: Anjo de Combate' Divulgação

São Paulo

Afinal quem é Alita? A Fox investiu por volta de US$ 200 milhões na resposta. Adaptação do cultuado mangá criado por Yukito Kishiro nos anos 1990, “Alita: Anjo de Combate” é a ciborgue dos olhos do bilionário diretor James Cameron, que assina a produção do blockbuster lançado nesta quinta (14) em 943 salas brasileiras.

No século 26, a população da Terra está dividida em duas partes: a maioria vive subjugada numa violenta metrópole decadente comandada por ciborgues policiais. Enquanto uma ínfima porção privilegiada vive na luxuosa Zalem, a cidade das nuvens.

É quando dr. Ido, especialista cibernético, encontra nos escombros de um lixão o crânio adormecido de uma jovem ciborgue: Alita. Ao revivê-la com partes de outros ciborgues, mas mantendo seu cérebro intacto, Ido percebe que a garota tem espírito questionador e habilidades de combate fora do comum —atributos que podem mudar a ordem das coisas.

No mangá, Alita descobre peças do seu passado cada vez que destroça os membros dos seus inimigos. Obviamente, na adaptação do cinema, a violência crua foi atenuada. O sangue nas lutas jorra com menos intensidade e é azul. O autor não vê problemas: “O filme capturou o espírito do livro”, diz Kishiro em entrevista à Folha.

O quadrinista japonês conta que criou o universo cyberpunk de Alita inspirado nas longas expedições de infância conduzidas pelo seu pai nos ferros-velhos de Chiba, no Japão. A personagem surgiu de supetão enquanto ele revisitava essas memórias. 

Kishiro conta que a inspiração para o desenho de Alita foi um ciborgue de brinquedo da série GI Joe que era transparente e tinha suas partes internas visíveis.

A adaptação do mangá surfa a onda do maior protagonismo feminino na ficção científica, mas, ironicamente, Kishiro diz nunca ter pensado em levantar essa bandeira quando criou a obra.

Muito menos, diz, que o avanço da tecnologia em recriar partes robóticas do corpo humano seria corriqueiro. “Talvez eu tenha especulado, mas não escrevi Alita pensando no futuro real.”

A ideia de adaptar para o cinema a jornada da guerreira robótica que luta contra a opressão em (mais) um futuro distópico, surgiu em 2003, quando Cameron anunciou que este seria seu projeto pós-Titanic. 

O cineasta passou anos desenvolvendo uma nova técnica de captura de movimentos para o filme, mas em 2009 resolveu empregá-la no megahit Avatar” (2009). 

Basta folhear as páginas do mangá de Yukito para perceber que metade do trabalho de Rodriguez já estava feito. Publicado originalmente na revista japonesa “Business Jump” entre 1990 e 1995, “Battle Angel Alita” é um banquete visual repleto de extrema violência e que pinta uma visão sombria do futuro da humanidade.

O bastão da direção foi passado para Robert Rodriguez, famoso por sua expertise em adaptar quadrinhos para o cinema (ele assinou "Sin City", excelente transposição do romance gráfico de Frank Miller para as telonas).

Sobre trabalhar em cima de um roteiro de Cameron, Rodriguez foi sucinto em entrevista à revista Empire: “O melhor estágio de todos os tempos”.

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