Afinal quem é Alita? A Fox investiu por volta de US$ 200 milhões na resposta. Adaptação do cultuado mangá criado por Yukito Kishiro nos anos 1990, “Alita: Anjo de Combate” é a ciborgue dos olhos do bilionário diretor James Cameron, que assina a produção do blockbuster lançado nesta quinta (14) em 943 salas brasileiras.
No século 26, a população da Terra está dividida em duas partes: a maioria vive subjugada numa violenta metrópole decadente comandada por ciborgues policiais. Enquanto uma ínfima porção privilegiada vive na luxuosa Zalem, a cidade das nuvens.
É quando dr. Ido, especialista cibernético, encontra nos escombros de um lixão o crânio adormecido de uma jovem ciborgue: Alita. Ao revivê-la com partes de outros ciborgues, mas mantendo seu cérebro intacto, Ido percebe que a garota tem espírito questionador e habilidades de combate fora do comum —atributos que podem mudar a ordem das coisas.
No mangá, Alita descobre peças do seu passado cada vez que destroça os membros dos seus inimigos. Obviamente, na adaptação do cinema, a violência crua foi atenuada. O sangue nas lutas jorra com menos intensidade e é azul. O autor não vê problemas: “O filme capturou o espírito do livro”, diz Kishiro em entrevista à Folha.
O quadrinista japonês conta que criou o universo cyberpunk de Alita inspirado nas longas expedições de infância conduzidas pelo seu pai nos ferros-velhos de Chiba, no Japão. A personagem surgiu de supetão enquanto ele revisitava essas memórias.
Kishiro conta que a inspiração para o desenho de Alita foi um ciborgue de brinquedo da série GI Joe que era transparente e tinha suas partes internas visíveis.
A adaptação do mangá surfa a onda do maior protagonismo feminino na ficção científica, mas, ironicamente, Kishiro diz nunca ter pensado em levantar essa bandeira quando criou a obra.
Muito menos, diz, que o avanço da tecnologia em recriar partes robóticas do corpo humano seria corriqueiro. “Talvez eu tenha especulado, mas não escrevi Alita pensando no futuro real.”
A ideia de adaptar para o cinema a jornada da guerreira robótica que luta contra a opressão em (mais) um futuro distópico, surgiu em 2003, quando Cameron anunciou que este seria seu projeto pós-Titanic.
O cineasta passou anos desenvolvendo uma nova técnica de captura de movimentos para o filme, mas em 2009 resolveu empregá-la no megahit “Avatar” (2009).
O bastão da direção foi passado para Robert Rodriguez, famoso por sua expertise em adaptar quadrinhos para o cinema (ele assinou "Sin City", excelente transposição do romance gráfico de Frank Miller para as telonas).
Sobre trabalhar em cima de um roteiro de Cameron, Rodriguez foi sucinto em entrevista à revista Empire: “O melhor estágio de todos os tempos”.
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